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Produção pecuária na Etiópia

No âmbito da elaboração teórica da minha tese de mestrado, efetuei um intercâmbio entre a Universidade de Reading (onde fui estudante) e o International Livestock Research Institute (ILRI) na Etiópia. Esta é uma organização internacional, que visa incentivar a pesquisa para a melhoria da produção pecuária, tanto para o gado de corte quanto de leite.

No âmbito da elaboração teórica da minha tese de mestrado, efetuei um intercâmbio entre a Universidade de Reading (onde fui estudante) e o International Livestock Research Institute (ILRI) na Etiópia. Esta é uma organização internacional, que visa incentivar a pesquisa para a melhoria da produção pecuária, tanto para o gado de corte quanto de leite.

Essa experiência ocorreu durante os meses de Março e Abril deste ano de 2006 e o principal objetivo foi entender como o mercado de gado é caracterizado naquele país, focando a análise na cadeia produtiva, com vista à produção para atender os mercado doméstico e internacional. Para isso, foi realizado um estudo no campo, que se concentrou nas regiões de Debre Zeit e Nazareth, centros de produção e comercialização pecuária daquele país, e que estão situados num raio de cerca de 50 quilômetros da capital Addis Abeba.

Nesta pesquisa, a análise não se concentrou especificamente em gado de corte, mas abrangeu também a produção de gado de leite e de pequenos ruminantes (bodes e carneiros) como forma de estabelecer critérios de comparação. Para isto, os lugares visitados para os fins desta pesquisa foram: Mercado Aberto de Dera; Fazendas de engorda Kuriftu Feeding Lot e Kuriftu; Abatedouros Modjo e Debre Zeit; Cooperativa de leite Ada-Liben; e finalmente a estação de pesquisas do ILRI em Debre Zeit. Os instrumentos utilizados para esta pesquisa foram entrevistas pessoais baseadas num questionário semi-estruturado previamente.

O setor pecuário na Ethiópia: Características da sua cadeia produtiva

As diversas caracterísiticas positivas da Etiópia, país situado no Nordeste da África, são usualmente ocultadas pela enorme mancha de pobreza que vem asolando o país por décadas. Sua capital é Addis Ababa (que significa “nova flor”) e está situada a quase 2500 metros acima do nível do mar. Entre as várias curiosidades histórico-culturais, destacam-se os fatos deste país ser o único na África a nunca ter sido colonizado por nenhum Europeu, ter sua própria língua oficial (Amharik), ser o pioneiro no plantio e cultivo de café, e ser o maior produtor pecuário da África (10º colocado no ranking mundial).

Isso inclui não somente as mais de 30 milhões de cabeças de gado, mas ainda uma população de mais de 30 milhões de pequenos ruminantes, 1 milhão de camelos, 4,5 milhoes de equinos, e mais de 50 milhões de aves. O setor pecuário no geral é de extrema importância para a economia do país, uma vez que o setor contribui direta ou indiretamente para empregar cerca de 80% da população rural.

Um exemplo interessante de população rural dependente da pecuária se encontra nas zonas de Debre Zeit e Nazareth. Estas zonas têm uma posição significante no volume de produção nacional e são caracterizadas por pequenas fazendas que envolvem produção para subsistência. Há, contudo, parte da produção que visa a exportação de animais vivos. Isso envolve não somente gado mas também o comércio de bode, cabrito e carneiro. No entanto, o processo de exportação na Etiópia não é fácil, principalmente pela falta de investimentos em ações básicas, como saneamento e alimentação.

De forma a tornar este artigo pertinente para ser publicado no BeefPoint, segue abaixo uma explicação resumida da pesquisa, concentrando a atenção no processo de produção e comercialização de gado de corte nessa zona da Etiópia, que será útil para que produtores brasileiros entendam melhor a sua própria realidade, comparando com o que acontece em outros países.

Produção de carne

O sistema de produção de gado de corte na Etiópia não é uniforme, podendo variar conforme as zonas. Nas zonas mais áridas e semi-áridas do país (características das terras mais baixas), a produção se caracteriza por meio de pasto extensivo migratório. É principalmente nessas zonas que se faz a reprodução de animais, que ainda se caracteriza por ser natural, sem muitas possibilidades para inovações genéticas.

Nas zonas de terra alta (mais comuns devido as caracterísitcas físicas do país), a produção de gado é intensiva e em sua esmagadora maioria se realiza em pequenas propriedades para subsistência. Uma maior produtividade de produção nessas propriedades é assegurada pelo convívio de gado de corte e de leite juntos, além de ser comum usar-se o gado de corte como utensílio de lavoura para a prática da agricultua.

