A valorização do boi rastreado nos frigoríficos já está fazendo com que os custos do pecuarista com a identificação dos animais sejam compensados, incluindo um pequeno lucro. Cálculos realizados pelo engenheiro agrônomo Luis Alberto Moreira Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Criadores (ABC), revelam que o custo médio da rastreabilidade por animal são R$ 4, que retornam ao pecuarista quatro vezes mais no momento da venda ao frigorífico.
Para fazer seus cálculos, Ferreira considerou os valores médios de quatro itens que compõem o custo total da identificação e certificação: brinco (R$ 1,00), valor pago à certificadora (R$ 2,00), visita técnica à propriedade (R$ 0,50) e despesas na fazenda (R$ 0,50).
Como o boi gordo rastreado tem valido mais nos frigoríficos – arroba a R$ 60,00, contra R$ 59,00 do boi não-rastreado -, um animal com 18 arrobas (peso médio para abate) rende ao pecuarista o suficiente para retornar os custos com a identificação e proporciona um excedente de R$ 14,00. Os números confirmam que o valor despendido com o processo de rastreabilidade é pouco significativo: 0,38% do valor do animal.
Membro do Conselho Consultivo do Sisbov (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina), Ferreira tem-se empenhado em desfazer a opinião, formada nos meios da pecuária de corte, de que os custos da rastreabilidade seriam elevados e teriam de ser bancados pelo pecuarista. “O lucro adicional ainda é pequeno, mas já o suficiente para constatar que a rastreabilidade não é um gerador de despesas ao criador”, afirmou. “Ao contrário, é um indicador de que o mercado já valoriza a rastreabilidade, mesmo considerando que ainda não foi plenamente implantada no Brasil”.
O presidente da ABC vê a rastreabilidade como fator de evolução e aperfeiçoamento da pecuária brasileira e requisito fundamental para a segurança alimentar. “A rastreabilidade é a chave que faltava na nossa pecuária”, declarou Ferreira. “Com ela, vamos qualificar a carne que produzimos, seremos recompensados financeiramente por isso e ofereceremos ao consumidor um produto nos padrões de total segurança alimentar”.
Fonte: Assessoria de Imprensa da ABC, adaptado por Equipe BeefPoint
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Prezados Senhores.
Sem dúvida nenhuma a rastreabilidade se faz necessária por inumeras razões sanitárias e também econômicas quando se busca maior produtividade e rentabilidade. Porém penso que é uma grande demagogia manifestações querendo mostrar que os frigoríficos estão valorizando o animal rastreado, sendo o que está ocorrendo é a desvalorização do animal não rastreado.
Com base no exposto nesta nota, não é possível saber realmente qual é o ganho que o produtor está tendo, pois tudo isto depende também da quantidade de animais que a propriedade a ser certificada possui para que seja considerado no rateio das despesas com certificação.
Quais seriam as considerações que devem ser feitas para que pequenos produtores viabilizem economicamente a certificação da propriedade?
Não tenho intenção de polemizar, porém não vejo abordado o tema rastreabilidade aplicado a pequenos produtores, de forma a orientá-los no melhor caminho a ser seguido, sendo que temos grande quantidade de pequenos produtores que engrossam a cadeia de fornecimento de carne.
Muito simplória a conta feita pelo articulista, não levam em conta, entre outros custos, aumento do contrôle (mão de obra com maior qualificação) e os riscos no manejo do rebanho, etc.
Não é por outro motivo que ainda há muito amadorismo na gestão rural.