O comissário da Agricultura da União Européia (UE), Franz Fischler, está sendo atacado por propor que a carne bovina argentina tenha maior acesso ao mercado europeu. “Isso é particularmente ruim, considerando que os produtores do Reino Unido e da Europa estão apenas começando a se recuperar do grande desastre que acometeu a agricultura do país, por causa da febre aftosa”, disse o membro do Parlamento Europeu, Robert Sturdy em uma carta enviada a Fischler. “Nós não podemos permitir mais importações neste momento”.
Essa queixa surgiu após uma reunião ocorrida recentemente entre o comissário da Agricultura europeu e o ministro da Agricultura da Argentina. Fischler disse que esse aumento do volume de importação das carnes argentinas é necessário para que a Europa possa auxiliar o país sul americano a se recuperar dos atuais problemas que acometem sua economia.
“A Argentina está passando por uma das maiores crises econômicas e sociais, e a Europa prometeu ajudar. Neste contexto, eu proponho a abertura de uma cota de importação de carne bovina argentina de qualidade Hilton de 10 mil toneladas”.
Porém, Sturdy disse que esta atitude é bastante prejudicial aos produtores rurais europeus. “Eu tenho a impressão que a caridade começa em casa. É muito irônico que a UE se prejudique para que preste favor a outros”. Ele também criticou o fato da UE reabrir seu mercado logo após a Argentina ter sofrido uma epidemia de febre aftosa.
Os produtores de carne da Irlanda também se posicionaram contra esta medida. “É absolutamente ridículo que a UE esteja planejando permitir o aumento das importações argentinas, enquanto os preços da carne bovina ainda estão muito baixos”, disse o presidente do setor de carne bovina da Associação dos Fornecedores de Creme de Leite da Irlanda, John O’Leary. “O mercado mais tradicional da Irlanda, o Egito, ainda não está recebendo carne, e, mesmo assim, a UE quer permitir maiores importações, prejudicando-nos mais ainda”.
Atualmente, a Argentina já possui uma cota Hilton para exportar carne bovina para a UE de 28 mil toneladas, submetidas a uma tarifa de importação de 20%. Essa cota pode ser comparada com as cotas dos Estados Unidos e do Canadá, 11,5 mil toneladas, e da Austrália, 7 mil toneladas.
Fonte: Farmers Weekly (por Philip Clarke), adaptado por Equipe BeefPoint