O comércio de gado na região de Debre Zeit está longe de ser organizado. A comercialização ainda se dá em Mercados abertos (ver fotos abaixo) e muitos são os intervenientes que participam desta ação. No Mercado de Dera (125 Km de Addia Ababa), tivemos oportunidade de contactar diretamente com alguns desses intervenientes e ver na prática como o mercado de gado funciona.


Segue abaixo o resultado resumido dessa experiência, com a descrição do papel de cada um dos atores envolvidos na comercialização de gado de corte.

Fazendeiros

Este é o grupo que tem a maior parte da área física e da concentração de gado. Contudo, usualmente são produtores de pequena escala e/ou subsistência, que têm pouco acesso a oportunidades de melhorar ou modernizar o seu sistema de produção.

Normalmente combinam a produção de gado com a agricultura, usando os bois de corte como ferramenta de trabalho para arar a terra (ver fotos abaixo). Esses animais normalmente são comprados no Mercado aberto, e cada fazenda não tem em média mais do que 5 cabeças.

O sistema é comprar um animal jovem no Mercado, por um preço que gira em torno de 800 Birr (o equivalente a cerca de R$ 200,00). O preço não é determinado por quilo mas sim por cabeça, e pode variar consoante as condições do animal.

Passados entre um e dois anos a partir do momento da compra, esse mesmo animal, já adulto, retorna ao mercado para ser vendido por um preço entre 1500 e 1800 Birrs (gira em torno de R$ 400,00). Como o animal já atingiu sua maturidade, o comprador alvo é aquele que visa engordá-lo ou (dependendo das condições) o abate imediato.


Intermediários (comerciantes autónomos)

Estes são os atores envolvidos na cadeia produtiva que trabalham com o maior risco. Normalmente o seu trabalho é ir aos mercados abertos e comprar gado gordo que identifiquem como bom negócio, para vender imediatmente em cidades vizinhas para retalhistas como açougues ou outro tipo de consumidores.

Usualmente têm clientes certos para um determinado tipo de produto. No mercado estudado (Dera), um boi gordo com condições de ser vendido para ser abatido imediatamente custa em média 1600 Birr (cerca de R$ 400,00). Pelo que conseguimos constatar com as entrevistas realizadas, depois de considerados todos os custos inerentes ao trabalho do intermediário (ex: transporte) seu lucro pode chegar a 75 Birr (menos de R$ 20,00) por cabeça (normalmente ele compra a quantidade de uma carreta, entre 6 e 8 cabeças, ver foto abaixo). Porém, por se tratar de um negócio de risco, pode haver casos em que o valor vendido seja inferior ao pago no mercado, o que exige deste ator um profundo conhecimento em relação às condições físicas do gado e do mercado consumidor em geral.


Representantes comerciais

Diferente dos intermediários, este grupo tem vínculo com os retalhistas, funcionando como brokers. Normalmente já chegam ao Mercado sabendo o que vão em busca e tentam barganhar o produto que desejam pelo melhor preço.

São contratados por supermercados ou açougues da região. O critério do negócio é encontrar a melhor qualidade pelo menor preço, de forma a que seu representado possa maximizar investimento. São por isso especialistas e não correm qualquer risco, já que ganham uma comissão fixa de 10 Birr (menos de R$ 3,00) por cabeça comprada.

Fazendas de engorda

Estes tipos de fazendas são caracterizadas por manter cada animal durante um curto período de tempo, que chega no máximo a 90 dias. É um sistema de produção intensiva, e na sua maioria geridos por pequenos fazendeiros que possuem capacidade para abrigar ao mesmo tempo entre 5 até 30 animais no máximo. Contudo, há alguns grandes empreendimentos que se interessam por esta atividade para fins de exportação de animais vivos. Ambos os tipos são explicados a seguir:

a) Pequenas Propriedades: O mecanismo utilizado para esses pequenos produtores é via Mercado aberto. Lá, eles tentam encontrar um animal com boas condições para ganhar peso no curto prazo. O preço pago varia entre 1500 a 1800 Birr (valor entre R$ 375,00 e R$ 450,00). Estes, passam a ser alimentados com ração e suplemento mineral e, nessas condições, em média cada animal tem capacidade de ganhar entre 600 gramas e 1 quilo de peso por dia.

Cada animal fica engordando no máximo 90 dias para ser vendido em média com um peso que pode atingir os 350 kg (a comercialização de gado na Etiópia se faz por cabeça e nao por quilo, ou arroba, como no Brasil). O preço pago por cada animal com essas características pode chegar a 3000 Birr, (aproximandamente R$ 750,00). No processo de engorda, o valor gasto com cada animal ascende a 1000 Birr (pouco mais de R$ 250,00), o que nos faz concluir que por cabeça essas pequenas fazendas podem ter um lucro que varia entre 200 e 500 Birr (entre R$ 50,00 e 125,00), por cada animal, num intervalo de três meses.

