Fechamento 11:40 – 10/10/01
10 de outubro de 2001
Antecipada a vacinação contra febre aftosa na Ilha do Bananal
15 de outubro de 2001

Produtores precisam ter participação efetiva na indicação de seus representantes políticos

As estimativas de aumento de exportação de carne bovina para 2.001 parecem que estão sendo confirmadas. Embora tenha grande influência, o fato de países tradicionalmente exportadores como Argentina e Uruguai estarem temporariamente fora desse mercado, sem dúvida nenhuma, a mudança de atitude de autoridades brasileiras e em especial o envolvimento do setor produtivo (pelo menos parte dele) tem propiciado uma expectativa que esse aumento de exportação atual possa se converter em expansão definitiva do mercado externo.

Além de todos os requisitos de qualidade e de segurança alimentar que devem e que terão de ser atendidos para esse aumento crescente do mercado externo para a carne bovina brasileira, achamos que o relacionamento comercial entre os principais frigoríficos exportadores e os produtores, precisa evoluir bastante. Os produtores são quase sempre os mais prejudicados. Na maioria dos casos são também co-responsáveis por essa situação, pois normalmente são individualistas e têm pouco espírito de união e associação para reivindicar e pressionar por direitos de interesse comum. De outro lado, os frigoríficos normalmente estão com a faca e o queijo, pois além de aumentar ou diminuir abates de acordo com suas conveniências, parecem usar o peso de carcaça (rendimento de carcaça) como meio de equilibrar a saúde de seus negócios. Quando o preço está em alta e falta boi, o rendimento de carcaça tende a aumentar, ocorrendo o contrário quando o preço está em baixa e a oferta é grande.

É claro que, em um mercado capitalista, a oferta e a demanda devem ser os principais mecanismos de definição de preços. Entretanto, deve haver sempre mecanismos que impeçam a manipulação e o uso de meios desleais por quaisquer das partes envolvidas em, sempre, levar vantagens. Para haver equilíbrio, as regras têm que estar bem estabelecidas e serem regidas por contratos bem elaborados.

Os principais interessados no estabelecimento dessas regras e contratos deveriam ser os produtores, pois como foi dito acima, sempre são os maiores prejudicados quando o mercado está desfavorável, e se beneficiam muito pouco quando o mesmo está favorável. Além de problemas de rendimento de carcaça, existe constantemente alto risco de inadimplência. No geral, não adianta reclamar do governo, mas sim pressioná-lo para o cumprimento das leis existentes sobre o setor. Caso a legislação apresente falhas que levem ao desequilíbrio no relacionamento entre as partes, ela deve ser modificada e para isso as reivindicações e pressões devem ser feitas junto ao Congresso através dos representantes da classe produtora.

A classe produtora tem que participar ativamente de associações para orientar e ser orientada na escolha de parlamentares que de fato representem e defendam os interesses coletivos, fornecer subsídios a esses representantes para elaboração, modificação e, principalmente, cumprimento de leis de interesse de toda a categoria.

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