A profundidade de semeadura é importante para o sucesso da implantação de pastagens.
No artigo anterior (Dicas para a boa formação de pastagens), a profundidade de semeadura foi colocada como um dos fatores determinantes da boa formação de uma pastagem. Alguns leitores mais curiosos podem se perguntar “Será que a profundidade é realmente importante? Como a semente vai saber em que profundidade ela foi colocada?”
Durante o período inicial de formação do pasto, a reserva orgânica da semente é responsável por fornecer os nutrientes necessários para a sobrevivência e desenvolvimento das novas plantas. Como as sementes de gramíneas forrageiras são, de modo geral, bastante pequenas, elas possuem poucas reservas. Isso significa que, se o período que a planta depende das reservas se estender muito, estas não serão suficientes para sustentar as novas plântulas até que se estabeleçam.
Para que a semente deixe de depender das reservas orgânicas, é preciso que a plântula comece a realizar fotossíntese, ou seja, é necessário que suas folhas recebam luz do sol. Quanto maior a profundidade de plantio, maior será o percurso que a plântula deverá percorrer para permitir que suas folhas tenham acesso à luz solar.
As sementes “percebem” a profundidade em que se encontram por meio da luz. No caso de forrageiras tropicais, as sementes são induzidas a germinarem por um flash de luz. Como a luz só é capaz de penetrar nos primeiros centímetros do solo, as sementes muito profundas não recebem o estímulo necessário para germinarem.
Esse mecanismo de controle permite que as sementes fiquem armazenadas no solo até que elas se encontrem em posição favorável para o sucesso de seu desenvolvimento. Ele também explica porque há um estímulo à germinação e ao desenvolvimento de sementes de plantas daninhas quando o solo é revolvido. Ao trabalhar a terra com grades e arados, as sementes de invasoras que se encontravam dormentes nas profundidades maiores são trazidas para cima e sofrem estimulo para germinarem.
Plantios muito rasos, por outro lado, colocam as sementes em uma região do solo em que as variações de temperatura e disponibilidade de água são muito elevadas, podendo prejudicar a germinação e o desenvolvimento inicial da planta.
Outro problema que pode ocorrer durante o desenvolvimento inicial das plantas é a formação de crostas no solo. Nesse caso, as plântulas não são capazes de romper a crosta formada e não conseguem emergir. Para se reduzir o risco de formação de crostas deve-se evitar o preparo excessivo do solo (solo pulverizado).
Comentários dos autores:
A profundidade de semeadura é um ponto-chave para o sucesso de implantação de pastagens. Apesar disso, a maior parte dos implementos utilizados para o plantio de gramíneas forrageiras não permitem um bom controle da profundidade de colocação das sementes.
As semeadoras de sementes miúdas permitem um melhor controle da posição da semente que as esparramadoras de calcário. No entanto, os mecanismos de compactação das sementes nas semeadoras nem sempre é suficiente para proporcionar contato adequado entre a semente e o solo.
Nos casos em que não for possível utilizar implementos com bom controle de profundidade de plantio, deve-se aumentar a taxa de semeadura para reduzir o risco de insucesso devido ao estabelecimento de baixo número de plantas. O plantio de forrageiras utilizando esparramadora de calcário seguida de grade têm trazido bons resultados em diversas situações.
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Gostaria de saber qual a pastagem que podemos semear em cima do campo nativo no verão e quais os trevos amarelos que existem.