O mercado do boi gordo teve mais uma semana de baixa. Mesmo uma melhora no mercado da carne e o sentimento de aumento da demanda com o início de dezembro, os frigoríficos pressionaram por novos recuos nos preços da arroba. O indicador a prazo registrou queda de 1,02% na semana, sendo cotado a R$ 73,71/@
O mercado do boi gordo teve mais uma semana de baixa. Mesmo uma melhora no mercado da carne e o sentimento de aumento da demanda com o início de dezembro, os frigoríficos pressionaram por novos recuos nos preços da arroba.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea), o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 72,75/@, com desvalorização de 0,49% na semana. O indicador a prazo registrou queda de 1,02% no mesmo período, sendo cotado a R$ 73,71/@ e ficando 15,67% abaixo do valor negociado na mesma época do ano passado, quando valia R$ 87,41/@.
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
Segundo o InfoMoney, acompanhando a instabilidade vista nos mercados, o dólar compra fechou esta quarta-feira com retração – segunda queda seguida. Investidores mostraram-se divididos frente aos indicadores negativos divulgados e ao rali no mercado de commodities.
A moeda americana foi cotada a R$ 1,7193, registrando queda de 0,41% na semana. Com o dólar recuando e o preço da arroba também, o indicador de boi gordo em dólares está valendo US$ 42,31/@.
A pauta econômica norte-americana ganhou ênfase com os números negativos sobre o mercado de trabalho. A entidade privada Macroeconomic Advisers mostrou que o total de postos de trabalho no setor privado dos EUA teve uma diminuição de 169 mil vagas em novembro, enquanto os analistas projetavam um corte de 150 mil postos.
Por sua vez, o número de pedidos de hipotecas na principal economia do mundo avançou 2,1% na última semana. Contribuindo para a instabilidade, os mercados ainda aguardam a divulgação do livro bege do Federal Reserve, que trará dados atuais sobre a economia norte-americana.
Gráfico1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista em R$ e em US$
No mercado a arroba foi bastante pressionada e registrou baixas em praticamente todas as regiões produtoras. As escalas continuam confortáveis, para o final da próxima semana e início da outra e os compradores estão tranquilos e retraídos.
Em São Paulo, apesar do sentimento de menor oferta, com o término da maioria dos confinamentos, e menor número de negócios sendo efetivados, os preços caíram. Os grandes frigoríficos seguem se abastecendo com animais de fora do Estado, onde também ofertam preços menores pela arroba do que na semana passada.
Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – para informar preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.
Na reposição, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 600,27/cabeça, uma alta de 3,03% na semana. A relação de troca piorou, sendo calculada em 1:2,00 nesta quarta-feira.
No mercado futuro, os preços também recuaram, acompanhando o movimento do indicador. O primeiro vencimento, dezembro/09, fechou a quarta-feira em R$ 72,02/@, com recuo de R$ 0,96 na semana. Os contratos que vencem em janeiro registraram retração de R$ 1,43, fechando a R$ 72,06/@ no mesmo pregão.
Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 25/11/09 e 02/12/09
Segundo o Boletim Intercarnes, observa-se uma especulação mais ativa no mercado da carne por parte dos distribuidores, contudo não há alterações expressivas com relação a composição do preço (boi casado). Nos cortes avulsos a semana foi de valorização para o traseiro e queda no dianteiro. As ofertas seguem regulares, e mantendo-se superiores a procura. A tendência para a carne bovina é de manutenção e estabilidade nos atuais níveis de preços e a procura tende a acentuar-se na próxima semana, especificamente para traseiros.
No atacado paulista, o traseiro foi cotado a R$ 6,30, o dianteiro a R$ 3,30 e a ponta de agulha a 3,30. Assim o equivalente físico foi calculado a R$ 71,10, nesta quarta-feira, com alta de 0,19% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente recuo e está em R$ 1,65/@.
Tabela 2. Atacado da carne bovina
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico
Em novembro, a receita dos exportadores brasileiros de carne bovina in natura somou US$ 282,5 milhões, que corresponderam ao envio de 78.700 toneladas ao exterior.
Quando comparada à receita do mês de outubro, o valor registrado em novembro é 1,32% inferior. Na comparação com o mesmo período de 2008, o valor das exportações de carne bovina in natura foi 25,04% maior.
O volume embarcado em novembro foi 4,54% inferior ao de outubro, porém registrou aumento de 38,87% em relação ao mesmo período do ano passado.
