Análise Semanal – 08/10/03
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10 de outubro de 2003

Produtor confirma sucesso de programa de qualidade

Benefícios refletem-se em terminação, desfrute e finanças

Quando se fala em programas de qualidade, logo se pensa no retorno, o qual nem sempre é imediato. No médio prazo, porém, instalam-se diferenciais que garantem resultados significativos, como atestam produtores que o adotaram.

Osmar Junqueira de Freitas, das fazendas Sagarana, Corguinho e Santa Maria, em Minas Gerais e Goiás, é um deles. Empregando o programa desde 1999, atestou, junto a Ricardo Magnino, gerente das propriedades, aumento da velocidade de terminação dos animais, crescimento do desfrute, devido ao melhoramento do manejo e, conseqüentemente, resultados financeiros melhores. Para eles, a importância de um programa de qualidade está na possibilidade de profissionalizar a produção e ganhar em competitividade.

O depoimento foi dado ao veterinário André Galassi Gargalhone, da Céleres Consultoria, instrutor do curso online Programas de qualidade assegurada para fazendas de gado de corte da AgriPoint, que acrescentou: “A área financeira é a que sofre alterações mais rapidamente a partir do momento em que se consegue produzir enquadrado ao sistema. Um ciclo de produção completo, cerca de dois anos após a implantação do programa, é o prazo limite para os primeiros resultados significativos em aspectos como terminação e desfrute”.

Segundo ele, a diferenciação se acentua com o passar do tempo, à medida que cada propriedade apresenta uma velocidade de implantação particular. Há fazendas no Mato Grosso, por exemplo, que aplicam apenas partes do programa em cria e engorda, e que já são beneficiadas, embora não tenham chegado ao estágio das propriedades de Freitas, que conseguiu ser mais eficiente, abrir novos mercados com produtos diferenciados e agregar valor ao produto final.

“O produtor nunca perde por aplicar uma parte isolada. Talvez deixe de ganhar o que o programa completo poderia oferecer, mas qualquer melhora tem seu retorno. O simples fato de começar a controlar os números já é um ganho”, afirmou o veterinário, explicando que a primeira etapa de um programa de qualidade é adequá-lo ao sistema de produção normal.

Em seguida, parte-se para o programa de qualidade assegurada, o qual garante três benefícios: aumento do valor do produto vendido, diminuição do custo de produção e adequação as novas e futuras exigências dos mercados compradores. “Nessa fase, dá-se cara ao produto, à fazenda”, ressaltou Gargalhone, comentando que, no caso das propriedades citadas, acompanhadas há certo tempo, verificou resultados melhores. “Mesmo assim, nem sempre são tão bons, pois dependem do mercado e do cenário econômico”, alertou o veterinário, destacando que a análise é complexa, não pontual.

As palavras de Freitas e Magnino confirmam essa complexidade. As ferramentas que utilizam para alcançar uma qualidade diferenciada envolvem um conjunto de mudanças, treinamento de pessoal, avaliação técnica e econômica, questionamentos sobre o que desenvolver e onde fazê-lo, melhoramento genético do rebanho, controle sanitário e nutricional eficiente, com reflexos positivos na qualidade de vida pessoal, sempre de forma planejada.

No curso on line que ministrará a partir de 4 de novembro, Gargalhone pretende abordar os conceitos da qualidade em fóruns e chats, tirando dúvidas a partir de aplicações práticas. “O objetivo é atingir produtores que ainda não têm consciência, bem como os técnicos, multiplicadores desse conhecimento no dia-a-dia da fazenda”, destacou, reforçando a necessidade de disciplina para completar o curso que dura seis semanas.

O veterinário comentou que ações que parecem óbvias não têm sido aplicadas por muitos produtores. “Em viagens por todo o país, nas conversas com os produtores, podemos perceber que 99% do setor produtivo não trabalham com conceitos adequados. Tocam o negócio e, como a atividade tem pouco risco, ficam satisfeitos. Não sabem analisar, fazer diagnóstico da atividade”, analisou, acrescentando que é este o caminho para a pecuária.

A opinião é compartilhada por Freitas e Magnino, para os quais aqueles que modernizarem suas propriedades terão bons resultados. “A maior dificuldade são as relações com o frigorífico. Os prestadores de serviço estão com suas indústrias sucateadas e os grandes não se dispõem a repartir os resultados com os produtores”, denunciaram.

Fonte: Mirna Tonus, da Equipe BeefPoint

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