Pesquisadores da Universidade Estadual de Oklahoma lançaram um projeto multidisciplinar de US$ 1 milhão, com duração de quatro anos, para estudar o estresse em bovinos usando inteligência artificial e tecnologias de sensores.
“Eu tinha uma teoria de que alguns desses animais podem ser geneticamente predispostos a produzirem carne escura ou a terem insuficiência cardíaca ou a serem menos eficientes devido a estressores físicos e interações animal-ambiente”, disse Janeen Salak-Johnson, professora associada de ciências animais e de alimentos.
A carne escura, chamada em inglês de dark cutter, refere-se à carne que não apresenta uma cor vermelha brilhante na classificação. As carcaças sem coloração brilhante não são vendidas em lojas de varejo e são descontadas para outros serviços de alimentação. Os cientistas acreditam que a condição é parcialmente causada pelos estressores acumulados que os animais sofrem durante a fase de desmame.
O projeto, financiado pelo Departamento de Agricultura dos EUA – programa Interdisciplinary Engagement in Animal Systems (Envolvimento Interdisciplinar em Sistemas Animais), estudará gado de crescimento moderado e de crescimento elevado sob as mesmas condições para determinar se existem diferenças entre eles quando estão estressados. A tecnologia de sensores será usada para monitorar o comportamento animal e a resposta ao estresse, incluindo frequência cardíaca, temperatura corporal, passos e frequência respiratória.
“Essas condições não ocorrem porque os animais sofrem estresse uma única vez. É um efeito cumulativo”, disse Salak-Johnson. “Esse projeto nos permitirá caracterizar as respostas fisiológicas desses animais com base em sua genética de crescimento. Esperamos desvendar em que momento da vida eles enfrentam os estressores mais críticos e se o nível de estresse que sofrem é influenciado por sua capacidade genética de crescimento.”
Tradicionalmente, os produtores selecionam o gado com base em características de produção, como taxa de crescimento, qualidade da carcaça ou produção de leite.
“A frequência de perdas por morte no final do período de terminação tem aumentado gradualmente. Há especulações de que parte desse problema pode estar relacionada à seleção agressiva e contínua para o crescimento do gado”, disse David Lalman, professor de ciências animais e de alimentos. “Muitos acreditam que isso ocorre porque os suprimentos de energia dos animais são usados para sustentar o crescimento elevado, deixando pouca energia para sustentar o sistema imunológico.”
Em um estudo preliminar, a equipe de pesquisa de Salak-Johnson coletou amostras de sangue dos mesmos dois tipos de gado. Os resultados indicaram que sua genética afetava os parâmetros sanguíneos e as respostas imunológicas.
“Começamos a perceber que até mesmo a resposta ao estresse desses animais ao desmame é parcialmente influenciada pela genética”, disse ela.
Ranjith Ramanathan, professor de ciências animais e de alimentos, especializado em ciência da carne, disse que os pesquisadores também planejam trabalhar com consultores veterinários e grandes operações de confinamento para continuar a coletar tecidos de bovinos que morreram de síndrome da morte súbita.
“Estamos procurando alterações de proteínas ou metabólitos em bovinos com morte súbita para prever a causa”, disse ele. “Quanto mais amostras estudarmos, mais poderemos aprender sobre sua morte.”
Uma ferramenta de biomatemática será usada para estudar amostras de tecidos, e a tecnologia de IA ajudará na avaliação de dados para criar uma ferramenta que preveja quais animais estão predispostos ao estresse. Ashley Railey, professora assistente de sociologia, entrevistará os produtores sobre a probabilidade de adotar a tecnologia de previsão. Outros envolvidos na pesquisa são Paul Beck, Gretchen Mafi e Morgan Pfeiffer, de ciências animais e de alimentos; Sathya Aakur, de ciência da computação; e Ning Wang, de biossistemas e engenharia agrícola.
“Eu realmente acho que essa equipe tem a oportunidade de causar um impacto significativo nessa área de pesquisa porque vamos analisar uma caracterização mais holística e completa desses animais”, disse Salak-Johnson. “Essa pesquisa pode fazer com que os produtores tenham a capacidade de implementar estratégias em determinadas épocas do ano ou quando observarem certas mudanças de comportamento no gado.”
Fonte: BEEF Magazine, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.