A Agropecuária São Lourenço, um criatório de pardo-suíço de corte, em Itapeva (SP), juntamente com outras propriedades paulistas: Fazendas Bonança, em Pereira Barreto; Aurora, em Santa Cruz das Palmeiras, e Santana, em Rancharia, estão entre as pioneiras a aderirem ao Sistema Agropecuário de Produção Integrada (Sapi Cadeia Bovina). Lançado em março pelo Mapa, o programa visa certificar propriedades pecuárias e frigoríficos que usem boas práticas agrícolas, ambientais, sociais e de fabricação.
Graças ao Sapi Cadeia Bovina, a pecuária brasileira poderá subir mais um degrau em tecnologia de produção no mercado externo e habilitar-se como fornecedora de produtos e serviços de alto valor agregado. “Teremos a marca Brasil”, disse o coordenador do Comitê Técnico do Sapi para o Estado de São Paulo, Sérgio Novita Esteves. “A proposta é atestar os processos de certificação de produtos, além da identificação de origem e rastreabilidade”. Ou seja, monitorar e rastrear todo o processo ligado à produção da carne, desde as práticas agrícolas, ambientais e sociais adotadas na fazenda e no frigorífico até a venda na gôndola do supermercado.
No mês passado, Esteves participou de reunião com as Associações Brasileira do Novilho Precoce (ABNP) e dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), além de representantes do Mapa e da Secretaria da Agricultura paulista para a escolha das primeiras propriedades que darão início ao programa em SP. “Algumas já têm o selo Eurepgap e outras que já adotaram algumas práticas”, revelou o presidente da ACNB, Constantino Ajimasto.
Intermediário
O dono da Agropecuária São Lourenço, o médico José Lopez Fernandez Netto, produz genética de pardo-suíço há dez anos e já incorporou algumas exigências do Sapi relacionadas ao trato dos animais, ao meio ambiente e aos funcionários. “Temos um modelo intermediário, com soluções ecológicas”, disse o criador. Entre as normas ambientais seguidas por ele, estão a preservação de matas e rios da propriedade.
Na sanidade animal ele conta com a parceria de um laboratório para a utilização de produtos homeopáticos no tratamento de ecto, endoparasitas e viroses dos animais.
Futuro
Segundo Fernandez Netto, que é presidente da Associação Paulista dos Criadores de Gado Pardo-Suíço, assim como o Programa Integrado da Fruticultura (PIF) revigorou a fruticultura, o Sapi vai salvar a pecuária. “Como os preços estão ruins, os criadores terão de valorizar a produção, seja por meio de genética para o ganho rápido de peso ou de manejo, ou ambos”. Para produzir genética de ponta, principalmente para exportação, ele disse que se deve repensar o controle de ecto e endoparasitas.
Na opinião de Fernandez Netto, o Sapi proporcionará ganhos, pois representa a união para produzir mais quilos de proteína bovina por hectare, segundo o padrão aceito internacionalmente. E ele antecipa uma novidade: a construção, em Rolândia (PR), de um frigorífico dentro das normas do Sapi. “Vamos ter um preço melhor, equiparando macho e fêmea, por exemplo”, prevê.
Candidata
A Fazenda Terra Boa, em Guararapes (SP), dos irmãos Olívia e José Luiz Niemeyer dos Santos, é candidata a entrar no Sapi. A propriedade seleciona nelore há 40 anos, produz milho, cana e sorgo, e está prestes a receber o ISO 14001, da proteção ambiental. Ele diz que a fazenda recicla lixo, faz compostagem, tratamento de efluentes e de toda a água utilizada, além de reflorestamento de nascentes. “Também fazemos a armazenagem correta do óleo diesel que, pode contaminar o solo”, diz José. Os cuidados são estendidos ao funcionários. “O bem-estar é fundamental”, diz. Como a fazenda trabalha com a política de ter famílias, há empregados antigos. “Com estabilidade, eles investem mais em si próprios.”
Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Beth Melo), adaptado por Equipe BeefPoint
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Vejam bem a confusão que o MAPA vem gerando com esta questão da rastreabilidade. Não é minha intenção ficar contra coisa alguma, mas está difícil entender onde é que querem chegar.
Ora, se as últimas notícias dizem que o SISBOV está sendo reformulado, fica complicado compreender o porquê da existência do SAPI.
Então vamos ter dois sistemas? SAPI e SISBOV? Mas por quê? E para quê?
Considerando que o entendimento mundial é de que a rastreabilidade deva ser obrigatória e individual, o MAPA precisa decidir, com urgência, qual o caminho que vai seguir!
Mais ainda: é necessário que haja um banco de dados único para todo o país. Com SAPI e SISBOV isto será impossível. Caso não se tome um rumo melhor definido o que teremos será um arremedo de rastreabilidade e que não terá a mínima credibilidade dos importadores. E a certificação?
Agora então com selo Eurepgap?
Fui ver no site http://www.eurep.org/farm/cbs.html?countryid=0&continentid=5 e somente uma certificadora brasileira está creditada.
As demais estão em fase de espera e algumas, acabados os seis meses provisórios, não conseguiram creditação. Afinal, qual é o rumo? Esta será a pergunta dos importadores.