Os consumidores para este gado gordo vindo destas pequenas fazendas podem ser encontrados nos próprios Mercados abertos, ou pode ser que algumas fazendas tenham convênios com outros participantes no processo de comercialização, como por exemplo os intermediários, representantes comerciais ou mesmo diretamente retalhistas de Addis Ababa ou outra cidade que esteja próxima da fazenda. Um dos fatores mais lamentados por estes produtores é a falta de apoio principalmente do governo. Alegam que para este tipo de produção, é necessário muito capital de giro e investimento em infra-estruturas.

Há uma linha de crédito disponível mas que não é viável, uma vez que o valor máximo concedido é de 5000 Birr (pouco mais de R$ 1.250,00) que é insuficiente para comprar 3 cabeças. Além disso, para a obtenção do mesmo, uma segunda fazenda, de um outro produtor, tem que ser dada como garantia. Isso normalmente é uma missão impossível de se conseguir.


b) Grandes propriedades: Apesar de constituírem a minoria, há fazendas consideradas grandes que visam exclusivamente à exportação de animais vivos. A maior delas é a fazenda Kuriftu Feed, que pertence a um gigante grupo agroindustrial chamado Elfora. Esta fazenda de engorda tem capacidade para 4000 cabeças e está operando com capacidade total.

Esta e outras propriedades, cuja proposta é explorar o mercado internacional (África e Oriente Médio), não usam os Mercados abertos para a aquisição dos seus bovinos. Seus fornecedores são fazendas situadas nas terras mais baixas, com quem eles têm um contrato de comercialização.

Apesar dos procedimentos de reprodução serem ainda muito rudimentares (comparados a países como Brasil, já que não há, por exemplo, rastreamento ou melhoramento genético), esta é a forma encontrada para que estas fazendas contem com animais minimamente padronizados e com procedência fiável, o que reflete significamente na qualidade do produto final.

O transporte dessas regiões mais baixas até as fazendas é feito por caminhão e é um serviço normalmente oferecido pelos fornecedores. A raça mais comum para este efeito (que também é a mais comum na Etiópia) é a Boran, muito parecido com a Brahman, já que tem qualidade e facilidade para ganhar peso. Estes animais são comprados quando têm entre 4 e 5 anos e assim que chegam à fazenda são imediatamente catalogados e marcados com um brinco (ver fotos abaixo). O preço pago por estas fazendas aos fornecedores varia entre os 1500 e 2000 Birr (valores que variam entre R$ 375,00 e R$ 500,00).

Todos os animais são machos e esta fazenda especificamente dá condições para que cada animal engorde em média 800 gramas por dia, estando lá por um período que pode variar entre 75 e 90 dias. O custo durante esse tempo de engorda é estimado em 600 Birr (R$ 150,00) por cabeça, e o lucro depois de exportado não passa de 300 Birr (menos de R$ 75,00). O responsável pela fazenda Kuriftu considera essa margem muito pequena, mas o valor vendido é estabelecido pelo mercado innternacional. No entanto, devido ao seu tamanho, a fazenda ganha na quantidade.

O principal componente da alimentação nessas fazendas é o bagaço de cana, e no caso da fazenda visitada, há uma significante vantagem comparativa nesse sentido, já que está situada ao lado de uma usina de álcool que fornece o bagaço a preços muito baixos e sem custos de transporte. Neste caso específico, 100% da produção é para exportação de animais vivos, trasportados por caminhão e/ou navio.

Ainda de acordo com o responsável entrevistado, eles não têm nenhum competidor interno devido ao tamanho do negócio. Entretanto, também não está nos planos da empresa se voltar para o mercado doméstico, já que para exportação o governo dá alguns subsídios indiretos, como por exemplo, as vacinas. Assim, é facil concluir que a qualidade da carne que a Etiópia exporta tem muito mais qualidade do que a carne consumida internamente.


Conclusões

Apesar do mercado de carne da Etiópia ser bastante significativo, não só a nível nacional mas também internacional, é um mercado caracterizado por desordenação, sazonalidade e pouca inserção de valor agregado nas diferentes etapas do processo produtivo.

Não há regulamentação eficaz, investimento e as transações se fazem simplesmente baseado na lei de oferta e procura. O país tem uma elevada taxa de risco sanitário, o que lhe impossibilita exportar carne fria ou congelada para a maioria dos mercados consumidores mundiais.

No contexto e período em que esta pesquisa fora realizada, a parte mais beneficiada de toda a cadeia produtiva eram as grandes fazendas de engorda, já que além de contar com maior investimento e capacidade produtiva, como visam à exportação, têm benefícios do governo. Esse cenário favorável, contudo, não se nota numa análise a partir dos pequenos produtores. Estes se queixam de falta de regulação e suporte técnico-financeiro por parte do Estado.

