O mercado físico do boi gordo foi marcado por expressivas altas de preço nesta quinta-feira (10/10), em meio a um cenário de escassez na oferta de gado pronto para abate. Em São Paulo, todas as categorias de bovinos mensuradas pela Scot Consultoria tiveram ganhos. O preço avançou R$ 10 por arroba a prazo, para R$ 295 por arroba, em Barretos (SP) e Araçatuba (SP), praças de referência no mercado.
O “boi China”, animal com características específicas para produção de carne que será exportada para o mercado chinês, aumentou R$ 5 por arroba, para R$ 295 por arroba. Com isso, não há mais incremento de preço (prêmio) em relação ao valor do gado convencional.
As fêmeas também subiram R$ 5 por arroba, com a vaca gorda cotada a R$ 265 por arroba e a novilha em R$ 280 por arroba, conforme dados da Scot. “No Estado, há registros de negociações em R$ 300 por arroba, porém com poucos negócios”, afirma a consultoria em nota.
A escassez na oferta de gado tem expectativa de melhora apenas para o início do próximo mês, com a chegada da boiada de cocho, terminada em confinamento. “Os frigoríficos que atendem à demanda interna estão funcionando com escalas reduzidas, o suficiente para atender às necessidades do mercado”, acrescenta a Scot.
No mercado paranaense, a arroba bovina atingiu em outubro o valor máximo de 2024: R$ 294,20, segundo boletim divulgado pelo Departamento de Economia Rural do Estado (Deral). Nos oito primeiros dias do mês, o boi gordo acumula valorização de 7,24%.
“A diminuição na oferta de animais prontos para o abate, influenciada pela deterioração da qualidade das pastagens em boa parte do país impulsionou a cotação da arroba bovina”, explica o Deral. A avaliação dos pesquisadores é de que o cenário macroeconômico e perspectiva de menor produção continue dando sustentação aos preços no médio prazo.
No varejo, o Deral verificou alta em praticamente todos os cortes bovinos. Os mais populares, como a carne moída, a paleta com osso e o patinho, foram os que mais subiram em comparação com o mesmo período no ano passado: 9,23%, 7,64%, 7,03% e 11,01%, respectivamente.
“A constante desvalorização do real, a menor oferta de animais aos abatedouros e a expectativa de menor produção devido ao maior abate de fêmeas nos últimos anos pode elevar mais uma vez o preço da carne no mercado interno no médio prazo”, explica o Deral em nota.
As exportações brasileiras de carne bovina in natura seguem aquecidas, contribuindo para manter o movimento de alta dos preços no mercado interno. De janeiro a setembro, o volume total embarcado pelo Brasil cresceu 30% frente a igual intervalo de 2023, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Na ponta da oferta de gado, o instituto também ressalta a restrição de animais prontos para abate. “O tempo seco e a falta de pasto vêm interferindo no ganho de peso dos animais de pasto, que não atingem o peso necessário para o abate. Já os bois de cocho que estão começando a sair neste segundo semestre, na maioria dos casos, estão reservados nas escalas de frigoríficos”, disseram os pesquisadores do Cepea em nota.
Fonte: Globo Rural.