Estou atônito com a divulgação bombástica de notícia sobre um touro gigante.
Fico pensando se esse “oba-oba” todo teria o suporte técnico da ABCZ, órgão que representa os criadores de zebu no país, uma vez que o criatório não visa obter gigantes, pois o boi é abatido com 450 kg.
Anos atrás já houve grande alarde sobre um bezerro que nasceu com 80 kg requerendo 6 pessoas para o parto. Na ocasião, o Depto. Técnico da ABCZ considerou o caso como uma anomalia genética, mas, para nossa surpresa, o anômalo “aleijando” (palavras de T.H.R.C.) foi registrado e admitido na Expozebú…
E agora? Vamos considerar o touro gigante como um expoente genético, recomendado e valorizado para que o respectivo sêmen venha a fecundar “in vitro” oócitos sugados de fêmeas mal provadas e igualmente obesas?
Será que o caminho da superalimentação, do ambiente de cocheira, da valorização da massa corpórea exagerada e da análise subjetiva da “harmonia”, nos dará um zebuíno de corte a ser produzido em grande escala, a custos competitivos, de carne a ser certificada como “natural”?
Tal sistema não faz muita diferença na pecuária de países que requerem abrigo do frio e reserva de feno no inverno nevoso, seguido de engorda a grão em confinamento, para venda de carne graxenta de alto custo.
Mas aqui, nas condições tropicais, seria o caminho certo, se o objetivo é suprir um mercado que deseja carne enxuta “natural”, oriunda do capim verde, do sol, da chuva, do calor e das noites frescas?
Não seria o caso de se promover um simpósio “neutro”, de alto nível, para analisar os procedimentos recomendáveis para melhoramento do zebuíno a ser criado, recriado e terminado a pasto?
Que pena o insigne Prof. J. Bonsma não estar mais entre nós. Gostava muito do Nelore e do Brasil e poderia vir a tirar minhas dúvidas. Ou nossas?
Que Deus nos acuda! …enquanto é tempo.
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Sou médico e pecuarista em Goiania.
Quero parabenizar pelas considerações pertinentes e oportunas.
O Sr. Fernando Penteado Cardoso está coberto de razão, quanto ao gigantismo dos animais em exposições.
É inadmissivel num país como o Brasil, selecionar essas aberrações gigantescas! Essa não é a nossa realidade!Temos que produzir animais a campo com o mínimo de custo.
TEMOS QUE ACABAR COM OS “MODISMOS” !!!
Muito adequado este comentário.
Temos que nos concientizar que não estamos criando elefantes!
Agradeço a Isabel Penteado,Sta.Cruz de Palmeira/SP; Ana Léa M.Martins,Sta.Cruz do R.Pardo/SP; e Luiciano O.Debs, Goiania/GO pela gentileza de haverem lido meu artigo e o elogiado.
Dois pecuaristas e uma consultora, certamente diligentes, mas nem por isso do grupo que aparece sempre nas revistas e jornais.
Ao segundo grupo ouso perguntar: que acharam da matéria? Porque não defendem o melhoramento do Nelore em ambiente de cocheira e muita bóia, nas condições do criatório predominante do Brasil?
Agora, que o gado fica bonito, fica! Só que essa beleza não se transfere para a carcaça…e custa muito mais caro!
Mais uma vez muito obrigado.
Muito pertinente o artigo do Dr. Fernando Penteado Cardoso.
Como já disse um destacado criador, com o qual concordo plenamente, exposições de raças de corte no Brasil deixaram de ser “concursos de raça, e tornaram-se concursos de ração”.
Este foi um dos motivos que me levou, como responsável pela Fazenda Água Milagrosa, a abandonar as pistas de exposição, após 30 anos na atividade, e comparecimento em mais de 100 exposições, de norte a sul do país.
Para finalizar, gostaria de saber qual o custo da @ deste ultra nutrido touro. Certamente, será um valor proibitivo. O Brasil tem de produzir animais precoces, que propiciem abate rápido, promovendo giro de capital ágil, e, em consequência, a custos de produção reduzidos.
Não podemos perder jamais o foco de que somos um país pobre, onde a maioria da população não apenas é carente de proteínas, como, e pior, carente de renda para adquiri-las.