Qual o motivo para a queda no preço futuro da arroba?

Realizamos uma rápida pesquisa, entre os usuários do BeefPoint, com intuito de tentar identificar os motivos que estão forçando os últimos recuos no preço do contrato de boi gordo da BM&FBovespa com vencimento em outubro/09 e recebemos 70 cartas com opiniões bastante interessantes.

Na última sexta-feira (31/07) este contrato fechou a R$ 84,37/@. Mesmo esboçando uma recuperação, os preços da BM&FBovespa parecem ter pouca sustentação e voltaram a cair no final da semana. Dê sua opinião enviando um curto e rápido comentário através do box de cartas do leitor, abaixo.

Gráfico 1. Contrato futuro de boi gordo com vencimento em outubro/09

Leia abaixo alguns comentários de leitores do BeefPoint sobre este assunto.

Frederico Medeiros de Souza, do Distrito Federal, acredita que os preços dos contratos de outubro estão caindo influenciados por uma soma de fatores, entre eles: “o consumo interno desaquecido, a colocação do gado confinado no mercado durante a entressafra, a ciclicidade do mercado e a baixa do dólar”.

“Acredito que um dos grandes motivos desta baixa no mercado futuro seja a desvalorização do dólar, mas também tenho certeza de que estes valores são irreais para a situação atual da pecuária. Acredito sim em valores em torno de R$ 90,00 para os meses de outubro, novembro e dezembro como foi taxado no inicio de junho”, comentou Marcelo Ailton Zschornack, Zootecnista, de Ortigueira/PR.

João Luiz Mella, pecuarista de Nova Andradina/MS, nos enviou o seguinte comentário, “Pura especulação. No mercado futuro nem sempre o que vemos nas apostas será a realidade daquele presente. Mais de 80% dos contratos são de especuladores ou apostadores e muitas das vezes eles só estão realizando. O produtor também deve observar as novas influências do mercado”.

Na análise de Fernando Furtado Velloso, da Associação Brasileira de Angus, os preços da BM&FBovespa para outubro estão caindo “porque não geramos continuamente demanda para o nosso produto! Porque não abrimos mercados e não damos manutenção nos mercados conquistados. Simples demais? Talvez”.

O Professor Pedro Eduardo de Felício, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, concorda que fatores como o consumo interno desaquecido, a colocação do gado confinado no mercado durante a entressafra, a ciclicidade do mercado e a baixa do dólar, são responsáveis pelo comportamento dos preços para outubro. Em sua carta ele nos convida para mais uma reflexão: “Por que o consumo interno está desaquecido? Teria algo a ver com os preços elevados praticados atualmente pelas grandes redes de supermercados?

O leitor do BeefPoint, Rosler Dallamaria, de Londrina/PR, também acredita que na realização de lucros na Bolsa. “Todos sabemos que independente de câmbio, demanda ou mercado interno não temos bois suficientes para sustentar estes preços”.

“Por ser uma das melhores formas dos frigoríficos passarem a mensagem desejada aos pecuaristas, valendo-se da velha mas atual máxima: pecuarista lê jornal, mas não vende na bolsa”. Quanto ao RS, em 24 anos atuando na atividade pecuária, nunca assisti um período com tamanha redução de oferta” comenta Julio M. Tatsch, de Caçapava do Sul/RS.

Martinho Mello de Oliveira, de Paranaíba/MS, contribuiu com o seguinte comentário: “apesar da arroba estar supervalorizada em dólar, dificultando as exportações, e o consumo também estar estagnado, nossas perspectivas são as melhores. Estamos saindo da safra com ofertas reduzidas e com tendência do preço subir, pois ficará cada vez mais difícil encontrar boi pronto para o abate”.

“Em primeiro lugar o inverno está chuvoso e mais quente, aqui no MS existem boas pastagens, isto faz com que o boi de pasto possa estar presente mais cedo, e depois esta briga com as carnes da região amazônica armada por interesses econômicos de alguns supermercados com apoio de frigorífico, frustrou a expectativa de preços em julho e agosto. Está entrando carne barata no mercado e o preço não sobe. Com as pastagens boas o produtor fica segurando o pouco de boi existente e pode acumular em setembro e outubro. Outro motivo foi o que aconteceu nos últimos dois anos, o frigorifico com suas compras garantidas no futuro, começa a vender contratos baixando o preço do boi para que o pecuarista entregue o boi sem problemas”, ressaltou Antonio Pereira Lima, de Campo Grande/MS.