Depois de feito este estudo, um caminho que sugerimos para que os pequenos produtores ganhem poder e alavanquem suas produções, seria se organizarem em ações coletivas e/ou criando abatedores em forma de cooperativas.

Este modelo já está acontecendo no setor de leite, com alguns resultados bastante satisfatórios, como por exemplo a cooperativa Ada-Liben, situada também na zona de Debre Zeit, e que conta atualmente com 787 membros, um capital social de 1.6 millões de Birr (R$ 400.000,00) e produziu 2.6 millões de litros no ano passado, que serviram exclusivamente para suprir o mercado doméstico, ainda muito dependente de importação deste produto.

A grande vantagem desta perspectiva é que, ao contrário do Brasil e do mercado de pequenos ruminantes na própria Etiópia, os abatedores de gado de corte não são companhias privadas que compram o produto para comercializá-lo, mas sim apenas prestadores de serviço. Por isso, entende-se que há espaço e oportunidade para que com cooperativas geridas de modo moderno e profissional, os produtores etíopes ganhem não só em termos de rentabilidade, mas indiretamente essa ação coletiva possa organizar o mercado, dividir conhecimento e dar maior poder de barganha, não só em nível de mercado, mas a também em nível institucional, para negociar mais suporte com as diferentes instâncias de governo.

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Bruno Reis é Economista pela Universidade Federal do Espírito Santo, Mestre em “Applied Development Studies” pela University of Reading, UK, cuja tese intitula-se “How can an innovative co-operative contribute to improvement of the cattle market in the state of Rondonia, Brazil? An Innovation System approach. Atualmente trabalha para o Centro Latino Americano para o Desenvolvimento Rural (RIMISP) em Santiago, Chile.

O autor agradece ao Dr. Elias Zerfu e Drª. Ekin Keskin pelos seus comentários a este trabalho (versão em inglês) e ao Sr. Asfaw Yimegnuhal, diretor do ILRI de Debre Zeit por ter tornado esta pesquisa possível.

0 Comments

  1. Oberdan Pandolfi Ermita disse:

    Bruno,

    Parabéns pelo artigo. Apresentou de formar clara e compreensível análise sistêmica da pecuária na Etiópia. Como foi possível perceber no seu case de estudo, países africanos possuem potencial para a produção pecuária, mas parece que ainda tardarão algum tempo para se organizarem e tornarem-se competitivos.

    Por um lado, isto é interessante porque comprova que no curto prazo eles não se apresentam como ameaças competitivas para a produção brasileira de carne bovina. Por outro lado, fico triste porque são populações de extrema carência e a pecuária poderia servir como importante alternativa de desenvolvimento econômico e social, mas que pelo visto ainda há um longo caminha a ser trilhado.

    Abraço do amigo Oberdan

  2. Bruno Marcio da Fonte Silva Reis disse:

    Olá Bruno,

    Tenho muita honra em poder dizer que colaborastes comigo na Logicomer, julgo que esta experiência amadureceu a tua mente, espírito e conhecimento.

    Muitos parabéns pela forma clara o objetiva como escreve, relativamente ao tema eu não entendo nada.

    Cumprimentos,

    Luís Sousa

  3. Alvaro Ferreira Egea disse:

    Caro Bruno

    Você está de parabéns pelo seu trabalho. A Etiópia tem potencial na produção de carne e leite; com o tempo encontrarão o caminho do desenvolvimento do país pioneiro do café.

    Para o Brasil fica a lição: há outros gigantes adormecidos que poderão ocupar espaços do mercado internacional na produção pecuária!

    Gostei muito do seu trabalho. A África ainda trará supresas!

    Alvaro Egea

  4. Jean-Yves Carfantan disse:

    Muito bom esse artigo. Valeu. Seria muito interessante mandar também alunos universitários brasileiros pesquisar em países que são competidores da pecuária nacional e/ou mercados efetivos ou potenciais. O agronegócio brasileiro vai crescer quando souber mobilizar os seus futuros executivos e mandar esse pessoal fazer verdadeiras pesquisas de campo em vez de debater sobre temáticas acadêmicas que não resolvem os problemas.

  5. Luciano Andrade Gouveia Vilela disse:

    Parabéns, gostaria de ver um artigo como esse feito por estrangeiro, sobre a nossa cadeia produtiva.

    O que será que ele consideraria excêntrico ou exótico?

    Será que o fato da indústria exportadora estar predando seus fornecedores?

    Será que o fato da atividade pecuária estar no vermelho a 2,5 anos e ainda continuar aumentando as exportações tanto em volume quanto em entrada de dólares no país?

    Será que a enorme diferença de preços entre estados vizinhos com o mesmo ou melhor status sanitário em relação ao controle da aftosa, caso do Tocantins e Maranhão por exemplo?

    Um abraço a todos!