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Quanto se pode pagar pela reposição?

Uma questão crucial para os invernistas de boi é saber quando comprar bezerros, garrotes ou bois magros, pois desta resposta depende boa parte de seus lucros.

A crescente redução na idade de abate de animais, incentivada pela estabilização de nossa moeda e pela política monetária implementada pelo governo Fernando Henrinque, obrigando os pecuaristas a girar com maior rapidez seus estoques para auferir lucro, desencadeou um aumento na demanda por animais de reposição e conseqüentemente seu aumento de valor.

Com essa situação desfavorável aos invernistas, muitos optaram por diversificar seus sistemas produtivos, agregando a cria, por achar que os preços alcançados pelos bezerros inviabilizavam seus negócios.

Porém alguns invernistas optaram por fazer um estudo aprofundado das relações de troca entre as diversas categorias animais de reposição, descobrindo que o mercado não praticava preços relativos equivalentes entre elas, oferecendo oportunidades para aqueles que estivessem atentos ao comportamento dessas relações de troca. Assim, em alguns momentos, é mais vantajoso comprar bezerros, em outros bois magros e em outros garrotes, como reposição.

A lei que comanda os preços da reposição é o da oferta e demanda. Quando a oferta de bezerros aumenta, seu preço relativo em relação ao boi gordo tende a diminuir e vice-versa. Como, atualmente no Brasil, a taxa de crescimento da oferta de bezerros está menor do que a velocidade de redução da idade de abate, os preços dos bezerros seguem a tendência de valorização em relação ao preço da arroba de boi gordo.

Este desequilíbrio entre oferta e demanda por bezerros é provocada pela produtividade da cria e da recria e engorda. Vejamos: Um produtor que nos últimos anos tenha elevado a taxa de desmama de seu rebanho de 50% para 75%, aumentou sua produção de bezerros por vaca em 50%. Neste mesmo intervalo de tempo, o produtor invernista reduziu o tempo de recria e engorda de seus animais em aproximadamente dezoito meses, ou seja, de 44 para 28 meses. Este invernista aumentou sua necessidade de reposição de bois gordos por bezerros em 61%.

Para corrigir estes desequilíbrios de mercado a única forma encontrada é o estímulo ao aumento da proporção de matrizes no rebanho, até a estabilização da idade de abate num patamar compatível com a oferta de bezerros.

Estes desequilíbrios são clássicos na pecuária de corte e tendem a ter comportamento cíclico, denominado “ciclo pecuário”.

Os preços relativos do bezerro podem variar significativamente em relação ao boi gordo durante o ciclo pecuário. Cabe aos invernistas desenvolverem estratégias para identificar as categorias animais de reposição que ofereçam a melhor rentabilidade em cada uma de suas fases. Quando o bezerro está com seu preço muito valorizado, geralmente os garrotes e bois magros tendem a ter seus preços relativos mais desvalorizados, sendo uma melhor alternativa de reposição.

Quando analisamos os preços dos animais de reposição, devemos sempre nos lembrar que os bezerros são animais que apresentam a maior taxa de desenvolvimento ponderal durante toda sua vida útil, conseguindo triplicar seu peso em aproximadamente dois anos, o que significa uma taxa de ganho ponderal de 60% ao ano.

Os bois magros possuem uma taxa de desenvolvimento ponderal bem menor, no máximo 40%, aumentando seu peso vivo de 330 Kg para 450 Kg em aproximadamente 11 meses, nas mesmas condições de manejo. Existem situações em que a engorda de bois magros tende a ser mais interessantes. É quando o ágio sobre o bezerro está muito alto, quando se consegue comprar animais magros que apresentem potencial de ganhos compensatórios ou quando se trata de animais de alta qualidade.

A falta de padronização das formas de calcular os custos de produção e os resultados da pecuária, explicam as distorções do mercado que dão oportunidades de ganho àqueles pecuaristas que sabem identificá-las.

Bibliografia Consultada:

Anualpec 2.001 FNP – Gestão da Pecuária de Corte.

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