O leitor do BeefPoint, Giuliano Fontolan analisa que “além do dólar, a demanda no mercado internacional está fraca e os preços caindo sem espectativa de alta, pois o limite de preços já foi testado o que resultou em redução de consumo e consequente diminuição dos abates gerando menor espectativa para o mercado futuro.

Para Hamilton Bossoni, de Marília/SP, “a pressão de baixa no mercado, é reflexo da cotação do dólar. Os grandes frigoríficos não conseguem assimilar prejuízos e com isso pressionam o preço do gado. Com a diminuição do consumo e exportação o preço deve acompanhar a cotação do dólar. A cotação da carne em SP mostra a besteira dos grandes”.

“Acredito que é jogada de especulador financeiro e de frigorífico, pois no mercado real vai faltar boi gordo”, aponta Paulo Roberto Nascimento Filho, de Capinópolis/MG.

Para Renato Vilela Cunha, de Ituiutaba /MG, a oferta de animais para abate está alta e isso se reflete no preço futuro. “Tem um grande frigorifico com escala feita até 10 de agosto. Até a oferta do chamado “boi europa” está acima da demanda”, comenta.

Para José Altemiro Alcantara Castilho, de Goiás, a consolidação e concentração do setor deve ser acompanhada de perto pelos pecuaristas. “Plantas frigorificas concentradas em mãos de poucas empresas facilitam a manipulação do preço da arroba”.

Antonio Joao de Almeida, de Campo Grande/MS, a maior explicação está na especulação. “Existem grandes especuladores tentando realizar seus ganhos. Sabemos hoje da falta de bois nos pastos, que certamente deverão influenciar o mercado em outubro, pois a quantidade de animais confinados no Brasil não suprirá a demanda na entressafra.

“Independente de dólar, exportação ou consumo o preço de uma mercadoria só sobe realmente com a falta. Graças a Deus esse ano tivemos muitas chuvas, com chuva temos capim e com capim temos boi gordo sobrando até mais tarde. Mas os pecuaristas podem esperar, esse ano vamos ter 30% a menos de confinamento”, comentou José Antonio Helena Castilho, de São José do Rio Preto/SP.

“Ciclo pecuário em tendência de baixa, chuvas, tempo bom e pasto verde em regiões produtoras, fortalecimento do Real, consumo interno e mundial desaquecidos” são os principais motivos apontados por Ayrton Neiva Jr. Pecuarista. Ribas do Rio Pardo/Camapuã/MS como responsáveis pelos últimos recuos no preço do contrato de boi gordo da BM&FBovespa com vencimento em outubro/09.

“Na minha opinião mais uma vez os frigoríficos estão utilizando as suas poderosas armas de comunicação e manipulação do mercado o resto é conversa”, comenta Rafael Carvalho Miranda Martins, de Jataí/GO.

Para Walter Magalhaes Junior “o especulador é o tomador de risco. O mercado não vive sem ele. Não há como manipular preços futuros para vencimentos de alta liquidez. Toda ação nesse sentido pode se tornar uma catástrofe financeira. O mercado é mesmo soberano”.

Para Sergio Antar Ribeiro, de Xinguara/PA, o que está acontecendo “é um mix de especulação dos investidores, supermercados lotados de carnes com alta margem de lucro, marketing negativo da carne na mídia em alta e baixa do dólar”.

Para Jorge de Souza, de Janaúba/MG, sem estatística confiável somente podemos especular sobre as razões da queda de preços em outubro. “Temos certeza sobre o dólar, sabemos nossos custos, a retração nas exportações, da especulação na bolsa, mas e o rebanho? Será que temos realmente poucos animais à ofertar?”

Para Humberto de Freitas Tavares, pecuarista em Goiás (Fazenda Sucuri) o preço cai “porque os profissionais estão vendidos no futuro. Quando terminarem de depenar os sardinhas, sobe. Para então cair quando os frigoríficos resolverem desovar, para nova rodada de depenagem de sardinhas”.

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