Os preços do milho em 2003 deverão ter uma grande influência no mercado pecuário da América do Norte. Analistas de mercado antecipam que a colheita de 32,37 milhões de hectares e sob condições normais de produção, poderia ultrapassar nove bilhões de bushels. Entretanto, se a seca continuar, o preço do milho poderá disparar e afetar de forma adversa as margens da indústria de alimentos dos animais.
“Se não tivermos umidade, os preços do milho poderão ser decisivos nos preços dos bovinos e novilhos neste ano”, disse o analista da Cattlefax – companhia que analisa mercados industriais norte-americanos -, Duane Lenz. “Preste atenção em seu gerenciamento de riscos de grãos. Esta situação poderá ser muito importante no próximo ano”, disse Lenz em uma reunião anual da Associação de Criadores de Bovinos de Alberta ocorrida em primeiro de março em Banff, Canadá.
A volatilidade do mercado de milho, a mudança da taxa da moeda, as ameaças de guerra no Golfo Pérsico e os riscos de doenças animais nos países estrangeiros criam incertezas nos mercados de alimentos.
“Pense nisso quando for fixar um preço e comprar bovinos no futuro”, alertou a analista do Canfax – grupo canadense de analistas de mercado -, Anne Dunford.
A indústria de carne bovina está apresentando padrões que não denotam sinais de expansão. O rebanho bovino norte-americano, incluindo o rebanho leiteiro, é de 96,11 milhões de cabeças, menos que os níveis de 1996, que era de 103 milhões de cabeças.
Os estoques permanecem inalterados há vários anos à medida que os produtores da região oeste do Canadá e dos Estados Unidos passam por uma situação de seca, preços baixos e rígidas regulamentações ambientais.
“Nós não estamos tendo uma expansão como a que está havendo em outros ciclos”, disse Lenz. Um grande número de novilhas continua indo ao mercado, mais do que ficando como estoques de cria. Esta é uma tendência pouco comum porque a redução do rebanho é normalmente ligada a abates de vacas grandes. Lenz disse que isso leva ao questionamento da idade total dos rebanhos bovinos.
A criação de bezerros norte-americana em 2002 foi a menor desde a década de cinqüenta.Cerca de 42,1 milhões de vacas desmamaram 38 milhões de bezerros. Ele espera uma modesta fase de expansão durante os próximos cinco anos, com um adicional de um milhão de cabeças ao rebanho.
Os dados canadenses refletem as tendências dos EUA. O censo feito em janeiro pela Statistics Canada registrou 13,4 milhões de cabeças, com maiores reduções ocorrendo nas categorias de novilhas e novilhos. Esta diminuição foi principalmente associada à seca de Alberta, onde o período de engorda começou no verão e as vacas foram transportadas para os verdes pastos da Província de Columbia Britânica, Saskatchewan e Manitoba. O rebanho bovino de Alberta caiu 6%, mas o reabastecimento está previsto para logo que a seca abrandar.
Além disso, também no Canadá, uma alta porcentagem de fêmeas jovens foi colocada no mercado. “Desde 1996, nós colocamos grandes quantidade de novilhas para engorda. Em 2001 e 2002, a grande colocação das novilhas (no mercado) foi relacionada à seca”, disse Dunford.
Um menor número de animais de criação significa um menor fornecimento de bezerros. Isto tem reduzido o número de animais para engorda em ambos os países da região e, conseqüentemente, levado a um menor abate. “Nós devemos reduzir ainda mais até que tenhamos novas criações. É improvável que isto se modifique agora”, disse Dunford.
Entretanto, o menor abate não se traduz em menos volume de carne bovina devido ao maior peso das carcaças que chegam às indústrias. Os EUA produziram um volume recorde de 12,3 bilhões de quilos de carne bovina no ano passado, mas Lenz prevê que este volume deverá cair para 11,9 bilhões em 2003. Somado à produção de carne suína e de aves, os EUA produziram o volume recorde de 36,3 bilhões de quilos de carnes no ano passado.
O Canadá produziu 1,6 bilhão de quilos de carne bovina, um dado próximo ao recorde de 2001.
Fonte: The Western Producer (por Barbara Duckworth), adaptado por Equipe BeefPoint