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Prevenção de acidose em dietas com grande quantidade de concentrado – ácidos orgânicos

A utilização de ácidos orgânicos como o ácido málico na dieta de ruminantes pode ser uma boa alternativa na prevenção de acidoses quando há utilização de altos teores de concentrado. Trabalhos in vitro mostraram que o malato estimula a utilização do ácido lático pelos microorganismos ruminais, principalmente a Selenomonas ruminatum, e, em alguns casos, tendo efeito aditivo do malato com a monensina (Callaway & Martin, 1996).

Martin et al. (1999), avaliaram o efeito da utilização do malato sobre as características ruminais, desempenho, eficiência alimentar e características de carcaça de bovinos de corte confinados com altos teores de concentrado. As pesquisas foram divididas em 3 experimentos. No experimento 1, a dieta foi formulada com o objetivo de induzir acidose subaguda no animais (tabela 1). Os tratamentos constaram da infusão de 0 (controle), 27, 54 e 80 gramas de ácido málico/animal/dia. No tratamento controle foi verificado pH de 5,49 (1 h após a infusão), o que mostra a eficiência da dieta em causar acidose.

A infusão de ácido málico no rúmen manteve os valores de pH ruminal sempre acima do observado para o tratamento controle. Os valores de pH mantiveram-se acima de 6,0 para o tratamento com 80 g/anim/dia de ácido málico, após 6 horas da infusão. Em relação aos ácidos graxos voláteis (AGV), houve aumento nas concentrações de acetato e queda das concentrações totais de AGV com o aumento das concentrações de ácido málico. Não houve efeito da infusão do ácido sobre as concentrações de propionato, butirato, lactato e na relação acetato:propionato (tabela 2).

No segundo experimento, foram avaliados os efeitos do ácido málico, nas quantidades de 0, 40 e 80 g/animal/dia, sobre a ingestão, desempenho e conversão alimentar de bovinos de corte confinados com altos teores de concentrado na dieta (tabela 3).

Não foram observadas diferenças significativas na ingestão de matéria seca para as diferentes concentrações de ácido málico em até 98 dias de confinamento (tabela 4). Já a eficiência alimentar melhorou 8,1% (P<0,05) para o tratamento com ácido málico em relação ao controle. Foi observado aumento linear no desempenho dos animais com a inclusão de ácido málico na dieta, sendo 1,76 e 1,96 kg/dia para o tratamento controle e 80 g de ácido málico, respectivamente. Não houve diferença para peso de carcaça entre os tratamentos.

No terceiro ensaio experimental foi avaliado efeito de sexo em relação à suplementação de ácido málico (0, 60 e 120 g/animal/dia) durante os primeiros 10 dias de confinamento (fase de adaptação). Não houve interação sexo x tratamento, porém houve efeito de sexo sobre o desempenho. De acordo com os valores de ingestão observados, a quantidade máxima de ácido málico ingerida foi de aproximadamente 90,8 g/animal/dia, abaixo do projetado no início do período experimental. Foram observados maiores valores de desempenho e conversão alimentar para os novilhos em relação às fêmeas. Esses resultados provavelmente estão relacionados ao fato das novilhas estarem depositando mais gordura que os machos.

A suplementação de ácido málico para bovinos confinados com dietas com altos teores de concentrado, aparece como um efetivo manejo no controle de acidose subaguda. Além disso, o uso de ácidos orgânicos poderá ser uma alternativa para sistemas de produção que não podem ou não querem usar antimicrobianos na alimentação dos animais. Entretanto, no momento, o aspecto econômico parece ser limitante ao uso de ácido málico para controle de acidose.

Referências Bibliográficas:

CALLAWAY, T.R.; MARTIN, S.A. Effects of organic acid and monensin treatment on in vitro mixed ruminal microorganism fermentation of cracked corn. J. Anim. Sci., v. 74, p. 1982-1989, 1996.
MARTIN, S.A.; MARSHALL, S.N.; NISBET, D.J.; HILL, G.M.; WILLIAMS, S.E. Effects of DL-Malate on Ruminal Metabolism and Performance of Cattle Fed a High-Concentrade Diet. J. Anim. Sci., v. 77, p. 1008-1015, 1999.

MONTAÑO, M.F.; CHAI, W.; ZINN-WARE, T.E.; ZINN, R.A. Influence of Malic Acid Supplementation on Ruminal pH, Lactic Acid Utilization, and Digestive Function in Steers Fed High-Concentrate Finishing Diets. J. Anim. Sci., v. 77, p. 780-784, 1999.

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