Tabela 3. Exportações brasileiras de carne bovina in natura
Desmatamento
Fazendeiros de várias regiões do Pará concordaram em aderir ao ajuste de conduta que prevê maior controle sobre impactos da pecuária no bioma amazônico. Antes dos pecuaristas, os frigoríficos e o governo do estado já haviam sem comprometido com o termo de ajustamento de conduta (TAC) que prevê mudanças importantes nesse setor da economia.
“Com a adesão dos pecuaristas ao acordo, obtivemos compromisso de todos os elos da cadeia da pecuária para adequar a atividade às leis ambientais. É uma vitória importante que prepara o terreno para as mudanças que vão se iniciar já em 2010”, avalia o procurador da República Daniel César Azeredo Avelino, que conduziu as negociações com o setor. “Se não fosse pela pressão do MP, futuramente essas mudanças seriam provocadas pela pressão do próprio mercado consumidor. Quando essas exigências ambientais estiverem valendo para todo o país, o Pará estará em vantagem”, disse a governadora Ana Júlia Carepa.
Mudanças climáticas
A meta de redução do desmatamento e das emissões no agronegócio e outros segmentos será apresentada pelo governo a partir da próxima segunda-feira, em Copenhague, na 15ª Conferência das Partes (COP 15). A delegação brasileira será composta por quase 600 pessoas e entre eles estarão representantes do agronegócio, como o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli, e da União das Indústrias de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank.
Em relação às expectativas para o encontro da próxima semana, tanto Lovatelli quanto Jank dizem não esperar grandes avanços. “Estou mais otimista depois do compromisso assumido pelos EUA e China, mas será preciso igualar todas as bases de comparação e talvez não haja tempo para isso”, afirma Lovatelli.
“Temos mais a ganhar do que perder em uma economia de baixo carbono, mas acredito que o encontro terá muita política e poucos resultados”, afirma Jank.
Segundo o coordenador de pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Paulo Moutinho, o Brasil precisa ser reconhecido por aquilo que já tem feito nos últimos anos. “Existem 47 bilhões de toneladas de carbono armazenadas na Amazônia brasileira. Estamos trabalhando de graça e precisaríamos do mínimo de reconhecimento internacional pelos esforços que estamos fazendo”, afirma Moutinho.
Vaca louca
A Europa não conseguiu até agora controlar a doença da “vaca louca” – encefalopatia espongiforme bovina (BSE, na sigla em inglês) -, como revelam estatísticas da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O velho continente já registrou 62 casos da doença este ano, mas quase ninguém fala mais do problema.
A Comissão Europeia não esconde os dados, mas tampouco se ocupa de divulgá-los da mesma forma com que publicamente mantém suas baterias voltadas para a carne importada que afeta seus produtores menos competitivos.
A comissária de agricultura da UE, Marian Fischer Boel, precisou de um certo tempo para se lembrar que a Europa continua registrando casos da enfermidade, ao chegar ontem (01) na conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). O ministro de Agricultura da França, Bruno Le Maire, também disse que seu país não tem mais a doença, quando as cifras apontam oito casos este ano.
Para Fischer Boel, quem usa o argumento da enfermidade para bloquear a entrada do produto europeu pratica protecionismo. Lembrada de que esse argumento também é usado contra exportadores que têm suas vendas freadas na Europa, por supostos problemas sanitários, a comissária retrucou que no caso do Brasil, o que Bruxelas pediu foi para o país implementar um forte sistema de rastreabilidade da carne que exporta.
Antenor de Amorim Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), enviou uma carta ao BeefPoint, comentando a notícia e pedindo que essas informações sejam mais divulgadas.
“Dados como estes é que o governo federal através do Mapa e os próprios exportadores teriam que estar dando mais publicidade.
É um absurdo as barreiras impostas a nossa carne ao mesmo tempo em que a UE não toma providências para eliminar esta doença que pode matar, ao contrário da aftosa que não traz riscos ao ser humano.
Estou levando este artigo pessoalmente ao Sr. Ministro, ao Sr. Inácio e vou levar também a nossa reunião (como Presidente que sou) da Câmara Setorial da Carne Bovina do Mapa e pedir através da Câmara que nossas autoridades se pronunciem sobre o assunto”.
