Mercados Futuros – 11/07/08
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Protelar a reposição no segundo quadrimestre de 2008

O preço do boi para abate reagiu a partir do fim do terceiro quadrimestre de 2007, mas não foi suficiente para acompanhar a elevação dos insumos atrelados ao aumento do preço do petróleo, ocasionado pela desvalorização internacional do dólar. Ficou, também, muito aquém da valorização obtida pelos animais jovens destinados à reposição. Dessa forma, quem comercializar animais para abate no transcorrer do segundo quadrimestre, deve protelar a compra de animais para reposição em quatro meses nos casos em que a reposição anual for de 30%; e em dois meses, em que a reposição anual necessária se situe em 60%.

O preço do boi para abate reagiu a partir do fim do terceiro quadrimestre de 2007, mas não foi suficiente para acompanhar a elevação dos insumos atrelados ao aumento do preço do petróleo, ocasionado pela desvalorização internacional do dólar. Ficou, também, muito aquém da valorização obtida pelos animais jovens destinados à reposição.

Dessa forma, quem comercializar animais para abate no transcorrer do segundo quadrimestre, deve protelar a compra de animais para reposição em quatro meses nos casos em que a reposição anual for de 30%; e em dois meses, em que a reposição anual necessária se situe em 60%. Colabora, também, para protelar a reposição, o pagamento do imposto de renda da atividade rural.

Este adiamento objetiva recompor ainda mais o preço dos animais terminados até se alcançar os obtidos pela reposição, tornando os preços mais eqüitativos. Evita-se, com isso, a continuação de desequilíbrio mercadológico ocorrido no primeiro quadrimestre de 2008, em que a arroba da reposição foi superior a R$ 85,00, em regiões em que os bois para abate foram vendidos por preços inferiores a R$ 75,00. Essa política de produção retardará a oferta de bois terminados para abate, seguindo a demanda, sem provocar desabastecimento e mantendo os preços alinhados nas diferentes fases da criação.

A protelação, ainda, proporcionará diminuição da lotação na estação seca e/ ou fria, de menor comprimento do dia, para recuperação natural da pastagem, usando o sistema protelado de manejo do pasto. Sistema protelado, consiste em deixar vazio, sem gado, determinadas divisões da propriedade para o solo e a gramínea forrageira se recuperarem naturalmente pela influência de fatores como o aporte de material orgânico, reciclagem e mineralização de nutrientes, recomposição física e biológica, ressemeadura, desenvolvimento radicular – resultando na melhoria da capacidade produtiva dos solos e dos pastos.

No terceiro quadrimestre, após o sistema protelado, para complementar a recuperação da pastagem, deve-se proceder a adubação do solo. Porém, o aumento de preço do fertilizante, do diesel e da reposição do plantel, torna economicamente inviável o uso dessa tecnologia cara.

A fertilização do solo sob pastagem constitui no principal componente da manutenção e aumento da capacidade produtiva das forragens. No Brasil costuma-se dizer que existem milhares de hectares de pastagens degradadas. Mas, na verdade, não existe pasto degradado, o que existe é solo com limitação química sob pastagem. Qualquer pastagem com lotação superior a 0,5 a 0,8 UA/ ha – dependendo da região – requer cuidados especiais no requerimento nutricional para que o pasto não diminua a capacidade de suporte animal e o solo não se degrade em múltiplos aspectos.

Os componentes mercadológicos, diante dos fatores abordados, indicam no momento cautela na reposição de estoques, que pode sofrer mudanças dependendo da dimensão de oferta de gado confinado no quadrimestre em curso.

Conclui-se, que o aumento da intensificação produtiva na terminação de bois fica descartada em função do custo crescente do insumo e do valor de reposição. Contudo, a ampliação da elasticidade da oferta em relação à procura, se deriva da alta carga tributária incidente sobre a carne, e não dos aspectos abordados anteriormente, tornando o produto inacessível para muitos.

O mercado externo, da mesma forma, está importando carne acrescida de impostos, e, para contrabalançar o alto custo de produção, os mesmo praticam o subsídio. Em ambos os casos, o fator de impacto é a carga tributária incidente sobre os produtos alimentares. Como solução, o Imposto de Renda sobre o produtor rural deveria ser inferior a três por cento, para tornar a carne bovina mais competitiva e acessível ao consumo.

0 Comments

  1. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Parabéns pelo comentário Celso Gaudencio, nele mostra a verdadeira situação do mercado, da porteira a dentro e da porteira para trás; mas lhe faço uma pergunta. Tendo uma certa quantidade de animais próprios, mas com um certo espaço para adquirir mais uns, pensando em animais desmamados, qual o valor de equilibrio permitido para um bom negócio? Ou será melhor não comprar?

  2. celso de almeida gaudencio disse:

    Prezado Rodrigo Swain,

    A análise feita segue o momento vivido, para que não tenhamos novo ciclo de baixa dos bois terminados.

    Devido a complexidade da bovinocultura de corte brasileira dificulta análise mulivariada ou de estabelicimanto de ponto de equilibrio entre a máxima eficiência técnica e econômica, a única ferramenta que dispomos é “Flexibilidade produtiva e tecnológica da bovinocultura de corte brasileira”, indica para quem faz recria/engorda ou somente engorda, deve protelar a reposição a cada venda efetuada no segundo quadrimestre, em função do preço da reposição estar desalinhado e a época é de pasto maduro.

    Com isso, pode-se influir no alinhamento do preço da reposição e não proporcionar excesso de bois prontos para abate no futuro.

    No vosso caso particular um dos caminhos é fazer a reposição imediata, e não adotar a flexibilidade produtiva ou protelar a reposição dos animais vendidos no segundo quadrimestre, em dois até quatro meses e só repor no fim do segundo e inicio do terceiro quadrimestre, no fim da estação seca início das águas, sabendo do risco da reposição estar mais valorizada ainda.

    No terceiro quadrimestre a reposição deverá seguir a escala de abate, se a escala estiver inferior a uma semana reponha toda a necessidade, podendo até aumentar o negocio, mas se a escala tiver longa ou muito longa, dependente da quantidade de gado confinado no Brasil, adote nova protelação da reposição de um a dois meses de cada lote de animais vendidos durante o terceiro quadrimestre.