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Quem deve pagar a conta pela rastreabilidade?

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estipulou que até dia 30 de setembro vale a identificação e inscrição no Sisbov feita pouco tempo antes dos animais irem para o abate. Por isso alguns frigoríficos estão pagando R$ 1,50 por animal para o serviço ser realizado, como o Friboi, de Andradina (SP).

“Depois disso tudo será uma incógnita”, garante o responsável pelo setor de compra, Artemio Listoni, que defende que o pecuarista deva arcar com os custos da rastreabilidade porque, se a indústria não contar com animais rastreados, deixará de exportar, aumentando a oferta interna de carne e conseqüente queda de preço.

Segundo o diretor-administrativo do Sindicato da Indústria do Frio (Sindifrio), de São Paulo, Hélio Toledo, só no primeiro semestre deste ano 39% da carne vendida ao exterior teve como destino os países europeus. Os Estados Unidos compraram 7%, o Oriente Médio 26% e os outros países somaram 28%. O Sindifrio representa 65% das exportações nacionais de carne. O Brasil abate 33 milhões de carcaças/ano. Com SIF, a média é de 11 milhões de cabeças/ano, 10% destinados ao mercado externo. Desse volume exportado, 55% a 65% vão para a UE. De um boi com média de 17 arrobas (255 kg), apenas 37kg a 38 kg são exportados.

Para Toledo, a indústria já tem seus custos para atender o mercado internacional e, agora, frente às novas exigências, é preciso que a cadeia produtiva entenda a rastreabilidade como um investimento.

Lucro

Segundo o presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, Carlos Viacava, na venda de cotas de carnes sem taxação é possível obter valores “quatro vezes maiores” do que se consegue no mercado interno. Para as exportações taxadas, ele acredita que a indústria possa estar ganhando o triplo.

Embora a indústria alegue que exporta as carnes de primeira por preço melhor, mas perde na venda do restante do boi no mercado interno, na opinião de Viacava o pecuarista é o único que não vê nenhuma fatia da lucratividade.

De acordo com o diretor da FNP Consultoria & Comércio, Vicente Ferraz, o preço médio de exportação de carne até julho ficou em US$ 812/t da carne industrializada e US$ 1.525/t para o produto de primeira, in natura, que vai do filé, vendido para a União Européia, até outros cortes de carne, inclusive de segunda, enviados para Egito, Índia e outros países. Esses números referem-se a preços FOB de exportação, pagos pelos importadores, já deduzidos custos da indústria e transporte.

O diretor da FNP afirma que é difícil usar um único critério de cálculo para chegar a valores de quanto a indústria possa estar ganhando na exportação. No entanto, normalmente a exportação remunera o boi entre US$ 22 e US$ 23 a arroba e paga ao produtor, no momento, menos de US$ 16/arroba. “Com certeza os frigoríficos ganham dinheiro e é por isso que a exportação ganha tanta velocidade, mas há momentos em que o preço está acima dos US$ 20 no mercado interno, aí a margem dos exportadores é menor”.

Fonte: Folha de Londrina/PR (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint

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