Até outubro é realizada em Lages (SC) a Terceira Prova de Ganho de Peso em Bovinos de Corte, que tem como objetivo principal selecionar animais geneticamente mais qualificados para servir de reprodutores. Eles ficam confinados por 112 dias em piquetes e recebem todos a mesma ração, embora possam comer à vontade. Quanto mais rápido engordarem, melhor. Na primeira avaliação realizada neste ano, depois de 28 dias de “campeonato”, os “tourinhos”, que iniciam a prova com idade média de sete meses e peso entre 230 e 240 quilos, ganharam 1,58 quilo por dia. Para cada quilo de acréscimo, comeram seis de matéria seca.
Neste índice, a conversão alimentar desconsidera a umidade, que corresponde a 70% da silagem e a 10% do concentrado fornecido aos bovinos. Por isso, para cada 1,57 quilo que ganharam diariamente, eles comeram 18 de ração. “A conversão obtida é melhor que a média registrada em provas deste tipo no País, onde o volume médio de matéria seca fica entre 7 e 8 quilos para cada quilo ganho”, diz o zootecnista Nilson Bröring, professor do Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). “E está em patamar semelhante ao obtido em níveis internacionais, como no Canadá, onde fica próxima de 6,5 quilos de matéria seca para cada quilo de ganho de peso”, afirma.
Eventos no País
Provas semelhantes também são realizadas em Sertãozinho (SP), Uberlândia (MG) e Bagé (RS), informa o professor. Em Lages, neste ano, a competição iniciou no dia 19 de maio, com a participação de 19 pecuaristas catarinenses, que inscreveram 65 “tourinhos”. Depois de passarem por 28 dias de adaptação, eles são avaliados a cada 28 dias e a maioria costuma ser leiloada durante a ExpoLages, feira que é realizada entre 16 e 20 de outubro, coincidindo com o fim da prova.
Conforme o desempenho, cada touro é classificado nas categorias elite, superior, superior mediano, regular, comum ou inferior. “A principal vantagem para o pecuarista é que consegue vender com remuneração melhor os reprodutores, que saem da prova com um atestado de qualidade”, diz Carlos Roberto Lopes, presidente do Sindicato Rural de Lages, uma das entidades organizadoras da prova. De acordo com Bröring, o preço de um reprodutor classificado como elite fica perto de R$ 3,5 mil, o superior de R$ 3 mil, o regular entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil e o inferior de R$ 1,5 mil.
Touros do futuro
Outra prova nestes moldes em curso no País é o Programa Touros do Futuro, realizado em Uberaba (MG) pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) e outras entidades. Está na segunda edição e participam 158 animais neste ano. “O uso deste tipo de prova cresce porque é o melhor meio para avaliar os animais com melhor potencial econômico, já que estão no mesmo meio e recebem o mesmo tratamento”, diz o diretor de exposições da ABCZ, João Machado Prata Júnior. Ele, contudo, aposta mais no crescimento das provas realizadas em pasto, por ser o tipo de alimentação que mais interessa ao mercado externo. “Elas se multiplicam e num raio de 500 quilômetros de Uberaba há pelo menos 20 provas, realizadas por empresas, criadores ou grupos deles”, afirma.
No caso da Touros do Futuro, além da conversão alimentar, é avaliada a precocidade sexual dos candidatos a reprodutores. Além de ter a fase em que os animais ficam confinados, também há uma segunda etapa onde o desempenho é avaliado no pasto.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Elmar Meurer), adaptado por Equipe BeefPoint