Para forragens tropicais, durante o período de secas, com a proteína como nutriente limitante, o uso de suplementos a base de proteína degradável no rúmen (PDR), ou nitrogênio não protéico (NNP), é uma boa alternativa para suprir essa deficiência.
Para forragens tropicais, durante o período de secas, com a proteína como nutriente limitante, o uso de suplementos a base de proteína degradável no rúmen (PDR), ou nitrogênio não protéico (NNP), é uma boa alternativa para suprir essa deficiência. As concentrações de proteínas dos alimentos é demonstrada como proteína bruta (PB) e, calculada através da multiplicação da quantidade de N no alimento pelo fator de 6,25. A PB considera as diferentes formas de N encontrados nos alimentos, como o NNP, o nitrogênio associado à fibra insolúvel em detergente ácido (NIDA), sendo este último indisponível para o animal. Os programas modernos de avaliação e formulação para expressar as exigências dos animais vêm utilizando o conceito de proteína metabolizável (PM).
A PM é toda proteína verdadeira absorvida no intestino delgado, sendo ela de origem microbiana ou do próprio alimento. Com o uso deste sistema passou-se a considerar a degradabilidade da proteína no rúmen e a separação das exigências dos microorganismos no rúmen e dos animais. Desta forma a PB dos alimentos são fracionadas em proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não degradável no rúmen (PNDR), e a soma de ambas vai ser igual ao valor de PB.
A maximização da síntese de proteína microbiana é a forma mais barata e eficiente de fornecer proteína de alta qualidade ao bovino, sendo os microorganismos a principal fonte de deste nutriente (>50%) para ruminantes. Para isso, é necessário o fornecimento de substratos em quantidade adequada para maximizar a síntese de proteína microbiana, que ocorre em função da disponibilidade de nitrogênio e carboidratos no rúmen.
A eficiência da síntese de proteína microbiana gira em torno de 12,5 % do NDT para dietas com mais de 40 % de forragem. Assim, a eficiência da síntese de proteína microbiana é igual à exigência de PDR, ou seja, para cada kg de NDT ingerido pelo animal, a quantidade de PDR deverá ser de 12,5 %. A literatura apresenta valores para relações de PDR e NDT variando de 7,1 a 17 %, sendo que o NRC gado de corte (2000) adota 13%.
O aumento da atividade microbiana no rúmen e, conseqüentemente, a maior eficiência em digestão da forragem, ocorre em função de teores adequados de amônia. A PDR em quantidades adequadas vai elevar os teores de nitrogênio amoniacal, que será usado pelos microorganismos do rúmen, aumentando o fluxo de proteína microbiana para o duodeno. Mesmo no grupo controle, como no PDR, é possível notar a importância da proteína microbiana para o animal, pois ela perfaz aproximadamente 80 % da proteína total que chega ao duodeno. Porém, quando a suplementação é a base de PNDR (proteína não degradada no rúmen), a síntese de proteína bacteriana não é maximizada e a sua contribuição é menor.
Tabela 1: Efeito da degradabilidade da proteína do suplemento sobre a ingestão e fluxo de N para o duodeno.
O aumento no teor de proteína nos suplementos para animais recebendo forragens de baixo valor nutritivo, aumenta o consumo de forragem, e a digestibilidade da matéria seca (tabela 2).
Tabela 2: Efeito de níveis crescentes de proteína no consumo e digestibilidade de forragem de baixo valor nutritivo.
As fontes de PDR mais comuns são de origem vegetal, como os farelos de soja, girassol e algodão, além de subprodutos como, por exemplo, o farelo proteinoso de milho (refinazil/promil). Para maior eficiência da síntese de proteína microbiana, há a necessidade de sincronia entre a liberação de energia e a amônia. Assim, o uso de fontes de proteína que permanecem por períodos de tempo maior no rúmen e que, por algum motivo, tendem a limitar a rápida degradação da proteína, conferem ao alimento taxas de degradação intermediárias. O caroço de algodão, por apresentar tais características, pode ser uma alternativa interessante.
