Fechamento 11:59 – 10/01/02
10 de janeiro de 2002
Brasil pretende duplicar comércio com Rússia
14 de janeiro de 2002

Precisamos aumentar e manter a credibilidade da carne bovina brasileira

Em nosso último comentário sobre o que o Brasil fez no ano de 2001 para se consolidar como um exportador tradicional de carne bovina e ocupar novos nichos de mercado, chamamos a atenção para o nosso atraso na definição do programa de identificação e rastreabilidade na cadeia da carne bovina.

Notícias veiculadas no BeefPoint tem informado sobre a “novela” que está sendo a definição e publicação das normas referentes ao Sistema Brasileiro de Cadastro e Identificação de Animais. A última notícia é que o programa foi finalmente lançado no dia 09/01/02 através de instrução normativa com o nome de Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). Embora ainda não tivemos a oportunidade de ler a referida instrução (não conseguimos acessá-la através do site do Ministério da Agricultura até o dia 10/01/02), achamos que, independentemente do conhecimento dessa instrução normativa, os produtores interessados que ainda não tomaram a iniciativa de identificação individual de seus animais, deveriam agir o quanto antes por pelo menos duas razões: ela será indispensável para o cadastro dos animais; ela independe da definição e regulamentação de qualquer sistema que vier a ser aprovado. Com essa atitude, os produtores estarão aptos a cumprir sua parte quando as normas para importação de carne bovina pelos países europeus e outros forem de fato exigidas.

Um outro ponto mencionado no último comentário que merece algumas considerações é a criação da marca “Brazilian Beef”. No nosso ponto de vista, a marca não deve ficar restrita a raças e sistemas de produção. Ela deve estar associada à garantia das informações que estão no rótulo das embalagens e à possibilidade de comprovação (rastreamento) dessas informações. Sendo mais direto, ela tem que inspirar credibilidade. Questões como raças, sistemas de produção, tipos de produtos, etc, devem constar dos rótulos e servir de orientação para clientes de diferentes nichos de mercado. Como dissemos em comentários anteriores, o Brasil é um dos poucos países do mundo que tem condições de produzir carne bovina para os mais variados nichos de mercado. Tem clima para criação das mais diferentes raças e seus cruzamentos, e tecnologia para adotar qualquer sistema de produção necessário para produzir carne bovina com as mais variadas características, desde a carne magra até a marmorizada, para atender os mais variados paladares.

Embora tenha sido um avanço significativo a criação do sistema de tipificação de carcaças bovinas oficialmente em uso, como também dissemos em comentários anteriores, ele é bastante limitado. Primeiro, a idade limite para o tipo considerado de melhor qualidade é muito alta. A especificação quatro dentes pode significar animais acima de 3 anos para algumas raças. Portanto, como indicação de maturidade, dois dentes deveria ser o limite máximo para classificação de carcaças no tipo considerado de melhor qualidade. Um aspecto importantíssimo que precisa ficar bem definido na reformulação do sistema de tipificação de carcaças bovinas é o relacionado ao acabamento. No presente sistema só a cobertura de gordura está incluída, não se fazendo nenhuma referência a marmoreio. No nosso entender, esse parâmetro é muito importante porque servirá para classificar carcaças para clientes de diferentes nichos de mercado. É de conhecimento geral que existem clientes para cortes com alto, médio, baixo e desprovido de marmoreio. Porque não tirar proveito dessas características do mercado? Ainda relacionado com o acabamento, no sistema atual o excesso de gordura de cobertura (acima de 10 mm) é usado como fator de desclassificação de carcaças. Embora em termos de rendimento de cortes para consumo isso seja válido, em termos de qualidade (suculência e sabor principalmente) está mais do que comprovado que o contrário seria mais verdadeiro.

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