O Programa de Recuperação de Pastagem (Repasto) será lançado oficialmente hoje em Mato Grosso do Sul. O Estado possui 16 milhões de hectares destinados ao rebanho bovino, dos quais, de acordo com pesquisadores da Embrapa, 9 milhões estão degradados e 3 milhões já apresentaram algum nível deterioração. Para recuperar totalmente a área já degradada, com forragem de média a alta qualidade, seria necessário um investimento médio de R$ 3,1 bilhões, considerando que o preço da recuperação varia de R$ 100 a R$ 600 por hectare. Mato Grosso do Sul possui 23 milhões de cabeças de gado, o maior rebanho do País.
Para recuperar a pastagem, os produtores rurais recorrem cada vez mais aos empréstimos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO). Neste ano, até novembro, o conselho estadual do fundo havia aprovado 123 projetos, que prevêem investimentos de R$ 36,9 milhões. Mas, de acordo com o pesquisador da Embrapa, Armindo Kichel, a maneira mais econômica está em prevenir a degradação.
O Repasto, que será lançado pelo secretário estadual de Produção, Moacir Kohl, prevê o treinamento de técnicos para difundir tecnologia que resulte na recuperação de pastagem. Desde outubro, 50 profissionais participam de cursos, dos quais 40 são da iniciativa privada, cinco do Brasil do Brasil e o restante do governo do Estado. Também participam do Repasto o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Mato Grosso do Sul (AEAMS) e Federação da Agricultura (Famasul).
O pesquisador Kichel, responsável pelos estudos da Embrapa Gado de Corte no ramo de pastagens, explica que a degradação pode ser definida quando a área está 50% abaixo de seu potencial produtivo ou abriga menos animais do que poderia, de acordo com o tipo de solo, espécie de forragem e clima. No início do processo de deterioração, ocorre a perda de vigor, a vegetação se reduz, aparecem plantas invasoras e, por fim, verifica-se o surgimento da erosão e da degradação do solo, onde nada mais brota.
O mais econômico é intervir no início do processo, explica o pesquisador, e também adotar técnicas de prevenção, a começar pelo preparo e conservação do solo, bem como correção de fertilidade. Outra medida importante está em ´plantar capim certo em terra certa´, diz Kichel, acrescentando ainda que o cultivo também deve ser feito em época apropriada.
Fonte: Gazeta Mercantil, adaptado por Equipe BeefPoint