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Quando teremos um sistema de tipificação funcionando?

Alguns fatos interessantes estão ocorrendo, os quais merecem reflexão por parte da cadeia produtiva da carne bovina. Dois deles estão na área do relacionamento produtor-frigorífico, ou seja, a comercialização de bovinos machos não castrados e de bovinos machos cruzados (cruzado em referência a animal com predominância de sangue de raças leiteiras, especialmente holandesa).

No sistema atual de comercializção de gado de corte para abate, tanto entre o produtor e o frigorífico, como entre esse último e o mercado distribuidor e varejista, tudo acontece com um nível muito baixo de especificação. Apesar do Sistema de Tipificação de Carcaça existente deixar a desejar, o seu uso obrigatório e transparente, para definir valores de animais e de carcaças comercializadas, seria de inestimável valor para disciplinar a comercialização e melhorar a imagem da cadeia perante os consumidores.

Os produtores, através de seus órgãos representativos, precisam entender que um sistema de tipificação (classificação) para definir valores de carcaças em função de diferenças de qualidade, de rendimento de carne e de peso, tanto para consumo in natura como para industrialização, é imprescindível para disciplinar as relações comerciais dentro da cadeia. Além disso, um sistema de tipificação em funcionamento servirá de orientação para os produtores escolherem sistemas de produção, e, consequentemente, tipo(s) de carcaça(s) mais convenientes e mais rentáveis. Apesar de importante para toda a cadeia, somos de opinião que os mais interessados em ter um sistema de tipificação funcionando são os produtores. Embora tarde, finalmente e felizmente uma liderança do setor de produção, o Presidente do Sindicato dos Pecuaristas, reconhece que uma maneira de defender os produtores é fazer funcionar o sistema de tipificação de carcaças existente. Dizemos isso, não porque achamos que resolverá o problema de imediato, mas porque servirá para chegar aos produtores as preferências por tipos de carcaças definidas e a relação de valores entre os diferentes tipos de carcaças que podem ser produzidos nas diferentes regiões do País. A decisão do produtor de produzir um determinado tipo de carcaça deve ser função do benefício econômico que terá, isto é, uma interação entre valor e custo de produção. Em determinadas situações e ou regiões, pode ser mais econômico produzir carcaças de menor valor comercial.

O uso de um sistema de tipificação tem custos que precisam ser bancados pelos componentes da cadeia, principalmente pelos produtores e frigoríficos. A pouca disposição e boa vontade desses dois componentes em entenderem-se e assumir os custos tem retardado a implantação de um sistema de tipificação de carcaças e os benfícios que o mesmo pode trazer para a cadeia da carne bovina.

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