Depois de um pico de preço que chegou até a R$ 60,00, a arroba do boi gordo entrou em declínio e fechou a semana ao redor dos R$ 56,00, na região de Goiânia. O fato assustou os pecuaristas, que esperavam alguma alta nas cotações, ou na pior das hipóteses, a estabilização dos preços. Expectativa que se fundamentava no fato de que, historicamente, o mês de dezembro registra elevada média de consumo de carne em todo o País.
Para o coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, o recuo nos preços foi fruto de uma jogada de mercado dos frigoríficos, que alardearam a existência de uma elevada oferta de animais para abate, quando na verdade, apenas não havia escassez. “Infelizmente, mais uma vez o nosso pecuarista entrou no jogo dos frigoríficos e disponibilizou seus estoques de bois, assegurando a queda de preços pretendida pela indústria”, diz Nogueira, que acredita no retorno da arroba a R$ 60,00 nos próximos dez dias.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes (Sindicarne), José Magno Pato, não concorda que houve manipulação do mercado. De acordo com ele, os preços da arroba do boi cederam porque o consumidor não assimilou a alta das últimas semanas e restringiu a demanda. O presidente do Sindicarne explica, por outro lado, que a boa oferta de animais para abate se deve a dois fatores básicos: a falta de pasto e a boa relação de troca boi gordo/bezerro. “O pecuarista sabe melhor que ninguém que é mais interessante para ele vender o boi pela cotação atual e comprar dois bezerros para reposição, do que vender a R$ 60,00 a arroba e comprar um único bezerro por R$ 400,00, como tudo indica que acontecerá quando as pastagens se recuperarem”, diz.
O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Maurício Faria, admite que a reposição de bezerros está bastante favorável, mas aponta outro fator que pressiona o pecuarista a descartar seus estoques de boi: as despesas de fim de ano com férias e 13o salário dos funcionários, além dos acertos de praxe com fornecedores.
Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint