Arroba caiu mais que 6% desde o início de novembro na BM&F
“O mercado futuro de boi estava trabalhando com expectativa de melhora para o final do ano, o que não aconteceu. Hoje, trabalha com expectativa de queda, inclusive”. Foi esta a afirmação de Mário Lívio Frioli, da corretora de mercadorias Link, diante da queda das cotações da commodity registrada desde novembro na BM&F. De qualquer maneira, em sua opinião, para o mercado de boi, foi uma variação grande.
Entre 3 de novembro de 9 de dezembro, a cotação da arroba do boi para este mês, caiu 6,59%, de R$ 63,90 para R$ 59,95. Para janeiro de 2004, a queda foi um pouco menor, 6,15%, como indica o gráfico abaixo.
Frioli fez questão de ressaltar que essa baixa das cotações no mercado futuro não encontrou comportamento similar no físico, no qual a diminuição dos preços não está tão acentuada.
De acordo com o corretor, a expectativa de melhora estava baseada na condição das pastagens, devido à forte seca, prevendo-se escassez de oferta. Outras razões foram o excelente desempenho das exportações e o preço de commodities agrícolas em alta.
Por sua vez, a queda, segundo Frioli, é reflexo do alto volume de gado confinado, da recessão do mercado interno, com conseqüente baixa da demanda, e migração da pecuária para a agricultura.
Otimismo
Eduardo de Toledo Leite, da corretora SLW, é mais otimista. Ao contrário de queda, ele vê um quadro bom para 2004 e, para 2005, muito bom, devido a fatores como as perspectivas de aumento das exportações, embora seja uma incógnita o número de bois confinados e o consumo esteja baixo.
“O mercado pode recuar um pouco dentro da sazonalidade, mas nada que espante. Na safra, o gado está atrás da comida, no pasto. Vende-se por menos, mas se gasta menos com ele”, comentou.
Em sua opinião, no mercado futuro, é preciso considerar safra e entressafra, pois se trabalha com base em expectativas. Historicamente, em novembro, as cotações baixam devido à safra. “A alavancagem das cotações para os meses futuros se baseava em comentários de que poderia faltar boi, o que inflou os preços no ‘futurão’. Quando a expectativa se desfez, as cotações caíram muito”, esclareceu.
Como no mercado físico os preços ficaram praticamente inalterados – o pico, segundo Leite, foi R$ 63 para o rastreado -, a alta do futuro antes da recente queda embutia a expectativa. “Além disso, muitas pessoas achavam que o dólar iria subir e puxar as cotações”, acrescentou, brincando, diante da porcentagem da diminuição dos preços no futuro, que “quanto maior a altura, maior o tombo”.
Com relação ao bezerro, o corretor da SLW disse que a troca nunca esteve tão boa. De acordo com ele, se os pecuaristas vendessem boi no futuro para comprar bezerro, provavelmente seria mais vantajoso, “mas ninguém tem bola de cristal”.
Quanto ao número de contratos, Leite observou que o volume é muito pequeno em relação ao rebanho brasileiro, e encorajou os produtores a participar do mercado futuro: “A CBOT (Chicago Board of Trade), comercializa sete vezes a safra dos Estados Unidos. No Brasil, os mercados futuros têm melhorado muito em termos de negociação, mas está longe de suprir as necessidades. Poucas pessoas têm coragem para entrar”.
Para ele, o pecuarista sabe tudo sobre sua produção, a começar do custo, “mas não tem noção de por quanto venderá o gado. Essa é a idéia do mercado futuro para o produtor, sair fora do risco”. “Os grandes exportadores estão nesse mercado, os frigoríficos também. O negócio é conhecer e entrar. Quando mais gente, menos riscos”, continuou, informando que o mínimo para ingressar é um caminhão com aproximadamente 20 bois.
Fonte: Mirna Tonus, da Equipe BeefPoint