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O mercado da carne no Brasil está sendo um grande negócio,usam o dólar para mascarar o lucro do mercado interno,assim como o André deixou claro,aumenta a demanda pela carne e o preço do boi cai,até parecem duas mercadorias distintas.Mas a culpa é do dólar,e nós produtores ganhamos dinheiro com boi de US$18 a US$ 20@ nos anos 80 e 90,e estamos perdendo agora com boi de US$ 42 @,quero ver um economista explicar esta façanha,a única explicação,que eu na minha ignorância vejo é a falta da concorrencia dos compradores,que o BNDES conseguiu acabar,ajudando os grandes a quebrar os pequenos,e aí dizem que é um banco de desenvolvimento social,só se este social fôr “socioal”.Todos no mundo investem em melhorias para serem mais remunerados,quem estuda e se forma ganha mais,quem investe em tecnologia recebe mais,quem melhora a qualidade´,é melhor remunerado,quem dá mais segurança ao consumidor ganha por isto etc..etc,menos o pecuarista,que fêz tudo isto e infelismente está quebrando,ou melhor,não está sendo remunerado,jogamos dinheiro fora em sanidade,rastreabilidade,genética,padrão de qualidade e por aí a fora,estamos ganhando menos que nossos pais,que foram produtores razoáveis mas acima de tudo, grandes comerciantes.Ao contrário da nossa geração,estamos produzindo muito bem e comercializando muito mal,o que me faz acreditar,que produzir bem e comercializar mal,a vaca vai pro brejo,a comercialização está acima da produção,portanto vamos a partir de hoje,preocupar menos com a produtividade,isto também vale para o agricultor,e ficar mais atento a lucratividade.
Com relação ao desmatamento,quem deve esquentar a cabeça é quem tem mato,nós temos lavoura e capim,se o mato começar a dar dinheiro poderemos até mudar o rumo,depende da demanda.
Mudança climatica é um assunto que não me meto,dizem que o pantanal era mar,se não é mais não é por conta do desmatamento,porque deixou de ser quando isto tudo era mato.
Vaca louca não é problema nosso,nós já temos muitos,gostaria que o Sr Antenor Nogueira e a CNA,brigassem mais pelo funrural,ou será que os 0,02% do Senar inibe,a Acrissul ganhou uma liminar,pelos indios que estão invadindo nossas terras,pelo imposto de renda que vão reter na fonte,pelo fundersul que é cobrado aqui no MS etc etc.Quando vejo as brigas do Sr Antenor,lembro do cavalo paraguaio,só tem arrancada,do meio pro fim ninguém vê mais o home.Um abraço
O Beefpoint parece estar vendido. Não espera nem a semana acabar para dizer que a arroba está em queda. Segundo o CEPEA, no dia 4 de dezembro a arroba fechou em alta no mercado físico e no financeiro. Cuidado, assim vocês perdem a credibilidade.
Resposta da Equipe BeefPoint:
Boa tarde Idelson, muito obrigado pela participação e comentários. Você tem toda razão quando diz que a arroba fechou em alta no dia 04 de dezembro. Talvez não tenha me expressado com tanta clareza ao redigir o artigo.
O “Panorama do mercado” é um artigo publicado todas as quintas-feiras, fazendo um apanhado dos principais acontecimentos e analisando o mercado nos últimos 7 dias, ou seja, neste artigo considero como semana o período que vai de quarta a quarta-feira. No caso específico deste artigo a análise levou em conta o que aconteceu do dia 25/11 até o dia 02/12.
Se olharmos os dados divulgados pelo Cepea temos que neste período a variação acumulada foi negativa. O indicador Esalq/BM&FBovespa a prazo teve queda de 1,02%, então consideramos que a arroba fechou o período em baixa.
A moderna produção agropecuária exige evolução constante em duas frentes que se complementam: a eficiência de produção e a conscientização do produtor enquanto participante da cadeia global. Como produzir melhor e de forma mais econômica, como entender e adaptar as técnicas disponíveis, são e serão cada vez mais importantes para o sucesso de cada um.
Mas não basta apenas competitividade técnica; é preciso compreender o mundo além da porteira da fazenda, conhecer os meandros das políticas econômicas e agrícolas dos países, acompanhar de perto as mudanças que ocorrem com freqüência cada vez maior no setor, se inteirar sobre as tendências do mercado consumidor, adequando-se rapidamente às sinalizações que se revestem de significância crescente para a viabilização da atividade produtiva.
Nossa proposta é trazer informações do que acontece no Brasil e no mundo, com um enfoque atualizado, independente e imparcial, assim o BeefPoint pretende contribuir decisivamente para a formação do moderno produtor, ciente da necessidade de se evoluir tanto na técnica como na prática. Esta é a nossa missão e procuraremos desempenhá-la da melhor maneira possível.