Mercados Futuros – 11/07/07
11 de julho de 2007
Relação de troca sobe com alta de R$ 0,23 do boi gordo
13 de julho de 2007

Preços continuam bastante estáveis e falta de gado preocupa alguns frigoríficos

O mercado do boi gordo teve uma alta bastante tímida essa semana, com o indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista cotado a R$ 60,87/@. O indicador de bezerro também teve alta, sendo cotado a R$ 432,81/cabeça e a relação de troca permaneceu estável em relação a semana passada em 1:2,32. No mercado físico mesmo com alta generalizada nos preços da arroba os frigoríficos continuam com dificuldades para comprar animais prontos para o abate e trabalham com escalas bastante curtas.

O mercado do boi gordo teve uma alta bastante tímida essa semana, com o indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista cotado a R$ 60,87/@, (+0,16%) na semana. O indicador de bezerro também teve alta, sendo cotado a R$ 432,81/cabeça, com uma valorização de 0,32%. A relação de troca continua permaneceu estável em relação a semana passada em 1:2,32, houve uma melhora de 3,11% em relação ao valor do dia 11 de junho de 2006, quando a relação de troca era de 1:2,25.

O dólar fechou outra semana em queda com desvalorização de 1,04%, valendo R$ 1,89. Com isso o preço da arroba em dólares teve outro aumento e hoje o indicador Esalq/BM&F em dólar é de US$ 32,22, registrando alta de 1,22% na última semana.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


No mercado físico, mesmo com alta generalizada nos preços da arroba os frigoríficos continuam com dificuldades para comprar animais prontos para o abate e trabalham com escalas curtas.

Escassez de gado está sendo sentida em várias regiões e os frigoríficos estão buscando animais cada vez mais longe de suas praças de atuação, o que preocupa a indústria. A falta de matéria-prima está sendo sentida de forma mais intensa no Rio Grande do Sul, onde frigoríficos já diminuiram seus abates, o boi gordo está sendo negociado R$ 2,30/kg (R$ 69,00/@) e já ocorreram negócios a R$ 75,00@, veja o artigo RS: frigoríficos pagam até R$ 75,00/@.

A dimunição no rebanho do estado gaúcho se deve principalmente ao abate indiscriminado de matrizes que ocorreu durante os anos de crise na pecuária do Rio Grande do Sul, como citado por Julio Tasch em carta enviada ao BeefPoint, onde ele demonstra sua opinião e tece comentários sobre o que está acontecendo no sul do país. Leia a carta na íntegra.

O mercado da vaca gorda também teve uma semana de negócios realizados, alta nos preços, mas também de dificuldade de compras igual ou pior ao que aconteceu com o boi. Em São Paulo, informantes de mercado do BeefPoint tem reportado que tem sido bastante difícil encontrar lotes de fêmeas para abate, principalmente lotes grandes, e quando encontrados a negociação é difícil. O BeefPoint começa a acompanhar semanalmente o mercado da vaca em diversas regiões do país, confira o primeiro artigo Alta da arroba da vaca gorda na maioria das praças.

Tabela 2. Cotações do boi gordo com variação relativa a 04/07/2007



Na BM&F a semana foi bastante agitada com alta na maioria dos contratos. O primeiro vencimento julho/07 teve variação positiva de R$ 0,48, fechando a R$ 61,70/@ em 11/07. Os vencimentos para outubro/07 tiveram alta de R$ 0,28, fechando a R$ 64,04/@, com 1.327 contratos negociados e 20.838 contratos em aberta nesta quarta-feira. A tendência para os próximos meses, entressafra, é de alterações menores com o frigoríficos segurando altas mais expressivas.

Tabela 3. Variação do mercado futuro em relação a 04/07/2007


O atacado da carne teve uma semana de grande estabilidade, com alterações apenas no preços do dianteiro (R$ 2,80), que teve uma desvalorização de R$ 0,20, enquanto traseiro (R$ 4,80) e ponta de agulha (R$ 2,60) permaneceram com preços inalterados. Assim o equivalente físico passou a valer R$ 56,01/@, recuo de 2,05% na semana, ficando o spread entre equivalente físico e indicador em 4,86.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo x equivalente físico


O mercado de reposição está bem menos aquecido do que vínhamos observando em meses passados. Segundo as informações de usuários ligados ao mercado e informantes de preços de reposição, a oferta continua pequena, mas a demanda, principalmente por bois magros para confinamentos, já começa a dar sinal de redução na maioria das regiões brasileiras.

