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Pratini reclama das super-tributações para exportar

Principal conferencista no último dia do Seminário Internacional de Infra-Estrutural Multimodal, promovido pelo governo de Mato Grosso e Sebrae/MT, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e ex-ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, declarou “guerra” contra os países que impõem taxações abusivas aos produtos primários brasileiros, como a madeira e a carne.

O Brasil exporta carne atualmente para 143 países e só no ano passado o volume dos negócios chegou a US$ 2,5 bilhões, garantindo ao país a liderança nas exportações pelo segundo ano consecutivo.

“Mas os exportadores brasileiros vivem em polvorosa porque a carne chega ao mercado externo com uma tributação de até 176%. Enquanto isso, os carros de luxo importados chegam ao nosso país pagando apenas 35%. É uma distorção que precisamos corrigir urgentemente”, afirmou Pratini.

O ex-ministro, que falou sobre o potencial de incremento do comércio interregional do Mercosul, Chile e países andinos a partir da hidrovia Paraná-Paraguai e da rodovia Mato Grosso-Bolívia, disse que o Brasil não pode suportar essa situação, para ele, fruto da incompetência dos governos passados. “A história do Brasil no comércio internacional é uma história de concessões. Chegou a hora de colocarmos um basta nisso”, acrescentou o ministro, para em seguida afirmar que o governo brasileiro tem que ter mais firmeza nessa questão. “Ou lutamos por uma imediata redução nas taxações e exigimos um tratamento mais justo, ou a nossa balança (comercial) vai para o beleléu”, sentenciou.

Pratini enumerou os desafios que o país terá pela frente se quiser ganhar maior competitividade no mercado internacional. “O primeiro deles é o relacionado à logística (transporte, infra-estrutura), que todos já conhecem e que foi amplamente debatido neste seminário. O segundo desafio é o marketing dos nossos produtos no mercado externo”.

Na avaliação do presidente da Abiec, Mato Grosso, por sua posição estratégica, tem grandes vantagens comparativas e competitivas em relação a outras regiões. “Os produtores mato-grossenses têm condições de ser altamente competitivos no mercado internacional com a força do agronegócio sustentada principalmente nas comodities agrícolas, como a soja, o algodão e a carne”.

Ele ressaltou que, apesar de o estado ter o maior rebanho bovino do país (cerca de 23 milhões de cabeças), sua participação ainda é pequena. “É preciso fazer a padronização da qualidade e oferta de produtos conforme as exigências e demandas do mercado”, recomendou.

Burocracia

Sobre os entraves burocráticos, Pratini citou outros desafios que o Brasil tem a superar para fazer frente aos mercados estrangeiros na exportação de produtos para países como Chile, Peru, Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai. “O acesso mais amplo a esses mercados só é possível com a padronização de qualidade, conforme a demanda de mercado, negociações comerciais firmes, acordos de tributação, crédito e financiamentos viáveis e, por fim, um marketing consolidado, que possibilite agregar valores aos produtos”, analisou.

Considerando esses desafios, o ex-ministro avalia que é possível Mato Grosso, pela proximidade com a região, atingir plenamente mercados como a Bolívia, que somente no ano passado importou mais de US$ 713 milhões em produtos, em sua maioria manufaturados, do Brasil ou do Uruguai, que importa do território brasileiro cerca de US$ 500 milhões em produtos que vão de veículos a plásticos, ferro, aço, borracha e café, enquanto que o Brasil ainda importa de lá matérias-primas básicas para a indústria alimentícia.

Fonte: Diário de Cuiabá/MT (por Marcondes Maciel), adaptado por Equipe BeefPoint

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