Os últimos dias foram marcados pela queda-de-braço entre frigoríficos e pecuaristas de Minas Gerais. De um lado as empresas pressionam pela redução nos preços da arroba do boi, enquanto no campo os produtores aproveitam a oferta de alimento, prolongada pelas chuvas contínuas de abril, para segurar os animais no pasto e forçar a alta nos preços. No início da semana, vários frigoríficos reduziram em R$ 1 a cotação da arroba. A retração no dólar, que diminuiu a margem dos exportadores, somada ao fraco desempenho do mercado atacadista e a Semana Santa, também forçou a desvalorização da carne bovina. No fechamento do mercado na sexta-feira (18), a arroba do boi no Triângulo Mineiro foi contada em R$ 54,50.
Na prática, os frigoríficos têm enfrentado algumas dificuldades para manter a escala de abate, afirmou o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas da Região (Sindicarne), Ewerton Magalhães Siqueira. “O boi está terminado, mas alguns pecuaristas estão tentando pressionar os preços”, observou.
Para o presidente do Sindicato Rural de Uberlândia (SRU), Paulo Roberto Andrade Cunha, o produtor precisa ser remunerado pelo aumento nos custos de produção, provocado pela desvalorização do real no ano passado. Ele afirmou que a valorização da arroba, hoje cotada a pouco mais de R$ 54, não foi suficiente para cobrir a alta nos custos. “A maioria dos insumos, como vacinas, sal e ração, é cotada em dólar. Na opinião de Cunha, a arroba do boi deveria ser cotada hoje em pelo menos R$ 60. “Terminamos o boi com o dólar cotado a R$ 3,50. Pagamos os insumos nessa cotação, mas agora, no momento da venda, não somos beneficiados com o recuo da moeda norte-americana e ainda temos que ver o preço da arroba se desvalorizar por conta disso”, criticou.
Hoje, o mercado sinaliza para a queda na cotação do produto para o mês de maio, afirmou o consultor da Cepra, André Galassi. Mas as exportações podem reverter a tendência de recuo nos preços. Segundo ele, se houver aumento na demanda internacional pela carne brasileira, a situação pode se inverter.
Fonte: Jornal Correio/Uberlândia (por Rafael Godoi), adaptado por Equipe BeefPoint