As previsões futuras para o preço da arroba divergem em valor, mas são unânimes em que a alta é iminente. O término dos animais confinados e a falta de animais de pasto deverão convergir para a alta do boi.
Segundo o analista de mercado da FNP Consultoria de São Paulo, SP, Geide Figueireido JR., o atraso das chuvas este ano deverá ser o principal causador da alta que deverá ocorrer na segunda quinzena de novembro. “Sobrou um vazio entre a oferta de animais de confinamento, que praticamente acabaram, e os animais de pasto, que tiveram seu ganho de peso atrasado, decorrente da falta de chuvas”.
A não realização do segundo turno nos confinamentos, por pecuaristas descontentes com o valor da arroba e a falta de investimento dos invernistas em fertilização de pastagens, devido à baixa rentabilidade da atividade também são fatores apontados pelo analista para a diminuição da oferta de animais.
Figueiredo argumenta que os frigoríficos estão fazendo de tudo para segurar o preço da arroba no estado de São Paulo. Segundo ele, uma alta em São Paulo significaria alta da arroba em todo o país . “Os frigoríficos estão trazendo muito gado de fora do estado. A maioria vem do Triângulo Mineiro e da região de Goiânia. Antes a defasagem do valor da arroba entre esses estados e São Paulo era de R$ 2,00 a R$ 3,00, hoje não passa de R$ 1,00. Isto demostra o aquecimento do mercado”.
Atualmente a arroba é cotada pela FNP em R$ 63,00 em São Paulo. “Acredito que a arroba vá a R$ 65,00 no final de novembro e alcance R$ 68,00 ainda este ano. Em janeiro o mercado será firme e a partir de fevereiro deve andar de lado, com poucas oscilações de preço até abril, quando começa a entressafra.”
Fabiano Tito Rosa da, Scot Consultoria, de Bebedouro, SP, também tem a mesma expectativa de alta, mas não acredita que a arroba passe de R$ 66,00 em São Paulo. “Estão apregoando na BM&F hoje o equivalente a R$ 67,30, a prazo, para fevereiro. Acho este valor meio elevado. Os frigoríficos terão grande dificuldade para comprar boi entre o final de novembro até 20 de dezembro, quando começam as festas. Em janeiro já deve começar a entrar um pouco de boi de pasto, mas o mercado deve se manter estável. Em fevereiro começa novamente a pressão dos frigoríficos”, explica o analista da Scot.
Hélio Micheloni, broker da corretora Hencorp Commcor de São Paulo, SP, prefere não falar em números, mas estabelece um cenário de alta. Segundo Micheloni, a pecuária está vivendo um ciclo de baixa há algum tempo, e esse ciclo poderá se inverter no começo de 2005.
“No ano 2000 a arroba teve um preço médio de US$ 22,5, em 2004 a arroba teve preço médio de US$ 20,00. A arroba está barata em dólar. Se a economia melhorar como alguns indicadores estão sinalizando, nosso maior mercado, que é o interno, irá puxar o consumo. Nós nos consolidamos como exportadores, estamos vendendo para 140 países. Fechamos agora um acordo com a China, e temos chance de começar a exportar carne in natura para os Estados Unidos em 2005. Poderemos ter uma pecuária mais remuneradora, trabalhando com valores mais altos em dólar”, acredita Micheloni, que completa: “Se ocorrer a inversão de ciclo poderemos entrar em plena safra com alta de preços”.
Fonte: Equipe BeefPoint