Por Sergio Carlo Franco Morgulis1
No Brasil, a viabilidade da pecuária de bovinos de corte em regime de pastagens é dependente da suplementação mineral, devido aos baixos níveis de minerais nas pastagens, principalmente de fósforo. Calcula-se que em 2004 o consumo de suplementos minerais foi de 1.850.000 toneladas.
No entanto, o potencial de consumo do rebanho bovino brasileiro pode ser estimado em mais de 4.100.000 toneladas, podendo ser ainda maior com a utilização de suplementos minerais protéicos e suplementos minerais protéicos energéticos, particularmente durante a seca.
Após décadas de crescimento contínuo, o crescimento do consumo de suplementos minerais este ano está apresentando uma tendência de estagnação, relacionado aos preços recebidos pela atividade, bem como ao aumento relativo do preço dos suplementos.
Na produção de suplementos minerais, a principal matéria prima na formação do preço é a fonte de fósforo, sendo o fosfato bicálcico a fonte mais utilizada. Estima-se que em 2004, 677.600 toneladas de fosfato bicálcico foram destinadas à produção de suplementos minerais para bovinos. O fosfato bicálcico representa aproximadamente 65% do custo de produção de um suplemento mineral com 90 gramas de fósforo por kg.
A distância das propriedades rurais das indústrias produtoras de fosfato bicálcico e do local do local de produção do sal comum determina parte significante do frete no preço do suplemento mineral. O frete pode a representar 15% no preço pago pelo produtor de um suplemento mineral, dependendo da localização da propriedade.
Se considerarmos o consumo de suplementos minerais nas diferentes fases da produção de pecuária de corte, observamos que aproximadamente 70% do consumo concentram-se nas fases de cria e de recria de fêmeas para reposição.
Se tomarmos o preço do bezerro com base no ano de junho de 2002, em relação ao fosfato bicálcico, ao suplemento mineral com 90 g de fósforo (SM 90) e ao frete rodoviário, podemos observar acentuada queda no poder de compra do pecuarista (Gráfico 1).
Variação relativa do valor de troca do bezerro desmamado frente ao Fosfato Bicálcico, Suplemento Mineral com 90g de P(SM90) e do frete rodoviário.
Ainda observamos que os preços relativos do suplemento mineral e do fosfato bicálcico apresentam a mesma tendência, indicando que um dos principais motivos para o aumento no custo de produção dos suplementos minerais foi o aumento no preço do fosfato bicálcico.
Se fizermos a mesma comparação, utilizando agora o valor da arroba do boi, observaremos que a diminuição na capacidade de troca foi menos acentuada nos últimos 3 anos e que as maiores perdas ocorreram neste último semestre como mostra o Gráfico 2.
Observamos novamente que as relações entre o Fosfato, SM 90 mantiveram a mesma tendência observada anteriormente.
Variação relativa dos preços em US$ do Fosfato Bicálcico, Suplemento Mineral com 90g de P, do bezerro desmamado, da @ do boi e frete rodoviário
Variação relativa do valor de troca da @ do boi frente ao Fosfato Bicálcico, Suplemento Mineral com 90g de P(SM 90) e do frete rodoviário
A perda no poder de compra do pecuarista foi muito acentuada principalmente na fase de cria e a repercussão poderá ser significativa, pois além da diminuição do uso de suplementos minerais, que certamente afetará os índices de natalidade do rebanho nacional, ocorreu também um aumento no abate de matrizes.
Bibliografia consultada
Perfil da indústria de alimentação animal 2004 (Sindirações)
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1Sergio Carlo Franco Morgulis, diretor técnico da Minerthal Produtos Agropecuários Ltda
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Muito bom. Parabéns.