Produtor cobra recursos para defesa agropecuária

Em reunião conjunta, na terça-feira (25), em Brasília, o Fórum Nacional de Secretários de Agricultura e o Fórum Nacional da Pecuária de Corte decidiram pressionar o governo federal pela liberação urgente dos R$ 75 milhões previstos para defesa agropecuária nos Estados em 2003. O secretário da Agricultura de Goiás, José Mário Schreiner, que presidiu o encontro, disse que, até o momento, o Ministério da Agricultura não liberou um centavo desses recursos, o que impediu os Estados de cumprirem o programa de trabalho na área de defesa agropecuária.

“Sabemos que essa situação não pode ser creditada ao ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), mas à área econômica do governo, que até agora não fez os devidos repasses de recursos ao Ministério da Agricultura”, disse José Mário.

Segundo ele, todo o trabalho tem como base o tripé iniciativa privada, governos estaduais e governo federal, mas apenas os dois primeiros estão efetivamente dando suas contrapartidas. “Os Estados já estão gastando o que não podem com a manutenção dos órgãos de defesa agropecuária e não têm com se responsabilizar pelo aporte dos recursos que seriam da contrapartida federal”.

Os participantes do encontro decidiram, por unanimidade, encaminhar um documento ao presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, relatando a situação da defesa agropecuária no País e solicitando sua interveniência para a liberação dos recursos.

No ofício, com cópia para os ministros Roberto Rodrigues (Agricultura), Antônio Palocci (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento) e José Dirceu (Casa Civil), os fóruns asseguram que os dez estados maiores produtores já gastaram, neste ano, cerca de R$ 400 milhões com defesa sanitária.

O documento ressalta, ainda, que os R$ 75 milhões da contrapartida do governo federal representam menos de 0,1% do superávit comercial do setor agropecuário brasileiro, previsto para US$ 25 milhões até o final do ano.

Fórum pede sensibilidade

Para o presidente do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, esses números só têm servido para ornar discursos ufanistas do governo, já que todos os anos as lideranças do setor rural são obrigadas “a sair de chapéu na mão” implorando para que as autoridades econômicas liberem os recursos da defesa agropecuária.

Antenor Nogueira disse esperar que o governo demonstre um mínimo de sensibilidade para com o grave problema do financiamento das ações de defesa agropecuária no País, respondendo ao pleito das entidades de forma positiva e rápida. “É um contra-senso que o governo se atire entusiasticamente a negociações como a da Alca e a do Mercosul-União Européia, mas, internamente, faça corpo mole com relação à defesa agropecuária, quando se sabe que a questão da sanidade animal e vegetal é hoje ponto fundamental na pauta de todas as discussões internacionais”, disse Nogueira.

Para José Mário, os estados já estão preocupados com o orçamento da defesa agropecuária para o próximo ano, que precisa ser aumentado, e chegar efetivamente aos órgãos de destino. Ele argumentou que o serviço de defesa precisa ser modernizado e reforçado em todo o País, especialmente no estados-tampão da área livre de febre aftosa, onde os riscos são naturalmente maiores. Além disso, o secretário entende que está na hora de priorizar outras áreas não menos importantes da agropecuária, como a pesquisa, a assistência técnica e a extensão rural.

Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint