A onda de calor no Hemisfério Norte está tendo um efeito benéfico para os produtores brasileiros de milho. O clima reduz as perspectivas de produção do cereal nos EUA e União Européia e a demanda pelo produto nacional cresce.
O recente relatório do dia 12 do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) dá a medida do estrago produzido pelo clima. Nos EUA, a projeção de safra foi revista para 255,65 milhões de toneladas, 5,22 milhões abaixo da estimativa de julho, ou seja, os maiores exportadores mundiais do cereal terão menos excedentes de produção.
Mas o estrago foi maior na UE, que teve reduzida para 34,5 milhões de toneladas a estimativa de produção. Em julho, a projeção era de 40 milhões de toneladas. O resultado foi um repentino aumento da demanda por milho brasileiro, elevando os preços no Porto de Paranaguá (PR).
No dia 21, a saca foi vendida por R$ 19, o maior preço em mais de 60 dias. A alta chegou também ao mercado atacado nas regiões produtoras. “Só no último mês o preço do mercado de lotes do milho subiu 13% no Paraná”, disse o analista da Organização de Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio Turra.
A alta, inesperada, ocorre quando está em curso a maior produção de milho de segunda safra da história do País. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral) do PR, mostram que 62% da colheita do cereal já havia sido concluída até o dia 18. A safra paranaense é estimada em 5,1 milhões de toneladas. “O agricultor está capitalizado e a pressão de oferta na entrada da safra não ocorreu como se esperava”, avaliou Turra. “Além disso, o dólar vem subindo e saltou de R$ 2,85, em julho, para o patamar atual de R$ 3”.
Turra afirmou, contudo, que a demanda internacional está puxando os preços. “Está havendo alta em dólar e o milho está se movendo para o porto, onde cerca de 80% dos caminhões estão carregados”.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Renato Stancato), adaptado por Equipe BeefPoint