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Qual o planejamento estratégico de nossa cadeia produtiva para as próximas décadas?

Por Eduardo Krisztan Pedroso, diretor regional de originação da JBS

A pecuária mudou de patamar, isso é um fato indiscutível. A população mundial é crescente, cada dia mais urbana, com maior poder de renda e acesso à informação. As pessoas querem opção de escolha. Nós enquanto consumidores, queremos opção de escolha.

O povo brasileiro adora carne e tem assimilado aumentos expressivos de preço nos últimos meses. Em contrapartida, seguem tendo acesso a uma carne cada dia de pior qualidade. Na exportação, o cenário não é diferente.

A pergunta é: o que desejamos ser quando crescer? Qual o planejamento estratégico de nossa cadeia produtiva para as próximas décadas? Como iremos participar desse mercado que a cada dia é e será cada vez mais faminto por proteína animal?

Mas noto que as discussões legítimas e acaloradas sobre o tema da castração no Brasil tendem a olhar somente um lado da moeda. Inegavelmente, em sistemas de ciclo curto, animais inteiros apresentam um metabolismo mais eficiente e maiores rendimentos de carcaças. Para a indústria, os maiores rendimentos de desossa também são bem-vindos.

Contudo, na prática, a pecuária do Brasil ainda não é uma pecuária de ciclo curto. Diariamente, são abatidos milhares de touros erados que entram na cadeia de consumo.

E o freguês torce o nariz, refuga a carne dura com cor de goiabada cascão!

Olhar somente para nossas conveniências imediatas são tão democráticas quanto Henry Ford, que defendia que o cliente poderia escolher a cor do carro desde que fosse preta, quando inventou os primeiros automóveis. Nossa carne também está cada dia mais escura.

A indústria consolidada tem ajudado muito a abertura e o acesso a novos mercados. Tem possibilitado também a realização de campanhas de marketing de fomento ao consumo. O incremento da demanda formal, desloca a curva de preços. O Brasil ganha com isso. Hoje temos várias empresas listadas em bolsa com balanços públicos e auditados.

Muitos se equivocam ao pensar que o frigorífico é inimigo do produtor. A indústria é, na verdade, o canal de vendas do produtor. Através da indústria é que o boi vira carne e chega à mesa dos consumidores.

Quando teremos coragem enquanto cadeia produtiva de adotar um sistema nacional de tipificação que valoriza a cabeceira e penaliza o fundo das boiadas no balcão dos negócios? O remédio é amargo, mas, certamente necessário. Não há espaço para expectativas de subsídios. No final das contas, é do couro que se faz a correia.

Precisamos avançar no diálogo com maturidade e visão de construção de valor efetivamente sustentável para a pecuária nacional.

Por Eduardo Krisztan Pedroso, diretor regional de originação da JBS

3 Comments

  1. Rafael Ruzzon disse:

    Eduardo,
    Parabéns pelo artigo e principalmente pelo trabalho que vem fazendo dentro do JBS.
    Seu artigo está muito alinhado com uma discussão que temos dentro da Novilho Precoce – MS, onde devemos “descolar” do mercado de commodities, para agregar valor ao produto.
    Esse é um trabalho longo, mas que dia a dia norteará nossa caminhada!

    Conte conosco

    Abraços

    Rafael Ruzzon

  2. Flávio Abel disse:

    Bom dia:
    É interessante e oportuna a manifestação de alguém de de dentro do frigorífico. Li ha pouco que conforme Confúcio um diálogo com confiança é mais produtivo do que com inteligencia. Nada contra a inteligencia, mas a confiança é um requisito vital.
    Vejo produtores sem confiança no frigorífico. Isso não é bom para a cadeia da carne, e precisa ser resolvido. O Brasil pode ser sim o império da carne no mundo. Todos ganharão com isso. Para estarmos aptos a responder este desafio, temos que ter uma cadeia da carne interna confiável. Qualidade – remuneração – compromisso.
    Como produtor do RS trabalho por qualidade. Quero entregar a carne que gostaria de encontrar na gôndola para consumir, e espero sustentabilidade numa remuneração cada vez mais inteligente e justa.
    Abraço a todos

  3. Fabiano Pagliarini Santos disse:

    Muito interessante o seu artigo e eu vejo o problema de tipificação com cuidado.

    Hoje temos o problema inflacionário no preço de carnes bovinas, o que em curto espaço de tempo vai gerar uma paradeira do consumidor nacional, e quebra de muitas empresas varejistas.

    A JBS ja tem pago em algumas regiões um preço maior ao produtor, afim da exportação forçando as demais industrias acompanhar a alta, o que tem trazido alta no preço final ao consumidor de balção, porém do total de produção de carne exportamos algo em torno de 30%, havendo uma grande lacuna na cadeia entre produtor e consumidor.

    Quanto a qualidade concordo que temos que produzir animais melhores, mas antes precisamos discutir custo e lucro na cadeia como um todo, pois para se fazer animais melhorados leva-se tempo e dinheiro. Como o grande volume de consumo é interno como remunerar ao produtor, industria e varejo e ainda ter um produto com valor aceitável, essa é minha grande questão