Principais indicadores do mercado do boi –17-08-2017
17 de agosto de 2017
Pecuarista de SP é mais afetado pela crise do que o de MT
17 de agosto de 2017

Psicólogo lança livro em que discute relação afetiva entre o garfo e a mente

No começo do ano, o escritor e psicólogo Gustavo Barcellos fez uma imersão de cinco dias com um grupo de amigos em um sítio em São Francisco Xavier, no interior de São Paulo, para preparar o derradeiro capítulo do livro O Banquete da Psique, lançado nesta quarta-feira, 16, pela Editora Vozes.

Psicologia. Gustavo Barcellos trata da imaginação da comida Foto: Rafael Arbex|Estadão

Mestre em Psicologia Clínica pela New School for Social Research de Nova York, membro da Associação Internacional de Psicologia Analítica e fundador dos Cadernos Junguianos, Barcellos buscou, segundo ele, preencher um buraco na literatura sobre o tema.

Em vez de tratar dos transtornos de alimentação e das patologias causadas pela ansiedade dos comedores compulsivos, ele foi no caminho oposto.

“Se retirarmos os transtornos alimentares, a literatura sobre psicologia e gastronomia é praticamente nula. Procurei preencher esse vazio. O livro é um trabalho sobre a imaginação da comida.”

Segundo Barcellos, o livro é também um “ato de resistência” contra a perda gradual do ritual da alimentação compartilhada na cada vez mais apressada sociedade moderna, que se contenta em comer com uma mão em 20 minutos, enquanto a outra é usada para dar prosseguimento ao trabalho.

O Banquete da Psique advoga a tese de que o declínio da refeição caseira e a aceleração do ato de comer no cotidiano de casa, trabalho e nas ruas, bem como o advento da comida rápida (do tipo lanche de micro-ondas) levou ao declínio do rito da refeição.

É na refeição compartilhada que as crianças aprendem a arte da conversação e adquirem os hábitos que caracterizam a civilização: repartir, ouvir, ceder, administrar as diferenças. Comer é, enfim, um ato cultural e simbólico.

“Alimentar-se não pode ser um ato solitário. Se for, é apenas nutricional. Comer, do ponto de vista da alma, é também um ato emocional. Se a gente perde o momento da refeição compartilhada, perde-se, do ponto de vista psicológico, o aspecto ritual da alimentação. Com a extinção desse hábito, perde-se também o aprendizado da convivência e do compartilhamento”, disse Barcellos.

Fonte: Paladar, do Estadão, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.