De acordo com a Instrução Normativa nº 88, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a partir do dia 15 de março, todo bovino abatido para exportação deve estar rastreado e devidamente cadastrado há, pelo menos, 40 dias no Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). Desde julho passado, a quarentena já é exigida para as exportações para a União Européia (UE) e agora passa a valer também para os chamados Países de Lista Geral.
O único problema é que continua pífia a adesão dos pecuaristas ao sistema. Em Goiás, de um rebanho de 20 milhões de bovinos, apenas 2,3 milhões de animais estão rastreados, conforme informação do Mapa. Segundo técnicos do setor, esse número é insuficiente para manter o ritmo atual das exportações, que saltaram de US$ 68 milhões em 2003, para US$ 109 milhões no ano passado.
“Estamos preocupados, pois a certificação é um processo mundial irreversível, mas pelo visto o nosso pecuarista ainda não se deu conta dessa nova realidade”, constatou o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado de Goiás (Sindicarne), José Magno Pato.
Segundo ele, não se trata mais de discutir se o Sisbov é bom, pois foi discutido com toda a cadeia produtiva da carne, que o aprovou. “Agora é aceitá-lo e tentar aperfeiçoá-lo no decorrer do tempo, ou mudar de atividade, pois esse é um caminho sem volta para qualquer país que queira exportar”.
Adesão
A gerente de operações da empresa certificadora Planejar Processamento de Dados, zootecnista Ludmila Paiva, confirmou que a adesão dos pecuaristas goianos ao sistema é considerada baixa, tendo em vista a proximidade dos prazos limites.
Desde 2002 a empresa rastreou apenas 1,09 milhão de bovinos em Goiás, 78,75 mil deles em janeiro passado. Ludmila destacou que as próprias entidades da cadeia produtiva da carne se descuidaram de divulgar com maior insistência os prazos da rastreabilidade para os pecuaristas.
Para ela, do baixo índice de cadastramento de animais no Sisbov, tanto em Goiás como no país, poderá advir pelo menos duas conseqüências negativas para o setor. De um lado, os frigoríficos terão dificuldades para encontrar bois rastreados em quantidade suficiente para cumprir seus contratos de exportação, e de outro, o excesso na oferta de animais não-rastreados poderá resultar em queda dos preços da arroba no mercado interno.
Magno Pato concorda com o argumento e disse que não basta mais o discurso fácil de que temos a melhor carne do mundo, que produzimos boi a pasto. “Os mercados mundiais não querem mais só conversa, querem exemplos práticos sobre a importância que damos à qualidade dos nossos produtos e uma das formas que temos para demonstrar isso na cadeia da carne, é rastreando nossos rebanhos”.
Segundo ele, o setor não pode se deixar levar pela euforia do vertiginoso crescimento recente das suas exportações, devido mais a uma conjunção de fatores favoráveis, do que propriamente ao rigor profissional da cadeia produtiva.
Fonte: O Popular/GO (por Edimilson Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint