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Preços das terras agrícolas devem continuar em alta

Os preços das terras agrícolas deverão continuar em alta no país nos próximos dez anos, ainda que não na mesma toada dos últimos três. Essa foi a avaliação apresentada ontem por executivos de BrasilAgro, Granja Faria e SLC Agrícola durante evento organizado pelo banco BTG Pactual. A expectativa é que, em um futuro breve, um hectare aqui valha tanto quanto nos Estados Unidos.

“Há terras no Brasil que estão pela metade do preço dos EUA, embora tenham o dobro da capacidade de utilização e um clima que possibilita duas safras”, afirmou o presidente do conselho da Granja Faria, Ricardo Faria. “Isso deve caminhar para um equilíbrio, com um hectare em Sapezal [MT] valendo tanto quanto em Illinois, e a terra do Baixa Grande do Ribeiro [PI] equivalendo ao hectare no Vale do Mississipi”, disse ele.

Faria lembrou que terras com aptidão para agricultura são limitadas e há uma pressão contra novos desmatamentos – mesmo o legalizado. “Então, aquilo que é finito acaba sendo ainda mais disputado”.

O CEO da BrasilAgro, André Guillaumon, disse que o crescimento da população mundial, combinado ao aumento da renda per capita, deverá gerar uma demanda maior por proteína animal – o que, por sua vez, puxará os preços dos grãos para cima. “Já estamos vivendo a reprecificação dos estoques de passagem no mundo. Essa curva das commodities deverá sustentar o movimento de apreciação de terras”, afirmou.

Ivo Marcon Brum, diretor financeiro da SLC Agrícola, disse que o incremento da demanda global por alimentos vai exigir um aumento de área de plantio da ordem de 60 milhões de hectares. “E só há espaço disponível no Brasil e em alguns lugares da África. Além disso, o mercado vai ter que pagar pela correção de terras de pastagem”, observou.

Essas companhias, que juntas têm mais de 1 milhão de hectares, surfaram na valorização das terras agrícolas nos últimos anos. Ivo Marcon Brum citou que a SLC possuía, quando abriu seu capital em bolsa, em 2007, R$ 670 milhões em terras. Hoje, essas mesmas áreas valem R$ 5,3 bilhões. “Tivemos um crescimento acima da inflação, e a gente acredita que vai continuar evoluindo”.

O principal empecilho para a valorização de terras no Brasil – especialmente nas novas fronteiras agrícolas – é a falta de compromisso do poder público com o desenvolvimento do país, afirmou o presidente do conselho da Granja Faria. “Muitas vezes somos deixados sozinhos para fazer 400 quilômetros de estradas em regiões complexas, com dificuldade de levar maquinário e combustível. Falta estrutura”.

Guillaumon, da BrasilAgro, afirmou que as questões logísticas precisam ser pensadas como problema de Estado. “Vivemos de ações de curto prazo, quando precisamos ir além dos quatros anos [dos mandatos] para colocar as coisas nos trilhos”.

A SLC Agrícola conta com três fazendas no Maranhão, em lugares onde o asfalto está chegando agora, complementou Ivo Brum. Mas, segundo ele, a situação está melhorando aos poucos. Em 2014, 10% das exportações de grãos saíram pelo Arco Norte. Agora, são mais de 50%. “Tem espaço para evoluir, mas estamos chegando lá”, finalizou.

Fonte: Valor Econômico.

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