A avaliação quantitativa e, sobretudo a qualitativa da parede celular dos vegetais está fortemente relacionada com as características morfológicas da planta, sendo este efeito manifestado pelo porte, resistência e características peculiares a cada vegetal. O conhecimento sobre quantidade e tipo de fibra existente na dieta dos animais, pode ser usado como uma ferramenta auxiliar para nutricionistas na formulação de dietas mais próximas do ideal, culminando em adequado desempenho animal.
A avaliação quantitativa e, sobretudo a qualitativa da parede celular dos vegetais está fortemente relacionada com as características morfológicas da planta, sendo este efeito manifestado pelo porte, resistência e características peculiares a cada vegetal. Quanto à alimentação animal, a parede celular representa o principal substrato para ruminantes, uma vez que a microbiota existente em um dos compartimentos estomacais destes animais utilizam estes carboidratos estruturais para sintetizar compostos orgânicos, sendo estes posteriormente absorvidos e utilizados como fonte de energia para os mesmos.
No entanto, em regiões de clima temperado, a ótica da fibra dos alimentos é um pouco diferente, visto que em sistemas de produção intensivos (confinamentos com dietas ricas em concentrados) a fibra é fornecida com o intuito de manutenção da função ruminal.
Assim, o conhecimento sobre quantidade e tipo de fibra existente na dieta dos animais, pode ser usado como uma ferramenta auxiliar para nutricionistas na formulação de dietas mais próximas do ideal, culminando em adequado desempenho animal. A parede celular de uma planta é composta basicamente por carboidratos estruturais (celulose e hemicelulose) e também por lignina. Outros compostos orgânicos como proteínas e pectina, ou inorgânicos como a sílica, também podem estar presentes na parede e/ou na lamela média.
Durante o crescimento da planta, a parede celular modifica-se gradualmente de acordo com as necessidades fisiológicas e/ou estímulos externos sofridos durante este período, podendo esta porção tornar-se mais espessa e impregnada por lignina, sendo este fenômeno uma característica da formação da parede secundária.
Sem dúvidas, a celulose é o principal carboidrato estrutural presente na parede celular. Pode representar cerca de 10 a 30% da matéria seca (MS) de forragens. Exceto na aveia (10% da MS), a maioria dos cereais possuem uma pequena porção deste elemento em sua constituição (1 a 5% da MS). A celulose é um polímero de D-glucose unido por ligações 1-4 (beta), estando disposta principalmente na forma cristalina, fase esta que proporciona maior resistência contra o rompimento da estrutura provocado por soluções químicas.
Assim, pode-se dizer que a celulose é solúvel e parcialmente hidrolisável em soluções de ácidos minerais fortes (hidrofluórico anidro, sulfúrico 72%, hidroclórico 40% ou fosfórico 84%) e amônia líquida; e insolúvel em água, solventes orgânicos e ácido nítrico. Apesar das soluções básicas serem incapazes de dissolver a celulose, proporcionam uma expansão da estrutura que leva ao rompimento das ligações de hidrogênio entre as cadeias de polissacarídeos.
A hemicelulose também é um carboidrato estrutural encontrado na parede celular, podendo apresentar níveis compreendidos entre 10 e 25% da MS de forragens e subprodutos agro-industriais. Pode ser composto por diferentes ligações do tipo (1-4 e 1-3) e (alfa) (1-4 e 1-3). Este polissacarídeo é amorfo, e por esta razão, possui uma menor resistência à solubilidade e hidrólise do que a celulose.
A pectina é um polissacarídeo amorfo formado principalmente por polímeros de ácido galacturônico encontrado na lamela média. Pode ser extraída por água fervente, diluição com ácido a frio, soluções ferventes contendo agentes quelatantes tais como oxalato de amônio ou ácido etilenodiaminatetracético (EDTA).
A lignina é um polímero tridimensional com estrutura complexa, sendo o terceiro constituinte mais comum da parede celular. Conteúdos menores que 5% da MS são encontrados na maioria dos concentrados e forragens jovens, porém, níveis de até 12% da MS podem ser observados, contribuindo para um fortalecimento da parede.
Outros constituintes tais como: minerais como a sílica presente em folhas de gramíneas ou por contaminantes externos como partículas de solo; ácidos fenólicos (p-cumárico, ferúlico e diferúlico); proteínas; células da epiderme e taninos condensados (proanthoacinidin), também estão presentes na constituição da parede celular, porém, em menor quantidade. Os taninos condensados, lignina e proteínas indigestíveis estão intimamente relacionados, pois representam complexos indigestíveis comuns aos vegetais.