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Prova da ABCZ chega aos primeiros Touros do Futuro

Num universo de 30 mil bezerros, o 1o Programa Touros do Futuro, que começou há pouco mais de um ano, está na última fase de escolha dos melhores, com apenas sete animais considerados modelo da nova geração de reprodutores da raça Nelore. A seleção foi idealizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)e ABS/Pecplan.

Atingindo um dos objetivos dessas organizações, que era encontrar novos potenciais genéticos melhoradores da raça, abrindo o leque de participação para selecionadores de várias regiões do País, o programa comprovou a superioridade de seleções tradicionais como a VR, na representação de Torres Lincoln Prata Cunha, e descobriu novas opções de alta performance em seleções mais novas de mercado como a Telc, do pecuarista César Ciampolini em Três Lagoas (MS), Tagara Pecuária, Varrela Agropecuária, Waldireiro José Cotrim Moreira e Walter Geraigire.

A maioria desses selecionadores nunca havia tido oportunidade de proceder a avaliações comparativas com outros bovinos de seleções diferenciadas. A superioridade, no entanto, é melhor quantificada, segundo os pesquisadores, quando os animais são escolhidos conforme o desempenho obtido em semelhantes condições de ambiente, alimentação e manejo.

O programa acabou descobrindo novos valores, ainda desconhecidos, mas com genética alternativa de grande qualidade para o chamado processo de “refrescamento” do sangue nas seleções domésticas.

Entre os melhores

Na lista dos sete melhores animais do programa está a marca Nelore Telc, da Fazenda Sucuriú em Três Lagoas (MS), com uma seleção feita há 30 anos pela família Ciampolini, utilizando o sistema a pasto em solo de cerrado e capim brachiária. Durante os testes, o animal Gremete da Telc teve um desempenho destacado em relação aos demais, exatamente nas provas de ganho de peso a pasto, demonstrando vir de uma linhagem de muita rusticidade.

O veterinário, produtor e juiz da ABCZ, Marcelo Moura, disse que o Programa Touros do Futuro atinge sua finalidade quando permite que pecuaristas de todo o País possam utilizar os recursos mais modernos de avaliação do desempenho animal, dentro de critérios científicos e com um rebanho de grandes proporções, para valorizar ainda mais os índices máximos alcançados. Segundo Moura, o rebanho bovino de corte precisa de 200 mil novos touros todos os anos, mas há pouca oferta de animais de boa qualidade, que provoquem o choque de sangue na própria raça melhorando a produção de carne na propriedade. “O Nelore ainda tem muito que melhorar dentro das próprias fazendas que vinham criando animais de padrão inferior, mais tardio”, disse o juiz.

O pecuarista César Ciampolini, dono da marca Telc, disse que sua família promovia uma seleção com a finalidade de melhorar o próprio rebanho. As matrizes que serviram de base para os acasalamentos chegaram a ser em número de duas mil. Hoje são aproximadamente 600. O sistema sempre foi a pasto, na brachiária com sal e proteínas adicionais durante os períodos mais intensos de seca.

Somente há quatro anos Ciampolini resolveu contratar um profissional para desenvolver o trabalho de aprimoramento, empreendendo as características modernas de uma seleção disposta a atender as exigências do mercado. As tendências indicam que o Nelore caminha para uma postura equilibrada e robusta, com precocidade no ganho de peso e alto índice de fertilidade a pasto ou no uso do sêmen.

Em breve esses animais do Programa Touros do Futuro passarão a ser indicados como touros “melhoradores” no maior rebanho Nelore do mundo, formado por aproximadamente 80% dos bovinos de corte do rebanho brasileiro.

Por enquanto eles estão sendo testados pela Embrapa em atividades de monta a campo e na inseminação artificial. A herdabilidade de seus filhos em relação ao desempenho que esses reprodutores tiveram nos testes de produtividade vai determinar o vencedor da prova.

Fonte: Correio do Estado/MS (por Antônio José do Carmo), adaptado por Equipe BeefPoint

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