O uso de alimentos com fonte de proteína degradável pode ser substituído parcialmente por fontes de NNP, ou seja, a uréia. A uréia tem cerca de 42 a 46,7 % de N, o equivalente a 262 a 292 % de PB. Em média, utiliza-se o fator de 280% de PB. A uréia é amplamente utilizada na formulação de dietas para bovinos de corte e leite com dois objetivos primordiais; o primeiro é a redução de custos pela substituição parcial de fontes protéicas vegetais e, segundo, fornecer quantidades adequadas de proteína degradável no rúmen, para melhor eficiência de digestão da fibra e síntese de proteína microbiana.
Referências bibliográficas
BOHNERT, D.W. et al. Influence of rumen protein degradability and supplementation frequency on steers consuming low quality forage: II – Ruminal fermentationcharacteristics. J. Anim. Sci., Savoy, v. 80, p. 2978-2988,
2002
DEL CURTO, T.; COCHRAN, R.C.; HAERMAN, D.L. et al.. Supplementation of dormant tall grass-prairie forage: I. Influence of varying supplemental protein and (or) energy levels on forage utilization characteristics of beef steers in confinement. Journal of Animal Science, v.68, n.2, p.515-531, 1990.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of domestic animals. 8.rev.ed. Washington, D.C.: National Academy Press, 2000. 280p.
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Melhorar a participação dos alimentos no resultado final dos animais é um desafio constante, principalmente em nosso país onde não temos estabilidade, ficando sempre imprevisíveis estratégias a longo prazo.
Quanto menos gastarmos com matérias-primas e mais explorarmos as proteínas microbianas e NNP, tornaremos os ruminantes mais próximos dos monogástricos com maior produção por área. Espero mais informações sobre o tema. Parabéns.
Parabenizo ao autor pela qualidade do texto, e solicito como proceder para maximizar a produção de Proteína Microbiana na formulação da dieta para terminação de bovinos de corte, tendo em vista que esta é de altíssima qualidade em aa, tendo a relação ideal dos aminoácidos mais limitantes, (relação lisina:metionina), sabendo que é calculada pelo NRC como 13% do NDT.
Qual o seu parecer quanto ao máximo de caroço de algodão na dieta em confinamento de bovinos de corte?
Resposta do autor:
Prezado Eudair,
A inclusão de caroço de algodão em dietas de bovinos de corte depende de diversos fatores relacionados aos animais, aos demais ingredientes da dieta, a categoria animal e a qualidade dos cortes produzidos. No caso de reprodutores, alta inclusão de caroço de algodão pode ocasionar queda de fertilidade (espermatogênense) devido ao gossipol. Apesar de ser um processo reversível, deve tomar muito cuidado nesses casos. Outro ponto importante em relação a inclusão de caroço de algodão para bovinos de corte, diz respeito à mudança de sabor nos cortes produzidos.
Se todos os itens descritos acima estiverem sob controle, a inclusão pode se basear no valor total de EE da dieta, e portanto, dependente dos demais ingredientes da dieta.
Forte abraço!
André Alves de Souza
DR. ANDRÉ PARABENS PELO ARTIGO SOBRE PROTEINA DEGRADÁVEL NO RUMEN E NITROGÊNIO NÃO PROTÉICO NA FORMULAÇÃO DE SUPLEMENTOS. SOU DIRETOR DE UMA EMPRESA REPRESENTANTE DE UMA URÉIA PROTEGIDA COM 250% PB QUE PROVOCA A LIBERAÇÃO DO NITROGÊNIO NO RÚMEN PELO PERÍODO DE 08:00 HORAS, COM ISSO GOSTARIA QUE O SR. COMENTASSE SOBRE O EFEITO PROTEICO E BENEFICIOS DIANTE DESTE EQUIVALENTE DE 250% PB NO PERÍODO DE DIGESTIBILIADE DO ANIMAL.
OBRIGADO PELA ATENÇÃO.
CESAR
Dr. André foi muito boa sua matéria, importantissímo para quem atua na área de produção leite e carne, a importância do NNP também se estente na formação da cadeia alimentar, tornando-se em uma eficiência de 80%, formando os aminoácidos, aí o uso da eficiência do NNP na nutrição animal. Parabéns pela matéria e que publique várias vezes para o leitor aprender mecher com este produto.