O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Maurício Faria, faz um apelo para que os pecuaristas goianos segurem ao máximo a oferta de boi gordo, tendo em vista a perspectiva de melhores preços nos próximos dias, como conseqüência da elevação do dólar. Ele argumenta que a cotação do boi em dólar chegou a um dos patamares mais baixos de que se tem notícia nesse período do ano (U$ 14,76), o que faz supor uma imediata reação do mercado. Maurício Faria lembra que em junho passado o pecuarista estava recebendo o equivalente a 20 dólares pela arroba do boi gordo.
Para o dirigente, houve uma elevada desova de estoques nos últimos 30 dias, devido à antecipação da estiagem no Estado, o que exige dos pecuaristas uma atitude consciente no controle da oferta. “Se o País continua aumentando suas exportações de carne bovina e o mercado interno se mantém equilibrado, não há justificativa para que o preço da arroba continue nos atuais R$ 40,00, apesar da forte desvalorização da nossa moeda frente ao dólar”, diz, argumentando que a carne é uma commodity e como tal, tem sua cotação referenciada na moeda americana.
Demanda
O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes (Sindicarne), José Magno Pato, admite que a cotação do boi gordo em dólar está baixa, mas argumenta que essa relação não deve ser tomada como um referencial constante. “Na época da paridade dólar/real, por exemplo, a arroba do boi gordo era comercializada a 25 dólares e nem por isso o mercado se desestabilizou”, diz. Segundo ele, o preço do boi não está melhor porque o mercado interno está exaurido e o externo não é comprador, devido aos altos estoques de carne bovina existentes na Europa.
Para Magno Pato, ao analisar o mercado do boi gordo no Brasil é preciso levar em conta que nos últimos cinco anos a produção de carne passou de pouco mais de quatro milhões de toneladas para 7 milhões. “As exportações não cresceram tanto quanto se esperava e o consumo interno, embora tenha passado 13 quilos per capita no governo Collor para quase 40 quilos atualmente, não foi suficiente para evitar os excedentes de produção”, diz o presidente do Sindicarne.
Magno Pato afirma, também, que os frigoríficos não estão lucrando com a valorização do dólar frente ao real, tendo em vista que os importadores, caprichosamente, fazem a deflação. Segundo ele, no ano passado Israel comprava o dianteiro desossado a 2.400 dólares, agora só paga 1.400 dólares e a Rússia paga menos ainda: 1.200 dólares. “Estamos colocando filé mignon na Europa a seis dólares o quilo, o que representa pouco mais do preço vigente no próprio mercado interno”, argumenta Magno Pato.
Fonte: O Popular/GO, adaptado por Equipe BeefPoint