Nesta semana muitas informações foram veiculadas na mídia a respeito da pressão que a Irlanda está fazendo sobre a UE para um embargo a carne brasileira. Os produtores irlandeses vêm insistentemente defendendo o fechamento das importações do Brasil, questionando a segurança da carne exportada para a UE. Mas o comissário de Saúde e Proteção do Consumidor da UE, Markos Kyprianou, respondeu que assume “total responsabilidade” sobre a importação da carne do Brasil, e reiterou que toma suas decisões com base em elementos de “saúde pública”, não em “considerações comerciais ou econômicas”, leia mais.

Porém é preciso lembrar que a UE exigiu que até o final do ano o Brasil cumpra as exigências estabelecidas durante a visita da missão européia em março deste ano. Nesse sentido, para tentar melhorar o sistema de rastreabilidade e agilizar os processos ligados ao Sisbov, o Mapa está estudando a transferência da gestão da BND para a iniciativa privada.

Segundo declaração do secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Márcio Portocarrero, ao Valor Econômico, “o Sisbov é muito amarrado dentro da burocracia do ministério. O setor privado tem mais agilidade e mais recursos para administrar o sistema”. Sabia mais sobre o assunto lendo as notícias: Mapa começa a transferir Sisbov à iniciativa privada e Entidades disputam administração do Sisbov.

André Camargo, Equipe BeefPoint.

Como está o mercado de reposição de sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados?

Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, abaixo.

0 Comments

  1. Eduardo Miori disse:

    O artigo mostra claramente a escalada dos preços da arroba apesar de todas as tentativas de reverter a tendência por parte dos compradores.

    A explicação do fenômeno é simples para quem atua na área:os produtores foram desestimulados por um tempo longo demais o que os levou, por exemplo, à progressiva opção pela cana de açúcar que, lamento informar, não tem volta.

    Agora os frigoríficos estão optando por confinamentos próprios para garantir a oferta de boi pronto. Só não se sabe de onde virão os bois magros e principalmente a que preço.

    Quem sabe algum dia seus estrategistas descubram os conceitos de cadeia de suprimento e fidelização de fornecedores.

    Até lá muita turbulência e pouca eficiência.

    Quem sobreviver verá.

  2. Jose Mario da Rocha Frota disse:

    Preocupados os frigoríficos e seus donos ficarão para o ano que vem, quando de fato notarem que acabou a matéria prima com a qual eles trabalham, não é um acabar zerado, mas terão de participar do mercado ao invés de ditar o mercado como até agora eles tem feito.

    O Mercado como um todo não se difere, e assim sendo o de Carne é como um ser vivo, tem vários membros, tem a cabeça representada pelos Orgãos Oficiais, que neste caso deveriam pensar no todo, o Mapa deveria ser como a glândula Pituitária, a qualquer sinal ele deveria reagir como um arco reflexo, e regularizar este sinal, será que está funcionando?

    O tronco (tórax+abdomem) seriam os produtores rurais, já os membros inferiores e superiores seriam toda a cadeia de Prestadores de Serviço (frigoríficos, fabricantes de sal e nutrição animal, indústria farmacêutica, empresas de genética e melhoramento), e neste caso o que dá para perceber é que tem membro que está crescendo mais que o corpo como um todo, e isso gera uma aberração.

    Existem horas que as aberrações são controladas pelo próprio mercado, a cabeça pensa, a Pituitária funciona, o corpo se organiza. Algumas vezes por motivos adversos, ocorrem acidentes no percurso da vida e algum membro e ou parte dele sofre um acidente, e fica perdido, desativado mas logo a cabeça consegue reorganizar e se faz uma adaptação e um membro faz a parte do outro (lembrem-se dos pintores sem mão).

    Não sei ao certo que membro é o setor de frigorífico, mas independentemente de qualquer que seja para não dar mais ou menos valor a eles, o que não se pode aceitar é que estes queiram ser o principal membro do corpo. Ele sempre fez e sempre fará parte do corpo, mas sempre irá precisar de todos os outros membros do tronco e da cabeça. Se eles pensam que ao acabar com o corpo eles assumirão esta função, a história mostra ao contrário. Aberrações morrem cedo!
    É o ciclo da vida, e tem gente que ainda se acha melhor de que outros, se esquecem que fazem parte de um só sistema. Se acabarem conosco, não terão mais de quem comprar, aliás de quem judiar, continuem conosco, nós estamos acostumados a viver sofrendo, apanhando, sendo aviltados.

    Não criem inimigos, criem sistemas interligados, não deixem que o sistema seja autofágico.