A depreciação do dólar perante o real segue dificultando o desempenho dos frigoríficos exportadores neste início de 2017. Entre as principais proteínas exportadas pelo Brasil, somente a carne de frango conseguiu compensar, com preços mais altos em dólar, a valorização da moeda brasileira. Nos casos das carnes bovina e suína, ou o aumento foi insuficiente ou houve queda de preços na exportação.
Em janeiro, a cotação média do dólar comercial recuou 4,5%, para R$ 3,1969. Em fevereiro, a queda se aprofundou. Na sexta-feira, o dólar fechou a R$ 3,1097.
Os frigoríficos de carne bovina não só não conseguiram aumentar o preço dos cortes exportados como amargaram queda nas cotações. Em janeiro, o preço médio da carne bovina in natura exportada pelo Brasil caiu 3,5% sobre o mês anterior, para US$ 4.044 por tonelada.
José Carlos Hausknecht, sócio da consultoria MB Agro – braço da MB Associados -, avalia que as exportações de carne bovina são as mais prejudicadas. Embora as indústrias da aves e suínos também sejam afetadas, o impacto da desvalorização do dólar para esses dois segmentos é menor, uma vez que milho e farelo de soja – principais custos de produção do setor – são dolarizados. Ou seja, a alta do real reduz o custo das matérias-primas.
No caso da indústria de carne bovina, no entanto, os custos de produção são menos dependentes da moeda americana. Os grãos, por exemplo, são só largamente usados nos confinamentos, sistema de engorda intensiva que responde por somente 10% do gado abatido no país. “Bovinos dependem menos de grãos. Então, a [valorização do real] é mais prejudicial”, acrescentou Hausknecht.
Carlos Aguiar, superintendente do Santander, concorda que as margens dos exportadores de carnes do país continuam sob pressão. Segundo ele, o custo de produção segue elevado e a atual cotação do dólar não está “ajudando”. “Não é uma margem péssima, mas é apertada”, afirmou o executivo.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.