Freqüentemente, quando se discute o programa de Planejamento Estratégico, Gerencial e Operacional da Scot Consultoria (PEGO) com um grupo de empresários, alguém pergunta sobre a viabilidade de se contar com o comprometimento dos funcionários, dado o baixo nível cultural das pessoas que trabalham na área rural.
Na verdade não é o homem do campo que está perdendo a qualidade, mas sim as exigências sobre ele que estão aumentando. A rapidez das mudanças do mundo atual também afeta o homem do campo. Compare o funcionário de fazenda de 30 anos atrás com o de hoje: as ambições e o estilo de vida mudaram. Quem é do ramo que nunca reclamou que os funcionários de hoje não são como os de antigamente?
No entanto, a dificuldade do trabalhador rural em acompanhar o raciocínio e as exigências atuais é menos uma questão cultural e mais uma necessidade de treinamento. O próprio hábito de ficar pouco no emprego, e pender para uma reclamação trabalhista, vem da falta de noção sobre as mudanças do mercado em relação ao seu trabalho.
No entanto, antes de lamentar o comportamento dos funcionários, lembre-se da formação precária que a maioria possui. É comum, no campo, lidar com analfabetos, um agravante quando se trata de treinamento de pessoal. Muitos dirão que não é preciso ser muito esperto para saber que, se o empregador vai bem, o empregado também vai bem (interesses convergentes), pois mantém seu emprego, seu sustento.
Mas o que para o empresário rural, preparado, e por vezes com escolaridade de nível superior, é óbvio, para o funcionário quase sempre não é. Insistindo, antes de creditar à falta de “desconfiômetro” dos funcionários os insucessos ou dificuldades do negócio, convém observar que grande parte das crises vividas pelas empresas se deve à falta de adaptação a novos conceitos e à falta de visão de médio e longo prazo.
Estes problemas não são exclusivos de empresas rurais. Portanto, da mesma maneira que todos os empresários têm obrigação de evoluir e se adaptar aos novos tempos, os funcionários também têm, tornando-se dessa forma aliados comprometidos com as mudanças, e não opositores a elas. Por isso acreditamos ser imprescindível que se invista no desenvolvimento humano na agricultura e pecuária, onde geralmente a oferta de bons trabalhadores existe, mas é desqualificada em relação às empresas urbanas.
Por definição, investimento é algo que se adquire ou constrói e que será utilizado por mais de um ciclo de produção. Investimento, quando correto, permite aumento nos ganhos, dentro dos recursos disponíveis na atividade.
Qualquer empresa vive de processos, pessoas e lucros. O fator mais importante são as pessoas. Existe um preconceito em relação a fazendeiros e seus trabalhadores quando se diz que a mudança de comportamento é difícil em função das tradições cultivadas no meio rural. Nossa experiência, e a de outros consultores, têm mostrado que é viável e fácil aplicar novas ferramentas administrativas no meio rural. Outra corrente de pensamento crê, mas acha que acaba saindo caro, que será necessário melhorar salários além da conta, gastar dinheiro sem retorno, enfim, acreditam ser oneroso, o que também não é.
A alocação de recursos é mínima e, desde que o líder da empresa esteja conscientemente empenhado em aceitar as mudanças, os resultados são inquestionáveis.
Além dos resultados econômicos proporcionados, os envolvidos acabam melhorando seu modo de agir com suas famílias, em seu convívio social, ou seja, levam os conceitos para casa.
A melhoria se torna evidente porque os processos passam a ser feitos por pessoas de qualidade, conscientes e, por vezes, subestimados. Eles levam os conceitos para suas famílias e, na grande maioria dos casos, acabam tendo orgulho da participação no processo, dando valor àquilo que fazem.