Por Oswaldo de Souza Garcia1
Muito se tem falado sobre o crescimento da agricultura ou, como preferem alguns, a revolução verde. É ótimo que isso esteja acontecendo, porque o Brasil todo passa a dar mais valor a esse importante setor da economia nacional. Mas não posso aceitar que a produção animal tenha papel secundário na evolução do agronegócio. Afinal, em todos os elos da cadeia das carnes os progressos são notáveis, fazendo com que o Brasil seja hoje um dos maiores fornecedores de proteínas animais do planeta.
Aliás, o sucesso da produção animal não é de hoje. Por exemplo, o pioneirismo cabe à avicultura, que já na década de 70 deu início à conquista do mercado árabe. Àquela época, os produtores tiveram a visão de desenvolver cortes de frango de acordo com as rigorosas exigências de seus clientes. Resultado: três décadas depois o Brasil é o maior exportador mundial em termos de receitas cambiais, tendo exportado quase 2 milhões de toneladas no ano passado, com faturamento de US$ 2 bilhões. A lista de compradores já supera 120 nações.
Na suinocultura, o progresso também é indiscutível. Dentre os países exportadores, o Brasil é o que mais cresceu nos últimos anos. Motivo: a melhoria da qualidade da carne suína devido aos avanços na alimentação, na genética e na sanidade. Somos o terceiro do mundo em rebanho (37 milhões de cabeças) e quarto em produção (2,8 milhões de toneladas). Nossas melhores granjas chegam a desmamar até 28 leitões/porca/ano, índice próximo ao das nações mais adiantadas.
Na pecuária de corte, atingimos a liderança no mercado mundial, com a exportação de 1,3 milhão de toneladas de carne e faturamento de US$ 1,5 bilhão. Caminhamos rápido para a erradicação da febre aftosa e entramos na era da rastreabilidade, do genoma funcional do boi, da maciez da carne do zebu e do boi verde. Além disso, produzimos 7,5 milhões de toneladas de carne/ano e apenas um subproduto da atividade, o couro, gera outro bilhão de dólares por ano em vendas externas.
Para finalizar, uma constatação: o complexo carnes é o principal negócio do campo, com R$ 55 bilhões por ano. É bem maior, por exemplo, do que a soja, que movimenta R$ 30,7 bilhões/ano.
É por isso que o Brasil também precisa tirar o chapéu para a produção animal. Lembram-se que o nosso país sempre foi conhecido como o celeiro do mundo? Pois bem, a profecia está-se cumprindo tanto na produção agrícola como na oferta de carnes.
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1Oswaldo de Souza Garcia é Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Tortuga
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Parabéns pelo artigo!
Gostaria de lembrar que precisamos ser os maiores produtores de carnes sim, mas com qualidade assegurada desses produtos. Daí a importância de um sistema de qualidade assegurada. Dessa forma, poderemos alavancar a produtividade, por exemplo, através da redução da idade de abate dos animais, fornecendo para o mecado carnes com maior qualidade.
Além disso, é preciso conhecer mais sobre o mercado e estabelecer iniciativas, tais como, rastreabilidade, marketing, ciência e tecnologia. Ainda, um dos grandes desafios da cadeia de produção é oferecer um produto de qualidade e preço acessível, elevando o consumo de carne, ao mesmo tempo padronizando a qualidade.
Assim, a carne bovina poderá obter a confiança dos consumidores, agregando maior maior valor agregado no mercado de carnes.