Com uma proposta de impor cotas aos principais produtos de exportação agrícola do Mercosul, a União Europeia alerta que um futuro acordo com o bloco sul-americano terá de atender os interesses e “sensibilidades” dos produtores rurais europeus.
A partir de segunda-feira, 2 de outubro, os dois blocos voltam a se reunir para um encontro crítico, em Brasília. Depois de 18, os dois lados vão finalmente trocar ofertas do que estariam dispostos a abrir em seu mercado.
Negociado desde 1999, o acordo viveu um impasse depois que o Brasil pediu uma cota em 2004 de 300 mil toneladas de carne bovina para o mercado europeu, além de 1 milhão de litros de etanol.
Agora, a oferta preparada pelos europeus apontará para apenas 78 mil toneladas de carne e um valor bem abaixo para o etanol.
Para Bruxelas, a redução das cotas não pode ser considerada como uma surpresa e o futuro do acordo dependerá do que o Mercosul oferecerá em troca. Só assim, avaliam diplomatas europeus, uma revisão para cima da proposta poderá ser realizada.
Os europeus, porém, deixam certas margens para ainda discutir uma ampliação.
Negociadores do Mercosul indicaram que a esperança é de que ao calibrar a oferta, a UE suba sua proposta para cerca de 95 mil toneladas de carne.
Mas, internamente, o bloco europeu tem sido alvo de uma dura pressão. Nas últimas semanas, produtores têm feito um forte lobby em diversas capitais para alertar que não aceitarão um acordo comercial com o Mercosul que inclua um amplo acesso aos produtos sensíveis.
Politicamente, porém, a Comissão Europeia quer usar o Mercosul para dar um sinal claro de que o comércio não pode ser ameaçado por tendências protecionistas. Por esse motivo, a meta é a de se chegar a um acordo até dezembro deste ano.
Fonte: Estadão, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.