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12 de junho de 2002
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14 de junho de 2002

Produtos pagam 35% de taxa nos EUA

Na opinião do especialista agrícola do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) e professor da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Jank, o Brasil teria mais vantagens comerciais se negociasse a redução de tarifas com os Estados Unidos do que se desse atenção total ao projeto de redução de subsídios rurais.

De acordo com ele, a tarifa média ponderada pela pauta de exportações que os produtos agrícolas brasileiros encontram ao entrar nos Estados Unidos é de 35%. “Na União Européia essa tarifa é de 20%. A redução das tarifas nos EUA traria vantagens para um número maior de produtos brasileiros. Além disso, dos subsídios mundiais fornecidos aos produtores agrícolas, 90% está concentrado na Europa”, afirma.

Pelos cálculos apresentados por Jank no Primeiro Congresso Brasileiro de Agribusiness, se a Europa retirasse todo o tipo de protecionismo (tarifas e subsídios), entre os produtos que seriam negociados entre o Mercosul e o bloco europeu, o trigo seria o mais beneficiado. “O comércio de trigo teria um avanço de 700%, seguido pela carne bovina com crescimento de 350%”, afirma o professor.

Nesse cenário, o especialista aposta que a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) deveria ser prioridade para o Brasil. “O ideal seria que fosse aberto o maior número de frentes de negociações possíveis, mesmo porque a União Européia (UE) está mais interessada, no momento, em integrar ao bloco o leste europeu”, diz.

A redução dos picos tarifários que alguns produtos encontram ao entrar nos Estados Unidos, como suco de laranja, fumo e carne, seria o ponto chave nas negociações da Alca. “Cotas de exportação não resolvem o problema de um grande exportador como o Brasil. A UE quer aumentar as cotas brasileiras e os negociantes não podem aceitar essa proposta”, afirma Jank.

O especialista lembra que as conversas com a UE só tiveram início depois que as negociações com a ALCA começaram. “Os europeus não vão querer perder os investimentos que já fizeram no Brasil. Precisamos aproveitar essa oportunidade histórica única de que muitos países estão interessados em sentar para negociar”, diz, ao lembrar que o México além do acordo com os EUA possui outros trinta acordos bilaterais.

Marcos Jank ressalta que o Brasil passa pelo pior momento nas negociações de comércio mundial, com os atuais níveis de subsídio, as barreiras tarifárias e as não-tarifárias. “Deveríamos seguir o exemplo da Austrália nas negociações de acordos comerciais que envolvem a agropecuária. Não é por nada que ela lidera o Grupo de Cairns”.

A atual situação mundial de negociações comerciais vai exigir que o Brasil intensifique a formação de uma política comercial mais agressiva na opinião de Jank. “A linha que está sendo defendida de protecionismo doméstico nada contribui ao agronegócio do Brasil”, afirma.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Alexandre Inácio), adaptado por Equipe BeefPoint

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