Tábua de salvação de muitos setores exportadores, o mercado interno começa a arrefecer no consumo de produtos alimentícios de maior valor agregado. Pelo menos é o que já está acontecendo com a carne bovina. A estimativa é que de janeiro para fevereiro o consumo dessa proteína no mercado brasileiro tenha recuado de 5% a 6% em volume, com migração dessa demanda para outras carnes, sobretudo para a suína.
Tábua de salvação de muitos setores exportadores, o mercado interno começa a arrefecer no consumo de produtos alimentícios de maior valor agregado. Pelo menos é o que já está acontecendo com a carne bovina.
A estimativa é que de janeiro para fevereiro o consumo dessa proteína no mercado brasileiro tenha recuado de 5% a 6% em volume, com migração dessa demanda para outras carnes, sobretudo para a suína. O resultado é que o preço da carcaça bovina vendida pelos frigoríficos ao atacado caiu fortemente em fevereiro.
Segundo Hélio Toledo, diretor-administrativo do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de São Paulo (Sindifrigo), o brasileiro está reduzindo o consumo de carne bovina, já como um efeito de queda na renda da população. “Percebemos que após as festas de fim de ano o consumo interno começou a recuar e até agora está de 5% a 6% menor”, lamenta Toledo.
Parte dessa retração é resultado do aumento do desemprego no País. No acumulado de dezembro de 2008 e janeiro deste ano, o saldo foi de 756 mil demissões (admissão menos demissão) no país, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Susumu Honda, diz que, apesar de ainda não ter os dados de venda de fevereiro, há sim uma percepção de que o consumo de carne bovina está em queda, sendo substituído principalmente pela carne suína. “Com a forte queda das exportações de cortes suínos, há muita oferta e os preços recuaram muito. Hoje é possível comprar partes nobres de suínos, como lombo, por preço de carne bovina de segunda”, compara Honda.
Com exportações em queda livre e agora com o mercado interno também em retração, os abatedouros de bovinos estão tentando ajustar os níveis de abate, segundo Toledo, do Sindifrigo. “A capacidade ociosa média dos frigoríficos já está em 40%”, acrescenta.
O pico do preço dda carne bovina foi em outubro de 2008, quando o quilo foi negociado, na média do mês, a R$ 5,70. Desde lá o movimento foi de queda, no entanto, que foi mais brusca em fevereiro. Em dezembro e janeiro, o quilo da carcaça em São Paulo permaneceu estável em R$ 5,22. Mas em fevereiro – quando foi acentuada a queda do consumo interno – a mesma carcaça recuou 7%. Assim, o preço que o frigorífico recebe pela carcaça casada caiu 15% em outubro, mas o valor que ele paga pelo boi recuou bem menos, em torno de 8%.
Por conta das exportações menores, a carne suína é a que mais tem sofrido deterioração de seus preços internos. Em novembro, no atacado paulista, foi de 19%; em dezembro, com as festas de fim de ano, houve alta de 4%, mas em janeiro, as quedas voltaram, ficando no patamar de 9%. Esse movimento de retração prosseguiu até a primeira semana de fevereiro quando o recuo foi de 2,4%, de acordo com levantamento da RC Consultores. A carne de frango ficou com preços estáveis em novembro e dezembro, e só foi cair em janeiro (-2,3%) e na primeira semana de fevereiro (-7,2%).
O presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Mendes, disse não haver dados atuais sobre consumo de frango mas, a partir de conversas com agroindustriais, parece estar sim havendo alta na demanda de no mercado interno, que de 2007 para 2008 cresceu 4,8%.
Otávio Cançado, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), pondera que a percepção é de que em fevereiro já será apresentada uma melhora neste indicador. “Da primeira semana para a segunda houve uma alta expressiva, de cerca de 50%, tanto em volumes quanto em valores”, afirma Cançado.
Ele acrescenta que, apesar de em alguns cortes e mercados, os frigoríficos estarem exportando com alguma margem negativa, esses negócios ruins estão sendo compensados por preços ainda razoáveis em outros cortes. “Há sim um achatamento das margens de lucro. Mas no balanço final, a receita com exportações das indústrias está no azul”.
Para Toledo, do Sindifrigo, a quase paralisação dos negócios de exportações permanece. “O mercado está parado”.
A matéria é de Fabiana Batista, publicada na Gazeta Mercantil, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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Creio que a razão principal para aparente queda do consumo interno de carne bovina é a politica de ganancia existente nos pontos da venda para o consumidor final, onde se verificou um aumento sem precedentes para os cortes de carne de segunda chegando até a alcatra e contrafile. O coxão mole e patinho como também o músculo tiveram aumentos totalmente fora da realidade; o mercado ficou louco e no meu entender deve haver uma baixa significativa nos preços na cadeia total.