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Qual é o melhor estágio de desenvolvimento para bipartição de embriões bovinos?

A técnica de transferência de embrião (TE) em bovinos se desenvolveu rapidamente na pecuária nacional nos últimos 30 anos. Com ela surgiu uma nova ferramenta de melhoramento, acelerando o ganho genético mesmo em pequenas propriedades. Porém, a utilização da técnica é ainda limitada, visto sua relação custo-benefício. Com os resultados atuais, o custo de cada produto de TE extrapola a capacidade de investimento ou o valor comercial do mesmo, inviabilizando a aplicação da técnica.

Uma alternativa para melhorar a viabilidade econômica da TE em bovinos seria a bipartição de embriões, visando aumentar os resultados da técnica. Embriões de qualidade boa e excelente poderiam ser bipartidos originando 2 hemi-embriões, dos quais a taxa de gestação somada, seria superior ao embrião intacto que os originou.

Além de um custo adicional com a micromanipulação, haveria de ser contabilizada a maior demanda de receptoras e a manutenção das mesmas, que representam um ônus significativo num programa comercial de TE. A viabilidade embrionária está relacionada ao número de células presentes para originar o novo indivíduo.

Quando menor o número destas células (blastômeros) menor a possibilidade de desenvolvimento do embrião. Normalmente no processo de bipartição, se perde cerca de 10% da massa celular original.

A literatura cita que não existem diferenças nas taxas de gestação de hemi-embriões originados de mórulas e blastocistos, porém aqueles no estágio de mórula são mais fáceis de se trabalhar por não haver uma necessidade de uma orientação espacial específica para a bipartição. O objetivo deste trabalho foi avaliar a taxa de gestação de hemi-embriões originados de estruturas intactas no estágio de mórula a blastcisto.

Somente foram bipartidos embriões no estágio de mórula compacta á blastocisto, com avaliação morfológica excelente (grau 1). Os embriões, bipartidos ou não, foram transferidos pela mesma técnica.

Figura 1. Embriões utilizados para o experimento, bipartidos ou não (1 a 6)


Os embriões foram assim distribuídos para as receptoras.
– Grupo 1 (Controle – n=50) embrião intacto;
– Grupo 2 (hemi-mórulas-n=18);
– Grupo 3 (hemi-blastocistos iniciais-n=19);
– Grupo 4 (hemi-blastocistos-n=22).

Figura 2: Seqüência de bipartição de uma mórula realizada durante o trabalho.


As receptoras foram sincronizadas da mesma forma nos diferentes grupos, com a aplicação de 0,530mg de cloprostenol sódico (Ciosin® – Coopers). Todos os embriões foram transferidos pelo método não cirúrgico, 6 a 8 dias após o ultimo cio das receptoras. As inovulações foram feitas por um mesmo técnico utilizando um inovulador modelo Hanover (2G®), e camisa sanitária.

Foram comparadas pelo teste de c2 entre os grupos, as taxas de gestação média aos 28-31 dias, avaliadas por ultra-sonografia.

Figura 3: Grupo de receptoras utilizadas durante o experimento


Quando se consideraram apenas os embriões inovulados intactos, não foram observadas diferenças entre as classificações utilizadas Em relação ao total de embriões originais utilizados por grupo, a taxa de gestação aos 28-31 superior naquele grupo que recebeu hemi-embriões em estágios mais adiantados (P<0,05). Tabela 1. Número de receptoras gestantes e taxa de gestação aos 28-31 dias nos diferentes grupos de acordo com o estágio de desenvolvimento do embrião intacto que originou a inovulação.

No grupo de apenas um hemi-embrião a diferença entre os estágios de desenvolvimento foi maior. Neste grupo a taxa de gestação dos hemi-blastocistos chegou a ser superior a 100% em relação ao embrião intacto original. A primeira avaliação da gestação (28-31 dias) revelou que no grupo de apenas um hemi-embrião, aqueles no estágio de blastocisto apresentaram melhores resultados, significativo a 1% de probabilidade. A mesma análise feita aos 60-80 dias, também mostrou superioridade das estruturas neste estágio de desenvolvimento, porém significativa a 5% de probabilidade.

Embora a bipartição de embriões no estágio de mórula seja mais fácil, pois independe da orientação, o menor número de células em embriões neste estágio favorece a maior perda (Escriba et al., 2002). Blastocistos, por apresentarem células em maior número e menor tamanho provavelmente apresentam menor perda de estabilidade e coesão da massa celular, daí a melhor taxa de gestação em hemi-embriões originados de outros de estágios mais avançados.

Conclusões

A bipartição é uma técnica associada a transferência de embriões que pode levar ao aumento no número de gestações em relação à transferência de embriões intactos.

Embriões de mesma qualidade, bipartidos em estágios mais avançados como blastocistos iniciais e blastocistos levam a melhores resultados.

0 Comments

  1. Bruno de Souza Cavalcanti disse:

    Sem dúvida nenhuma, a técnica de bipartição de embriões vem a calhar com as melhoras no índices de prenhezes para TE. Mas a maior dificuldade para mim, é com relação à difusão dessa técnica para que nos médicos veterinarios, possamos aprender e utilizar a mesma no nosso dia a dia.

  2. Bruno de Souza Cavalcanti disse:

    Doutor Carlos Antonio, fiquei bastante interessado nessa técnica e gostaria de saber com quem eu poderia me inteirar mais sobre este assunto, tipo com o que se faz a ressecção; se a zona pelucida vai se reintegrar novamente para que o embrião possa crescer; se é bom inovular 2 hemi-embriões em uma só receptora ou 1 hemi-embrião em cada.