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Preços de grãos e carnes devem continuar em alta

A carne bovina será "artigo" de luxo nos próximos 10 anos. A tendência de dificuldade de oferta mundial elevará os preços do produto, "elitizando" o consumo. No Brasil, a expansão da pecuária continuará pelo Norte. As perspectivas do setor até 2017 foram divulgadas ontem pela AgraFNP, que projeta a continuidade do País na liderança mundial.

A carne bovina será “artigo” de luxo nos próximos 10 anos. A tendência de dificuldade de oferta mundial elevará os preços do produto, “elitizando” o consumo. No Brasil, a expansão da pecuária continuará pelo Norte. As perspectivas do setor até 2017 foram divulgadas ontem pela AgraFNP, que projeta a continuidade do País na liderança mundial, aumentando a participação: de 27% para 32%.

A consultoria prevê que em 2017 o rebanho brasileiro será de 183,1 milhões de bovinos. E que a região Norte será a que perderá menos terras de pastagem para os grãos: 561 mil hectares ante aos 16,6 milhões de hectares em todo o País que serão incorporados pela agricultura e reflorestamento.

Em virtude disso, a estimativa é também de preços de terras mais altos. A empresa não fez, no entanto, projeção de que culturas assumirão as terras dos bois. “Isso vai depender das condições de mercado de cada commodity”, disse José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP.

Ferraz destaca que, teoricamente, a expansão da pecuária no Norte não se dará com o desmatamento da Amazônia. Segundo a empresa, existem na região entre 30 milhões a 40 milhões de hectares degradados, passíveis de recuperação. Pelas projeções, o aumento da produção brasileira de carne se dará em produtividade.

Ferraz diz que a tendência, na próxima década, é de continuidade da “crise dos grãos”, uma vez que há dificuldade, em todo o mundo, de expansão das áreas agrícolas, encarecendo os alimentos.

Pelas projeções da empresa, o preço do boi gordo, em valor real, deve ficar até 20% superior que o atual, entre cinco e 10 anos. Além disso, nos países produtores, aumentará a disputa entre o mercado interno e o externo. “Vai comer quem tiver mais dinheiro para pagar”, afirma Ferraz.

Para ele, a expansão da exportação brasileira poderá ser limitada apenas por dois fatores: o protecionismo europeu e os preços altos, que diminuíram as compras nos países emergentes. No entanto, em relação à Europa, Ferraz diz que a necessidade fará reverter embargos, como o “branco” imposto ao Brasil por causa da rastreabilidade. “Se eles estudam abrir o mercado para o Paraguai, que não é seguro, retomam as compras do Brasil em um cenário breve”.

Ferraz confirmou, mais uma vez, a continuidade do ciclo de baixa oferta de gado no País até 2010/11. Segundo ele, diante deste cenário, os frigoríficos menores vão quebrar e as indústrias grandes “terão de mostrar musculatura” diante das aquisições, sobretudo no exterior.

As informações são de Neila Baldi, do jornal Gazeta Mercantil.

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