Em abril, pecuaristas continuaram tentando restringir as ofertas de boi e vaca, especialmente no estado de São Paulo, mas as condições climáticas dificultaram essa retenção em larga escala. Com as ofertas ainda elevadas em algumas praças, as cotações seguiram em queda. O Indicador ESALQ/BM&F (estado de SP) teve média mensal de R$ 55,40, queda de 3,1% em relação a março. Do começo de abril para o encerramento, o Indicador à vista recuou 3,8%; em Cuiabá, a diminuição foi de 5,3% e, em Campo Grande chegou a 5,8%.
Em praças onde a falta de chuva prejudicou as pastagens, as entregas foram maiores – especialmente no Mato Grosso do Sul. No final de abril, a chuva voltou em várias regiões, alimentando a expectativa de produtores de que os preços poderiam ter alguma reação. Em algumas localidades, notou realmente uma diminuição das ofertas, mas aumento de preços, propriamente, não ocorreu.
É preciso ponderar que as chuvas, insuficientes para recuperar as pastagens, coincidiram com a queda de temperatura, o que atrapalhou a intenção dos produtores de postergar as vendas. Na primeira quinzena de abril, chamou a atenção o aumento da diferença entre os preços negociados em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, bem como da aproximação entre os valores do Mato Grosso do Sul e os do Mato Grosso. Embora os preços sigam em queda desde o início do ano em todas as regiões pesquisadas, os valores nominais de São Paulo e do Mato Grosso (Cuiabá e Colider) cederam um pouco menos em comparação com o primeiro dia útil de 2005 que os valores nominais a prazo das praças do MS (Campo Grande, Dourados e Três Lagoas).
Esse comportamento dos preços mostra que, mesmo com as compras de frigoríficos paulistas efetuadas no MS nesta safra, a oferta de gado sul-mato-grossense excedeu o volume demandado, sobretudo a partir do final de março. Com a desvalorização dos preços da arroba mais acentuada no MS, os preços de Campo Grande chegaram a ficar abaixo dos praticados em Cuiabá. Do lado dos frigoríficos, o ritmo de compras também foi lento. A cautela nas negociações refletia as vendas fracas de carne no atacado e também o câmbio menos favorável à exportação. Além disso, muitos compradores aguardavam preços ainda menores para negociar, tendo em vistas as quedas seguidas dos valores da arroba.
Aspecto que poderia ter interferido de forma positiva para o aumento da demanda seria o fim do embargo da Rússia, comunicado oficialmente em abril. Apenas o Pará, o Amazonas, o Acre, Rondônia, Tocantins, Maranhão e Roraima continuaram impedidos de exportar para a Rússia, mas nem mesmo essa notícia animou o setor.
Numa análise estendida, o clima de desapontamento, especialmente entre os produtores, confirmado pelo balanço da atividade nos últimos meses, marcou o primeiro quadrimestre deste ano. Plotando as variações dos custos e do valor da arroba do boi, constata-se contínuo distanciamento das linhas, com a de custos bem acima, apontando diminuição das margens dos pecuaristas. Em nenhum momento, a variação da arroba sequer se aproximou do total acumulado dos custos.