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Protesto contra Belo Monte prejudica frigoríficos do MT

A paralisação da travessia por balsa no Rio Xingu na região que liga São José do Xingu a outros municípios da região nordeste de Mato Grosso e até do Pará deve provocar desabastecimento nos frigoríficos de Matupá e de Colíder. A paralisação da balsa, que começou na quinta-feira, foi uma decisão de lideranças do Parque do Xingu em protesto contra a construção da Usina de Belo Monte.

A paralisação da travessia por balsa no Rio Xingu na região que liga São José do Xingu a outros municípios da região nordeste de Mato Grosso e até do Pará deve provocar desabastecimento nos frigoríficos de Matupá e de Colíder.

Frigoríficos como Guaporé Carnes em Colíder e Frialto em Matupá já começam a contabilizar os prejuízos. A paralisação da balsa, que começou na quinta-feira, foi uma decisão de lideranças do Parque do Xingu em protesto contra o leilão da Usina de Belo Monte, a ser construída em Altamira do Pará.

A balsa tem capacidade para 300 toneladas e atende os usuários da BR-080 na travessia do Xingu, sendo utilizada para o escoamento da produção de grãos e transporte de gado para frigoríficos.

O gerente de compra de boi do Frialto, Natalino Sanchez Filho, disse no final da semana passada que só tinha gado para abate até este sábado e estava fazendo remanejamento. “No sábado, já vamos operar com apenas 50% da capacidade.” No primeiro dia da paralisação da balsa, cinco caminhões do grupo tiveram de retornar às fazendas de origem em São José do Xingu. “Já estamos com a escala comprometida”, afirmou. “Se for por tempo indeterminado, o prejuízo será ainda maior a partir de segunda-feira.”

A paralisação de uma unidade de produção geraria, segundo ele, prejuízos em torno de R$ 400 mil. Além de abastecer todas as regiões do Brasil, o grupo também tem boa fatia na carne exportada a vários países.

Já o gerente da Guaporé Carnes, Claudio Silva, disse que, se a paralisação continuar, pode comprometer de 1% a 2% da produção. O grupo não depende só de São José do Xingu, mas tem umas “três cargas”, em torno de 60 cabeças, para atravessar nessa semana.

O consórcio de 11 municípios que direta ou indiretamente serão atingidos pela usina Monte está insatisfeito com os programas do governo federal para reduzir os impactos ambientais e sociais da obra na região do Xingu.

Em carta ao governo, os prefeitos afirmam que o projeto está muito aquém das necessidades básicas da região e acrescentam uma informação preocupante: antes mesmo do início da obra a migração de brasileiros de outras regiões para o Xingu começa a inchar cidades como Altamira, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio e Anapu.

Para os prefeitos, o governo precisa se antecipar, investindo nas compensações ambientais e sociais antes do início das operações da usina. Se isso não for feito, eles preveem um cenário de caos no Xingu.

A matéria é de Fátima Lessa e Carlos Mendes, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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