Por Eduardo Lund
Há poucos dias, recebi uma solicitação para que eu fizesse uma projeção de qual será a média das vendas do kg vivo do terneiro na safra de 2013.
Como não tenho medo de errar (pois o que mais se faz em previsão de preço de boi gordo, terneiros, etc , é normalmente errar) aceitei o desafio. Este tipo de pedido sempre nos coloca em uma situação delicada, pois se o meu número for aproximado ao que vier a ocorrer, tudo bem, mas se for diferente, se alguma coisa acontecer diferente do que eu prever, com certeza os “corneteiros de plantão” serão os primeiros a me cobrar.
Vamos lá. Esta previsão é para a região de Pelotas, local este que conheço há mais de 30 anos com minha profissão de Médico Veterinário e com negócios ligados à agropecuária.
É necessário para chegarmos a algum número, considerarmos alguns fatores que para mim são importantes para esta missão.
São eles:
1º Nestes últimos meses de 2012 e início de 2013 não temos enfrentado secas tão fortes como em anos anteriores, portanto existe uma certa abundância de pastos que fazem com que, por um lado, o criador tenha condições de segurar um pouco mais seus animais, e por outro, os pecuaristas, com sobra de pasto, aumentam a busca por animais, mexendo diretamente na lei de oferta e procura.
2º Soja em alta. Preços como há muito tempo não víamos estão sendo praticados hoje, estimulando o crescimento de áreas de plantio com consequente diminuição de terras para a pecuária. Todos sabemos que ao longo de anos, é uma prática comum que agricultores da região do planalto do RS venham a nossa região para comprar terneiros e novilhos para serem colocados em pastagens e confinamentos. Imagine este pessoal com dinheiro no bolso em função da soja!
Existe também, hoje em nossa região e a da campanha gaúcha, empresas nacionais (frigoríficos) e exportadoras (navio) buscando um tipo de mercadoria muito encontrada aqui, que são terneiros e novilhos de raças europeias ou suas cruzas, para atender suas demandas, sejam elas no Brasil ou exterior.
3º O preço boi gordo no RS, de certa forma, tem se mantido estável . Há muitos e muitos anos se fala que um kg vivo de terneiro tem de valer de 15% a 20% a mais do que o preço do kg vivo do boi gordo, e no momento que escrevo, a cotação do boi gordo gira em torno de R$ 3,30 a R$ 3,40 o kg vivo.
4º Todos temos conhecimento e ainda sofremos com isto, de que o abate de fêmeas mais recentemente tem sido acima das médias normais, dificultando de certa forma a reposição. Lembrem que o Rio Grande do Sul no dia 30 de outubro de 2012 discutia, em Santa Maria, em um seminário, DE ONDE VIRÃO OS TERNEIROS?
5º Feiras oficiais de terneiros, com qualidade diferenciadas, certificações por parte das associações, com informação de peso vivo, animais castrados, têm sido prática comum, e ainda com financiamentos atrativos em relação ao prazo de pagamento e também juros subsidiados, acabam agregando valor e sendo feiras bem aquecidas, que servem como balizadoras de preços.
6º Preço médio do kg vivo do terneiro nos últimos anos
2006 – R$ 1,65
2007 – R$ 2,50
2008 – R$ 3,00
2009 – R$ 2,60
2010 – R$ 3,00
2011 – R$ 3,50
2012 – R$ 4,00
2013 – R$ ????
Além de tudo isto acima citado, acrescido de uma pitada de otimismo que vemos hoje no campo, e baseado em dados históricos, que acredito que teremos uma safra de terneiros com preços médios em torno de R$ 4,00 – R$ 4,20 kg vivo, não esquecendo, que teremos terneiros mais pesados em função do clima favorável, e que hoje está se tornando uma prática comum no RS, o que se faz há muito tempo no Uruguai, que é diferenciarmos preços por “peso” e “qualidade” dos terneiros.
Enfim, estando certo ou não, vindo a se confirmar minhas expectativas ou não, o que realmente faço neste artigo é exteriorizar minhas convicções, que podem estar ou não certas. Não tenho bola de cristal para adivinhar o futuro, mas também não tenho medo de colocar minha cara a tapa caso esteja errado. É só uma opinião!!!!
Abraço, Lund.
11 Comments
Bom dia, Lund, sua posição sobre a entrada da soja em areas de pecuária é verdadeira e confirmo, a reposição aqui no MT vai ficar concorrida nesse e nos proximos anos, pois tirando o pantanal as novas areas de lavouras geralmente são terras de pecuária de cria.
E digo mais, com as novas variedades de soja o aumento do plantio em areas que antes era de risco estão sendo plantadas, ex. areas arenosas e com produções altas.Então na minha modesta opinião, a curto prazo só vamos ter o pantanal para cria.
Muito boa a explanação, é isso que temos que fazer , dar a cara a tapa, falar claramente sobre nosso ponto de vista, afinal não queremos melhorar a pecuária nacional? acredito que a comunicação aberta seja uma maneira de melhorar nossos índices produtivos!
Parabéns Lund, em primeiro lugar por dares tua opinião sobre um tema tão controverso e difícil e, em segundo, porque tua conclusão tem bons fundamentos. Enfim, na minha opinião, tens grandes possibilidades de acertar em cheio. Abraços
Dr Eduardo, le escribo de Asuncion-Paraguay, mis saludos y respetos para voce por el articulo muy interesante que escribio.
Creo que ten racao y esta certo en todo……ahora….aqui no Paraguay actalmente tenemos una politica del gobierno de devaluacion del Dolar , cada dia baja mas y asi tambien los frigorificos bajan el precio del gordo. Como el precio del ternero tiene relacion con el precio del gordo……como el criador de terneros hace para calcular cuanto vlaldria ese terneiro.
Saludos desde Paraguay…….
Productor e criador
Belíssimo artigo!!!!!! Parabéns!!!!!!
Parabéns Lund! Acho que utilizaste, para a tua previsão, um bom número de variáveis que, certamente, se aproximarão da realidade. As previsões são sempre arriscadas, porém, alguém tem que arriscar! Que bom que foi o amigo, e com bastante propriedade.
Bom dia Lund! Parabéns pelo artigo. É isso aí, cada vez mais a diferenciação de preços por peso e qualidade do terneiro. Aposto no kg do terneiro acima dos R$ 4,00. O gado de cria precisa desta valorização.
Muito coerente o comentario porem faltou um dado a considerar, muitos produtores extenderam o periodo de monta ano passado com reflexos logico no nascimento então teremos mais terneiros nascidos em novembro, dezembro diminuindo assim o peso de feira e terneiros mas leves tem melhores preços, assim não me surpreenderia valores ainda maiores. abraços
Precisamos destas informações para acompanhar o mercado, principalmente nós pequenos produtores. Vivaldo de Figuerêdo.
Excelente Lund e soma-se a todos os dados muito bem discutidos uma vastidão de pastagens de azevém (algumas ainda com aveia) nas áreas de lavoura de verão, o que abre uma opção para terminação. Algumas regiões que mudaram as matrizes produtivas e eliminaram muitos bovinos, creio intensificarão a compra de animais, impactando inclusive no preço dos animais adultos, como vaca de invernar e recria.
Caro Lund:
Julgo correta tua previsão. É crucial para a demanda (e preço) do terneiro, as condições de poder aquisitivo e pastagens do planalto gaucho, (no qual estou inserido). O clima e o preço da soja estão cooperando para estes dois fatores.
Abraço.
Flávio Abel