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Produção de silagem na integração lavoura-pecuária

Por Daniel de Castro Rodrigues1

A estacionalidade de produção de forragem pode ser considerada um dos entraves ao aumento de lotação nas pastagens do Brasil. Enquanto no verão as condições favoráveis ao crescimento das plantas como temperatura, luz e pluviosidade possibilitam maiores taxas de lotação, o inverno com baixas temperaturas noturnas, déficit hídrico e menor intensidade e qualidade de luz solar reduz drasticamente o crescimento das gramíneas.

Segundo Pedreira et al. (1998), as respostas biológicas que influenciam a adaptação, sobrevivência e crescimento de animais e plantas são função direta dos efeitos das variáveis físicas do ambiente (e.g., temperatura, luminosidade, disponibilidade de água e nutrientes etc).

A estacionalidade de produção de forragem das gramíneas tropicais, associada ao mau planejamento do uso dos recursos forrageiros, pode ser considerada uma das principais causas dos baixos índices zootécnicos da pecuária de carne e leite no Brasil. Nesse contexto, deve-se buscar medidas que visem minimizar os efeitos estacionais na produção de alimento, sendo a ensilagem de plantas como milho e sorgo a mais utilizada entre os produtores.

O plantio associado de milho ou sorgo com pastagens (ver artigo Integração Lavoura-Pecuária, BeefPoint) é uma técnica que há muito vem sendo utilizada, porém sem os cuidados técnicos necessários para que haja resultados positivos (produção e qualidade) na silagem produzida e na pastagem formada.

O plantio do capim “associado” a cultura a ser ensilada sem o devido controle, ocasiona redução da qualidade da silagem devido à competição por fatores de crescimento como água, luz e nutrientes (Figura 1). No entanto, o capim quando devidamente controlado, permite que as plantas de milho ou sorgo se desenvolvam normalmente resultando, caso o processo de produção seja bem feitos, em silagens de qualidade e pasto formado para enfrentar a entressafra (Figuras 2 e 3).


Foto 1 – O capim quando não controlado compete sobremaneira com a cultura, produzindo silagens de menor qualidade.


Foto 2 – O controle do crescimento do capim permite que a cultura a ser ensilada se desenvolva normalmente.


Foto 3 – Ao fundo plantas de milho bem desenvolvidas. Em primeiro plano, área já ensilada e que dentro de alguns dias poderá ser utilizada para pastejo.

Na cultura do sorgo, além da pastagem formada, a colheita antecipada para ensilagem em um período propício para o crescimento vegetativo, possibilita a rebrota das plantas (Figura 4), que podem ser ensiladas (ensilagem da “segunda planta”) ou pastejadas. Nesse caso, a decisão a ser tomada deve levar em conta os aspectos econômicos dos dois sistemas (pastejo ou ensilagem).

Em determinadas condições de plantio simultâneo, a necessidade de controle do capim com o uso de herbicida graminicida pós-emergente pode ser dispensada. (Klutchcouski e Aidar. 2003). No entanto, o produtor deve ficar atento ao crescimento e “agressividade” das gramíneas do gênero brachiaria (as mais indicadas para o consórcio), em especial da Brachiaria brizantha cv. Marandu (Braquiarão), que como dito anteriormente podem competir sobremaneira com a cultura anual prejudicando ou inviabilizando o sistema.


Foto 4 – Rebrota das plantas de sorgo. A ensilagem ou pastejo da “segunda planta” devem levar em conta aspectos econômicos e a necessidade do produtor.

A silagem de milho ou sorgo, na maioria das propriedades, é utilizada para equacionar a oferta e demanda de alimentos nas fazendas durante o ano. No entanto é um processo caro que envolve máquinas, mão-de-obra e insumos. A integração lavoura-pecuária que permite formar uma pastagem de qualidade e com alta produção de massa seca, reduzir os custos com suplementação e, sobretudo os gastos com mão-de-obra para tratar os animais na seca. O pasto novo formado pode ser utilizado por maior período na entressafra reduzindo assim os gastos com suplementação volumosa e o uso de concentrados, afinal quem colhe o capim é o boi e quem ganha é o pecuarista.

Literatura citada

KLUTHCOUSKI, L.F. e AIDAR, H. Integração Lavoura-Pecuária. – Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2003. 570 p.

PEDREIRA, C.G.S.; NUSSIO, L.G.; DA SILVA, S.C. Condições edafo-climáticas para a produção de Cynodon sp. In SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 15., Piracicaba, 1998. Anais. Piracicaba: FEALQ, 1998. p 85-113.
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1Daniel de Castro Rodrigues, M.S em Ciência Animal e Pastagem, Consultor Integração Lavoura-Pecuária, Fazenda Santa Clara – Goiás

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O instrutor é o engenheiro agrônomo da Boviplan Consultoria Pecuária, M.Sc. Antony Hilgrove Monti Sewell, consultor que atua há mais de 20 anos em propriedades de diversos estados brasileiros.

As vantagens da utilização da integração entre lavoura e pecuária são percebidas em 4 segmentos: agronômico, pois recupera e mantém as características produtivas do solo; econômico, diversificando a oferta e obtém maiores rendimentos a menor custo e maior qualidade; ecológico, uma vez que reduz a erosão e a presença de plantas nocivas às espécies cultivadas, reduzindo a necessidade de defensivos agrícolas; e, por fim, social, promovendo maior geração de tributos, de empregos diretos e indiretos, além da fixar o homem ao campo.

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